março 17, 2012

I´m in love with my car, too

 

Que relação tem com o seu carro? Eu dificilmente passaria sem o meu. Gosto de conduzir, leia-se fora dos centros urbanos, gosto da estrada, da ida, da paisagem natural circundante, que nunca deixo de observar e absorver. Não aprecio o trânsito, os semáforos, os engarrafamentos, as várias vias e a velocidade perigosa de muitas conduções, as grandes marcas, os carros limousine que não conseguiria estacionar rapidamente. Médio e confortável, basta-me um automóvel assim.
É também quando gosto de ouvir música, mas a de que gosto. Posso ouvi-la alto, muito mais alto do que alguma vez em casa - que não faço por variadíssimas razões -  e mais alto do que toleraria música passada por outros e cujo ritmo ou sei lá o quê me incomode para lá do aceitável. Escutar programas de rádio em que os locutores falem muito logo pela manhã, especialmente do trânsito e naqueles concursos que opõem homens a mulheres e outros parecidos, nem pensar. Até porque vozes estridentemente bem dispostas pela manhã é algo que não me cai muito no goto, por notória falta de identificação e espantada inveja.
Mas, na maior parte das vezes, conduzo em silêncio, e estamos a falar das deslocações para o emprego, sem companhia, um silêncio por opção, gosto, necessidade, tudo.  É nesse espaço só meu, físico e interior, que me aparecem muitas ideias, para textos e não só. Não tendo a presunção de serem minimamente boas ou de interesse para os outros, em muitos casos, algumas deixam-me satisfeita, ponho-as em prática, deixo-as levarem-me. Pequeno mundo de criatividade mental, é assim o meu carro. É assim o meu trajeto desde há três anos, feito no meio de um verde tranquilizador que me ajuda a começar o dia, sem estímulos sonoros que perturbem necessidades de arrumação interior, de ordenamento de ideias, de busca de aventuras cá dentro que podem, depois, passar para fora.
O meu carro é bom conselheiro e um excelente amigo. Com ele danço e canto, imagino e sonho. Viajo de várias maneiras e isso é uma grande coisa. Até porque, quando quero ou tenho de, também é ele que me traz para casa. Um companheiro que não me exige palavras, ainda por cima, só me dá ideias e vai ao encontro do meu desejo. Um caso sério de libérrimo amor.

15 comentários:

  1. Estou muito grato ao meu carro, pelas mesmas razões que a Fátima invoca, mas raras vezes o utilizo em Lisboa.
    Desloco-me muito pelo país em trabalho e em lazer, faço milhares de quilómetros por mês.
    De qaulquer modo decidi que a partir de Abril, por uma questão de comodidade, quando me deslocar em trabalho - e sempre que seja possível- vou de comboio até ao meu destino e aí alugo um carro. Espero que o meu não fique enciumado e perceba que o estou a poupar :-)
    Bom fds e bons passeios

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  2. Também eu, adoro o meu carro! As viagens são o "momento do dia"! Ora em silêncio, ora ao som de algumas músicas escolhidas propositadamente para vários estados de espírito, ou até mesmo acompanhada pelas notícias da manhã. Seja como for, acompanha-me sempre sem tecer qualquer tipo de comentário, nem exigir explicação para o percurso que escolhi!
    Beijinhos e bom fim-de-semana.

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  3. :):) Obrigada, Carlos. Como o compreendo não o usar em Lisboa. Quando lá vou fico estafada com aquele trânsito, portanto conduzir lá nem pensar (nem Porto, etc). Já o fiz ms cansa-me:)não estou habituada a grandes cidades. Coisas de viver na província (se bem que na costa, encostadinha ao mar:))
    Beijinho para si

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  4. Um companheiro que não fala = não chateia. Há lá melhor? lol
    E adoro aquele trajetinho que bem conheces, verdinho, inspirador. E o silêncio, na maior parte das vezes.
    Beijocas, linda

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  5. O meu carro também é muito calmo e nada dado a excessos, até porque "bebe" pouco... :)

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  6. Camaradas, também, portanto:)

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  7. O meu carro tem sido o meu companheiro de todas as horas. Ninguém me viu tantas lágrimas como ele. Nunca me falha, é fiel e compreensivo. O meu mais duradouro amor!
    Quanto às viagens, loucuras e aventuras, podem perguntar-lhe que ele não conta! ;)
    Sagi

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  8. Eternal love, Sagi, está visto ;) Beijinhos para os ...dois:):)

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  9. A minha relação amorosa mais recente é com o meu carro! Love my Golf! Deutsche Technologie, é claro! No entanto, a minha biclas ocupará sempre o número 1 no meu coração! Ciclista forever! Desculpa lá tantos clichés! :) Marla

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  10. Não gosto de conduzir...gostei do texto e da reflexão sobre o silêncio! Obrigada por me fazeres refetir sobre estes temas sempre certeiros! Dulce Novo

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  11. Marla, podes clichar à vontade :) E biciclar também! Também gosto de andar de bicicleta, mas como lazer e relax. Para o trabalho, acho que não conseguiria, falta de hábito, talvez. O carro é aquele aconchego:) Beijinhos para a Alemanha!

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  12. Adoro o silêncio a que alegre e voluntariamente me voto:) Obrigada eu, pela visita e simpatia, querida colega.

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  13. I'm back! Também não sou muito adepta da condução e muito menos de vários aspetos que referes no texto (trânsito, filas, conduzir na cidade, ...). Sempre afirmei: Nasci para ser conduzida, não para conduzir. Devo ter sido "royalty" noutra vida! De qualquer forma, um carro é sinónimo de liberdade e isso é de uma importância vital. Marla

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  14. Tanta gente a comentar este texto, que quase desisti de o fazer também... Mas tenho que o fazer, para dizer que este é um texto escorreito, bonito, simples, despretensioso, elegante, de boa fé. Um texto tão amigo como o popó da autora. Dá gosto saborear por inteiro...
    joao de miranda m.

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  15. Marla, eu gosto de conduzir, confesso: A road girl though not a city traffic girl:) Sabes que este título é inspirado na canção dos Queen?

    Ah, obrigada, João:)Simples, mas parece que pegou, como os bons carros:) Eu gosto de "filosofar" mas não pode ser sempre:) Um pouquinho de tudo - menos unhas, make up e sapatos e roupas:):) isso está prometido!

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