novembro 29, 2011

Hoje


Hoje assisti a uma cena terrível, porque dolorosa para quem a viveu.
Hoje soube porque a mesma aconteceu.
Hoje descobri uma novidade que já não o era.
Hoje senti compaixão de uma miúda.
Hoje vim para casa preocupada.
Hoje comprovei que Portugal tem realidades não mais que medievais.
Hoje temi pelo futuro de outros.
Hoje fiquei comovida.
Hoje senti-me sensível.
Hoje mas não sempre.
Porque, assim, outros estarão a sofrer menos.
Hoje foi um dia difícil.
Porque feito de um estranho frio.

Fidelidade



Um filme que é  uma incrível história de amor. De um homem por uma mulher,  e pela verdade, de uma mulher por uma causa, e pela verdade. E nossa, por um continente, e pela verdade por detrás do sofrimento. Para os amantes das viagens geográficas à procura da verdade, para os incondicionais do amor que vive para lá da morte.
O jardineiro, que não o era de profissão, manteve-se fiel. Fiel à esposa e sobretudo à sua memória, fiel à verdade, fiel a si mesmo. E nós mantemo-nos fiéis porque colados ao écrã desejando que a verdade fosse outra.
Um filme que desperta consciências, que nos acorda para questões humanitárias, que nos rompe a alma.
Trágico, belo, emocional, envolvente, tocante.
Quando o vi, senti um apertado nó na garganta. Impossível não sentir alguma dor. De cá de longe, na minha feliz existência de queixumes que não são nada. Triste pela Tess e pelo seu jardineiro, ambos mortos em África, por uma verdade que procuraram. E triste por um continente que se teima em não deixar florescer.
O sufocante cheiro da morte que intoxica as boas intenções de quem quer ainda mudar o mundo.

novembro 25, 2011

Looking back

                        
"Faria tudo igual outra vez?" Há um denominador comum na resposta a esta frequente pergunta. Trata-se de um unânime sim. Assim, sem mais nem menos. Não há cá arrependimentos nem hesitações, ao invés, exibe-se como grande certeza a escolha do caminho certo ou a tomada de decisões acertadas. Segurança absoluta. Não haveria outro percurso, fruto de uma clara opção, claramente.
Não acredito em nada disto, está claro.
Esta afirmação de que tudo o que se fez ou se experimentou ou não se fez e não se experimentou não é ou não foi passível de reflexões à posteriori afigura-se como uma arrogância existencial, como uma ideia errada de domínio sobre a vida e os outros. Pois quantos de nós não acharemos que, pelo contrário, mudaríamos muita coisa? Ou, pelo menos, algo? Quantos de nós acharemos as nossas escolhas e decisões sempre sensatas e justas e adequadas e perfeitas?
Uma amizade que se perdeu porque nunca se esclareceu o que faltava esclarecer, um amor que não se viveu porque não se deu a mínima hipótese, um emprego que não se conservou porque o esforço podia ter sido maior, uma nota que foi baixa porque não se preparou um exame a caminho, um conflito pessoal porque se ouviu quem não se devia ouvir. E tantas coisas que não vingaram por palavras erradas, por palavras desnecessárias, por palavras precipitadas, por palavras más.
E outros tantos atos impulsivos, tresloucados, fora do tempo e do contexto, tontos, irracionais, stressados, apressados, e mais tantos que tais. Argumentar-se-á que as pessoas aprendem com os erros - verdade, embora umas mais do que outras - , que tudo faz parte da grande experiência que é a vida, que é preciso é seguir em frente. Não penso, logicamente, de maneira diferente. É preciso seguir adiante, sim. Mas também quantas vezes magoamos os outros e nos magoamos a nós mesmos neste processo? E quanta dor não foi sentida? Ou quantas aventuras e alegrias foram eternamente adiadas?
Mais vale viver do que não viver de todo. Assino por baixo. Mas quantas coisas ficaram, também, por viver? Quantas coisas por fazer? Quantas coisas por ver, sentir, sonhar? Quantos novos caminhos por trilhar? Porque a maturidade permite-nos olhar para trás e refletir de forma bem mais imparcial, mais desapaixonada. O tempo matou, entretanto, a emoção. E não acredito que não fizéssemos as coisas de maneira diferente, sabendo mais agora. Não se sabia e muitas vezes foram as ações possíveis. Mas como carregadas do ímpeto da juventude ou da ingenuidade da mesma, acredito que a resposta de hoje à pergunta inicial é outra.
Mas é preciso um conjunto de requisitos. Se formos verdadeiros, se formos humildes, se evoluímos, se nos conhecermos, se soubermos refletir, se formos capazes de o admitir. Sem qualquer tipo de saudosismo nem culto de tiradas populares, não, não fariam, se soubessem o que sabem hoje.

novembro 22, 2011

Outros filmes

 

Num tempo em que não havia canais privados, num tempo em que não havia internet, num tempo em que não havia tantos efeitos especiais, num tempo em que eu fui adolescente, num tempo em que havia mais e melhor tempo.
As tardes da RTP (e também muitas noites) eram preenchidas com cinema clássico, maioritariamente de origem norteamericana mas ocasionalmente filmes italianos, franceses, britânicos. Os rostos e os nomes de uma incrível galeria de atores foi-me sendo, pois, altamente familiar, tendo aos 16,17 anos uma cultura cinematográfica relevante. Os meus colegas de liceu impressionavam-se com os meus conhecimentos na área, mas, de facto, era uma muito jovem cinéfila. Comprava livros de cinema e colecionava resumos de filmes, muito interessantes na altura, da revista TV Guia, para além de mini biografias, os quais colava num caderno A4 e que constituía uma espécie de bíblia que confortava a minha avidez pelas fitas. Os nomes dos realizadores também não me passavam, evidentemente, ao lado. E fui contruindo a minha lista de favoritos, ganhando os anos 50 e 60 como as décadas da minha preferência.
Cinema mudo nunca gostei. Anos 30 e 40, pouco, excetuando alguns filmes e figuras que são, naturalmente, geniais. Mas, no geral, achava tudo algo insípido, ou melhor, demasiado clássico. Os anos 50 e a geração de Brando e Dean trouxeram um cinema mais autêntico, mais problemático, mais perto da realidade, porque mais moody e mais psicológico. Era grande fã do Método de Stanislavski que foi ensinado no Actor´s Studio, inclusivamente por Lee Strasberg, e que criou uma geração de atores, a meu ver, assombrosa. Era, no fundo, uma intelectualização do cinema, longe das performances ligeiras e sem traumas das gerações anteriores. Até Marilyn o procurou, como forma de mostrar que era mais do que uma loura tonta. O fabuloso filme The Misfits ("Os Inadaptados") mostrou-a de maneira completamente diferente, indo também repescar um ator da velha guarda, a tal  mais heróica e menos introspetiva - Clark Gable.
A partir daí e até meados dos anos 70, quantos atores fulgurantes me deixaram marca. Mas os realizadores desta época também me marcaram muito com as suas longa-metragens. Elia Kazan, Robert Mulligan, Sydney Pollack, Martin Ritt, Robert Rossen, Joseph L. Mankiewski, Otto Preminger, George Stevens, Vincent Minnelli, só para mencionar alguns americanos e de cujos filmes ainda tenho memória. As suas obras eram, sobretudo, dramas. Histórias mais profundas, estados de espírito mais lunares, personagens menos perfeitas. E, no entanto, que belos filmes fizeram. E como tenho saudades desse absoluto classicismo, que desapareceu quase completamente do grande écrã. De um certo tipo de romance, como em "Esplendor na Relva", "Flor à Beira do Pântano", "Hud, o mais Selvagem entre Mil", "Lilith e o seu Destino", "Bruscamente no Verão Passado".
Ou "Verão de 42". Um filme que evoca uma geração, uma etapa, uma aprendizagem, um despertar. Outro(s) tempo(s).

novembro 20, 2011

Siga (,) de acordo


Tenho que ir avisando. Não sou linguista, historiadora, nem estudiosa de absolutamente coisa nenhuma. Registo aqui meras impressões, que valem o que valem, as tais incursões de que fala o subtítulo do blogue.
Posto isto, penso poder começar.
Ensinar uma língua estrangeira pode (e deve) dar novas perspetivas sobre as coisas. Não olhamos para a língua como algo estanque, apanágio só de alguns - dos falantes nativos, neste caso - , como algo imutável, de raízes históricas e de propriedade exclusiva. Olhamos para ela sob uma perspetiva eminentemente prática.
Assim sendo, temos uma visão de como é aprender a língua pela primeira vez, as dificuldades que pode causar, e também o potencial que significa em termos de comunicação global. Não há nada de mal na comunicação global - a aproximação das pessoas e das culturas é cada vez mais fácil e frequente, devido aos avanços tecnológicos, e isto não é. de longe, negativo. Apesar dos problemas que possam surgir da mistura e da diversidade, os benefícios são sempre e sempre maiores. E isto é ponto assente para mim.
Todos os dias agradeço o facto da língua inglesa não possuir acentos - eu e os meus alunos, que é por causa deles que fico satisfeita com tal caraterística, sendo menos um obstáculo para a sua aprendizagem. Agradeço pela simplicidade da sua gramática, pela abertura em conter vocábulos de tantas diferentes origens, pela descontração que, os native speakers, ao que me parece, encaram a sua língua - ou melhor a língua que já não é só sua. Pois, como todos sabem, tornou-se, por vários fatores, uma língua de caráter universal (negócios, comércio, ciência, tecnologia, pesquisa...).
Onde quero eu chegar, afinal?
Num ponto controverso - o novo acordo ortográfico. Na recusa e repulsa que está a causar entre tanta gente. Numa espécie de guerra que se está a instalar - de um lado os defensores da língua portuguesa, do seu património, visto daqui, da perspetiva do berço da língua - do outro os "paladinos do acordo", os que atraiçoam a sua língua por ousarem concordar ou apenas seguir, o inevitável. Pessoalmente, não quero comprar esta guerra. Não faz parte das minhas inquietações, não perturba os meus valores (que, quero acreditar, são humanistas). E não me considero traidora porque estou a tentar escrever de acordo. Nem nada que se pareça.
Ao princípio, confesso, estive quase contra. Não queria ser incomodada nos meus hábitos com uma reaprendizagem. Disso dei conta aqui, num pequeníssimo post anterior. Como me custou tirar o C do título do blogue. Mas porque o tirei, então? Porque não? A dor inicial, neste caso, baseava-se apenas numa questão estética, porque funcionalmente nada seria afetado. Porque acabei por seguir de acordo? Bem, porque sou prática, porque na minha escola é um dado já adquirido e porque não vejo a língua portuguesa como só minha (porque se visse isto do ponto de vista estritamente pessoal, realmente era uma trabalheira, um esforço de adaptação). Vejo-a como de todos - dos que a falam, aqui, do outro lado do Atlântico, em África e no Oriente, mas também dos que a aprendem. Então, veja-se.
Não será mais fácil, funcional, eficaz para quem aprende português, ter muito menos acentos? Não ter consoantes mudas que, na verdade, não dizem nada? E outros pormenores que visam uma maior simplificação? Penso que sim. Não se está a olhar para o passado, para a história  da língua, mas para o futuro. A aprendizagem da nossa língua será mais facilitada, tanto para as crianças que a aprenderão como para os estrangeiros que a quererão ou necessitarão de aprender. À semelhança do que se passa com o inglês, não me importaria nada que a minha língua fosse muito mais aprendida, e como a simplicidade ajudará nessa aprendizagem.
Pode, nesta altura, argumentar-se que o inglês respeita a diversidade no que diz respeito às suas variantes. Mas, de facto, as diferenças não são grandes, de todo. Elas situam-se essencialmente no vocabulário, algo próprio da distribuição geográfica ( e, está claro, nos sotaques), mas não tanto na grafia. Aqui, são poucas as variações. Quando ensino, tenho em conta a grafia norteamericana de algumas palavras e registo-as. Mas no essencial o inglês é bastante unificador. E assim deverá ser apreciado - como um todo.
Posto isto, conclui-se. Conclui-se que não gosto desta guerra, destes dois lados que se vêem como inimigos e, sobretudo, se me vêem como inimiga da minha própria língua. Não sou, obviamente. Apenas encaro isto tudo com descontração e otimismo para o futuro. Vejo, por defeito de profissão, a língua portuguesa como sendo de todos, de quem a queira aprender. A língua inglesa também é minha, quero pensar. As línguas existem para se poder comunicar, expressar ideias, trocar experiências, não para preservar qualquer tipo de ego nacional. Ter orgulho da própria cultura é fantástico, aprisionar essa cultura de forma possessiva e fechada, não me parece tão positivo.
Sei que é polémico. Sei que nada sei. Sei que isto é apenas uma impressão. Sei ainda pouco sobre o novo acordo. Sei que  não estou em desacordo. Sei que alguns, muitos, não gostarão. Sei que tudo é relativo. Sei que gosto da minha língua. Sei que gosto de escrever, em português. Sei falar inglês. Sei que gosto que o inglês seja simples. Sei que gosto de comunicar. Sei que gosto de ler os outros, com ou sem acordo. Sei que não gosto de guerra. Sei que gosto do meu país, apesar de. Sei que gosto de viajar. Sei que gosto de evoluir. Sei que gosto de história. Sei que vivo no futuro, muitas vezes. (Há lá coisas muito interessantes.)
Siga.

novembro 18, 2011

Aprovado


No outro dia conheci um jovem marroquino numa festa. Muito jovem mesmo, culto, bem vestido, estilo citadino moderno, encontra-se a fazer mestrado na universidade da cidade.
Disse que Gadaffi sempre foi um grande louco, que Bashar Al-Assad é o grande assassino e que a Arábia Saudita, onde já viveu algum tempo, é uma grande ditadura. As mulheres não podem conduzir, dizia indignado. E os EUA apoiam este tipo de regime. E acrescentava depois que o Irão apoia clara e vergonhosamente a Síria e que esta tem passado incólume a uma intervenção estrangeira, ocidental, devido precisamente a isso. Estas e outras ideias indicavam claramente a independência de espírito que tanto aprecio. E da política saltámos para os costumes.
O que me ri, pois. Contava ele que os seus pais, ambos professores, tinham casado em apenas três horas. Que não deram a mínima importância à tradição árabe, a do casamento durar vários dias. Entre gargalhadas, lá foi contando que toda a gente se espantou com (e criticou) tal opção. Família, comunidade local, Marrocos inteiro até. Ridículo, concordávamos. Porque também não sou destas festas, não tenho pachorra e é um desperdício de dinheiro. De quem não o tem inclusivamente. Nesta altura, um paquistanês anuía. Gastam tudo o que têm para impressionar os outros, disse, como se aquele dia fosse o último, o culminar de um percurso que termina ali. Ridiculous, again.
E lá recordei, em total sintonia de ideias, um casamento a que assisti na Tunísia. Quatro dias, melhor, quatro noites de festança. E era da parte do noivo, pois ao que parece na casa e no caso da noiva chega a ser uma semana. Cada luar trazia uma cerimónia diferente, um ritual diverso, um apontamento novo. Convidados que nunca mais acabam, porque vem toda a vizinhança, para além da família, e até podem juntar-se transeuntes ou conterrâneos. Costumes muito diferentes dos dos casamentos aqui. Não passa nada pela mesquita, ou pela religião, por exemplo, o que à partida pode surpreender. Ou não. Nem pela gastronomia, de todo. Muita música e dança, sobretudo. Aos primeiros acordes, toda a gente se levanta. Mulheres e homens dançam separadamente, mas com muita alegria. Deveras interessante do ponto de vista intercultural, antropológico, mas uma maratona de cansaço para a família e para o noivo e poupanças que se vão, especialmente com a despesa da última noite, que é a mais apoteótica. E para quem não tem paciência para casórios e dançarias, como eu, há infinitamente melhores programas.
O que tenho eu a ver com o que se gasta? Nada, claro. Mas não pude deixar de pensar que o que vem depois é bem mais importante. Como diziam os meus convivas, em vez de investirem na casa ou até numa pequena viagem dão uma mega festarola para inglês ver. Perdão, árabe. Ou até português, como foi o caso. Mas não se veja aqui qualquer tipo de crítica de cariz étnicocultural, isso não. Não me identifico com este tipo de mentalidade, venha ela donde vier. A ostentação irrita-me um bom bocado. O orgulho, o brio, a originalidade, não, são positivos, mas o show off sem base de sustentação, nomeadamente financeira, não o compreendo. Prioridades das quais não comungo. Ainda por cima se ditas pela tradição. Cruzes.
Mas, cá ou lá, nem todos são iguais. Ainda há quem não dê maiores passos que as pernas. Quem distinga o essencial, quem pense fora de esquemas de pensamento organizados, quem não ligue a tradições, quem decida por si próprio, quem não se endivide tolamente, quem saiba impressionar-se apenas a si mesmo. Omar, estás, evidentemente, aprovado.

novembro 17, 2011

RETROperSPETIVA

Não sou grande fã de objetos retro (a não ser que sejam pop art) e detesto antiguidades. Para falar a verdade, estas deprimem-me. As feiras de velharias que proliferam por aí, e que acho muito bem que se façam, não são poiso para mim. A falta de brilho, as coisas velhas, a quinquilharia decadente, a inutilidade de grande parte delas, as coleções que não me dizem nada - moedas, postais, mais moedas, selos, moedas e mais selos, um pavor. Para mim, leia-se.
Não gosto de decorações antigas, sobretudo se tiver que me mover entre elas por algum tempo. Uma coisa é um luxuoso hotel decorado ao estilo século XIX, outra é ter em casa escrivaninhas do século XVII, uma cama do século XV e ainda um baú da época medieval. Credo. E quadros antigos? Daqueles que não são Van Goghs nem Klimts nem nada de geniais telas? Não gosto, não gosto. Prefiro o décor moderno, amplo, espaçoso, estilo lounge. Casas empilhadas de tralhas velhas põem-me, a bem dizer, doente.
Mais. Termas à antiga, fugir. Spas século XXI, sim, ir.
Parques com bancos antigos revestidos a antigos azulejos agora partidos convidam-me a ir para outro local. Fugir.
E bares vintage, que estão tão na moda? Fugir ou ir?
Bem, cafés vintage podem ser altamente estimulantes, mas tudo dependerá do grau de conservação e manutenção do espaço. Ou seja pode ter elementos decorativos de décadas ou séculos passados mas há que haver ali uma estética, um estilo que convide ao conforto, ao bem estar. Sem isso, nada feito. O Mercado Negro é um bar muito apreciado por uma certa élite universitária e não só e, porém, não gosto (certamente que o bar também não gosta de mim, não estou, pois, a fazer ninguém sofrer). Entro lá e só a visão daquela cozinha antiga, em estilo quase degradado, transformada em bar, gosh. Não gosto muito de cozinhas e muito mas muito menos de cozinhas antigas. (Nem de cebolas penduradas do teto - leia-se tecto - nem de alhos nem de chouriços nem nada parecido a pender.) Nossa senhora.
E feiras com roupa em segunda mão? Depende. Uma vez em Londres comprei umas camisolas numa dessas feiras. Vesti-as com um gosto tal, achei que era mesmo muito in, muito cool, muito londrino. Mas por cá confesso que não pratico, não sei. Será porque não há uma Candem Town por aqui perto? Deve ser.
Não sou, portanto, apreciadora de coisas usadas e de mobilário e bibelots que já tiveram o seu tempo.
Contudo, CONTUDO, adoro filmes de época. Estranho, não? Pus-me a pensar em mais esta grande incongruência minha. E talvez possa dizer-vos que é por me permitirem fazer uma viagem. Sempre gostei da ideia da máquina do tempo, que me pudesse transpor facilmente para uma qualquer época passada à minha escolha. E porque me permitem sair da realidade urbana, do frenético ritmo da sociedade atual. Viajo e ausento-me, vou para outros lados, conheço outros tempos e vivo outras histórias. E já agora viva o cinema de época e os filmes do passado. Dos quais gosto, claro, cresci a ver clássicos, inclusivamente a preto e branco. (Ah, gosto de fotografias antigas, de as ver. Mas não de as ter espalhadas pela casa, como já era de calcular.)
Viagens ocasionais ao passado, vistas no grande écrã, sim. Décor antigo, sem laivos de modernidade ou exotismo, sem espaço e sem design ... não. Ele há coisas.


novembro 15, 2011

O Marginal

Matt Dillon

Está mais velho e não gostei de o ver ao lado de Cameron Diaz (de quem não gosto, não consigo) naquela comédia em que também entra o Ben Stiller. Mas  já gostei muito de o ver em Crash, porque, no papel de um racista que vem a redimir-se, não deixou de passar uma estranha mas poderosa aura sensível.

Na sua juventude, os papéis que fez para Francis Ford Coppola marcaram uma geração. De ar e atitude rebelde, beleza sem fim, uma fina sensibilidade, eletrizou o écrã, num registo de mau rapaz com coração bom. Rumble Fish é inesquecível. O seu Rusty James, de fita na cabeça e mangas à cava, lembrava a geração de Brando e de James Dean nos anos 50 do século passado, em recortes de afirmação de uma juventude inquieta.

Discreto na vida pessoal, e provavelmente subaproveitado nos últimos tempos, possui, na sétima arte, uma icónica galeria de fotos que expressam um look, um estilo, uma identidade. Polegar para cima, definitivamente.

novembro 12, 2011

Histórias da meninice


A minha professora da escola primária era a D. Maria Augusta. Uma mulher alta e de constituição forte, austera na forma de vestir e na reputação que construiu. Muitos miúdos temiam-na e um chegou mesmo a confidenciar-me, muitos anos mais tarde, que tinha odiado a escola e que nunca mais quisera estudar.
Tinha dois filhos, uma menina, mais velha, e um menino meiguinho de ar adoentado, grandes olheiras e um sobretudo no inverno, que se chamava Zézinho. A professora morava num bairro chique da cidade, mas sei que rumou a sul,  algum tempo depois da tragédia. Nunca mais soube dela.
Relembro-a incontáveis vezes, faz parte do meu ideário de menina, num tempo em que fui feliz na pequena escola de uma área que também eu deixei para trás. Severa, sem dúvida, fama de exigente, e igual proveito. Mas era uma figura que eu admirava, que me ensinou e preparou muito bem, que me cativava para a aprendizagem, que me estimulava quando me destacava. "É sempre a nossa desenhista", disse, enquanto sorria e afixava um desenho meu no placard, e enquanto eu exultava, contente, com a pequena vitória no pequeno concurso de artes.
Quando estive doente com uma infeção intestinal, e no tempo que o médico ia a casa, foi visitar-me. Alegrou-me a sua visita - na verdade, reverenciava-a, fruto também de um enorme respeito que havia, naquela altura, para com os professores. Era comum dar-se presentes (hábito que quero absolutamente preservar com a educadora do meu pequeno). Numa ocasião, compramo-lhes  um exótico elefante numa feira de artesanato, que lhe fomos depois levar a casa. Não me lembro dos outros.
Um dia, veio a notícia triste. O Zézinho falecera.  Fiquei muito preocupada durante semanas. No nosso livro de Português, lá mais para a frente, havia uma lição com um menino chamado Zézinho. Como evitar que a professora Maria Augusta passasse por tamanha dor? A de repetir e relembrar o seu pequenito desaparecido precocemente? Andei a magicar naquilo. Disse, então, aos meus colegas para colarmos todos as folhas para que aquelas duas páginas desaparecessem miraculosamente - assim, aquando da altura da lição diríamos à senhora professora que não tínhamos nada disso no nosso manual. A ideia, tonta de inocência, não foi adiante. Mas lembro-me perfeitamente da minha angústia e depois do dia em que chegou a lição e da professora dizer - como compreendem não a vamos dar. E de como, de maneira simples, ultrapassou aquela página.
A minha escola primária permanece, ainda hoje, como uma feliz memória de tempos maravilhosos untados a frescura e deslumbre. Do gosto por aprender às brincadeiras do recreio, da excelente aluna que era à dor da professora vestida de preto até ao fim da escolaridade, dos dias de festa assinalados por almoços e cartõezinhos especiais às caminhadas traquinas em grupo até à escola.
Que doce recordação, apesar de tudo, a dos meus dias de escola terem sido assim.

Open mind


É a cultura sinónimo de abertura? Afigura-se-me que não.
Amiúde se poderá observar que ser-se culto, mesmo cultíssimo, não é necessariamente sinónimo de ser-se aberto ou adaptável. E, todavia, é a capacidade de adaptação uma das grandes virtudes do nosso tempo. 
Há por aí e além inúmeros indivíduos possuidores de grande cultura - por formação, por educação, por interesse, por investimento. Mas mostram-se, também, frequentemente intransigentes nas suas ideias, pouco tolerantes perante o que escapa à sua seletiva escolha. Mostrar-se herméticos e guardadores intocáveis das suas preferências e paixões é, de resto, parte da sua curiosa persona. E, assim, excluem outras formas de pensamento do seu aval, menosprezando-as e rotulando-as, não raras vezes.
A fidelidade à nossa identidade, pessoal e cultural, é positiva, naturalmente. Também penso que é necessário e saudável que se selecione. A multiplicidade e quantidade baralham, confundem, atrapalham, na sua generalidade. Mas, contudo, também podem enriquecer. A diversidade acabará por ser, quase sempre, profundamente enriquecedora. E o que é fundamental aqui é que a abertura possibilita uma permeabilidade sensível ao outro, e quão fundamental é conseguir estar na pele do outro, ainda que por breves instantes. Ver as coisas sob uma perspetiva que nós não possuíamos, que nós teimávamos em não reconhecer.
Vai daí que caraterísticas como a adaptabilidade e a tolerância sejam cruciais para a construção de algo novo ou para a reconversão de algo mais datado na linha do tempo. Se os afetos reclamam escolhas em exclusivo, o universo da ideias alimenta-se dos muitos outros. Só através deles poderemos reforçar as nossas aprendizagens. E só assim nos renovaremos e sobreviveremos às mudanças trazidas pela cadência da evolução humana.
A cultura pode e deve servir essa evolução. E o culto, mais do que os outros, não deve senão estar na linha da frente.

novembro 11, 2011

Mãe ( e pai) coragem

Recentemente li uma crónica da Margarida Rebelo Pinto no Sol. Foi a melhor que li dela até hoje, por claramente ir para algum lado. Escreveu sobre o filho e sobre o que significa ser mãe. Revi-me, de muitas formas, no tom terno em que, de certa forma, faz o elogio da maternidade.
Trata-se de, basicamente, ver o mundo pela segunda vez. E tal facto não pode deixar senão de trazer uma grande alegria - pois não é maravilhoso descobrir a vida uma outra vez? As cores e os animais, as histórias e as emoções, as gargalhadas e as travessuras. A desconcertante inocência de um primeiro vislumbre das coisas. É-se feliz por redescobrirmos pequenos prazeres, por realizarmos pequenas tarefas, por darmos pequenos passeios. Tudo volta a ganhar sentido, mais sentido, visto através de uns olhos que, não sendo os nossos, precisam do nosso olhar para entenderem a sua pequena existência.
Conduzir um filho pelas ruas do crescimento é desafiante, frequentemente exigente, mesmo extenuante. Mas não há certamente maior compensação do que ver uma criança feliz com as pequenas descobertas que faz ao ritmo do seu pequeno tempo. Não há satisfação maior e maior benção do que vê-la crescer. E ver que, de facto, é um prolongamento de nós mesmos, apesar de possuir, natural e obrigatoriamente, uma identidade própria. Prolonga-se o nosso sucesso, prolonga-se as nossas expetativas, prolonga-se o nosso orgulho. E não é mau, é bom, se sentido e gerido de forma equilibrada e saudável. Não há nada de errado no orgulho que se tem de um filho. Pois o certo é que assim seja.
Ter um filho é não ter mais uma casa quieta. É a deliciosa confusão, os brinquedos espalhados pelo chão, as reprimendas por vezes em tons mais elevados, as traquinices que sujam os tapetes, o está quieto insistente, o não ver outro canal que não o jim jam, a loucura das pequenas desobediências, os risos sinceros e contagiantes, as palavrinhas que inventam, a casa cheia. Sem eles, a casa está, simplesmente, vazia. E, sem eles, nós nunca mais estamos completos.
Vê-los, depois de algum tempo no local de trabalho, ou sem contar, é reforçar os valores da serotonina, é encher o coração, é o brotar de uma emoção talhada a sorrisos e bem estar, de uma força interior mesclada de ternura e plenitude. Outras coisas parecem insignificantes ou, pelo menos, secundárias. Eles são a nossa grande obra, como dizia uma amiga, a nossa tese de um curso intensivo de incondicional amor. São eles que nos injetam de doce coragem. Quem não tem, não sente a falta, dizia outra amiga. Mas quem tem, sabe o que eles nos fazem falta.
Porque, com eles, nunca mais estamos sozinhos.

novembro 09, 2011

Geocentricidades


Um aluno meu mostrava a sua tristeza porque um americano no chat dizia que Portugal estava muito abaixo dos EUA. E estava ainda mais dececionado porque, dizia, os americanos não sabem onde fica Portugal. Pensam que é uma província espanhola, rematou.
Sorri.
Disse-lhe que há cerca de 10 anos uma conhecida, licenciada em, digo não digo, vá lá, História, não sabia onde era a Tunísia. Ele ficou a pensar e perguntou-me se ficava ao pé do Egito. (Sim, custa tirar o p, aqui.)
Acrescentei que os países de pequena dimensão ou pouco impacto tecnológico ou mediático são esquecidos relativamente à sua geografia (e a tudo o resto, consequentemente). Saberão todos onde fica a Roménia? Ou o Nepal? E tantos outros? Sabem os países vizinhos, basicamente. É que acabamos todos por ser muito geocêntricos. Se nos diz respeito, se faz parte da nossa esfera, ou das nossas imediações, conhecemos. Se não, não.
Claro que gostaria que os americanos, quase lendários no desconhecimento da geografia fora das américas, e não só, soubessem identificar o meu país. Mas há muitas histórias paralelas que ilustram o desconhecimento ou o desinteresse por estas questões culturais e espaciais. Uma amiga que está na Alemanha dizia-me que uns amigos a convidaram a ir à barraquinha de Marrocos numa feira cultural. Ela respondeu que era a barraquinha da Tunísia  e eles disseram que era a mesma coisa.
Marrocos e Tunísia não são, pois está claro, a mesma coisa, assim como Portugal e Espanha não são a mesma coisa, por muitas semelhanças linguísticas e geográficas que possam ter. Mas isto dirá muito da importância dos países em termos de impacto cultural, decorrente, sem margem para dúvida, do seu poderio políticoeconómico. Já para não falar das  geo atrocidades que são cometidas pelos estudantes.
Assim sendo, lembrei-me agora de um aluno na disciplina de História que localizou, num teste, a Grécia na África do Sul. Colocar a nação helénica em baixo foi de uma capacidade de previsão invulgar para um puto de 14 anos, uma verdadeira premonição da tragédia grega, pondo-a, no fundo,  a atravessar  o Cabo das Tormentas.
E, claro, certamente que terá sido um não pequeno tormento para a professora.

Incomum amor


Um conhecido meu uma vez disse que a Sade era a mulher mais bonita do mundo. De facto, possui uma beleza morena e exótica que me levará a concordar.
Mas ela é ainda mais icónica por causa daquela voz suave, melodiosa e envolvente e da música que faz, também ela suave, melodiosa e envolvente.
Mergulha-se, assim, num mundo de elegantes sensações serenas e sensuais.
Uma espécie de romantic chic para quem gosta de flirtar o amor.
Absolutamente incomum.

novembro 07, 2011

(N) A verdade

   

Haverá certamente em mim o gosto pela verdade, tantas vezes ela é mencionada aqui e tantas vezes tem feito parte das minhas obsessões. Porém, e dei comigo a pensar nisto mais do que uma vez, não sou nem de longe uma defensora da verdade em todas as circunstâncias.
Pois não, para dizer a verdade.
E continuando a detestar a mentira e a dissimulação.

Defendo-a como base para as relações autênticas, como uma ética de conduta, como essencial para a construção positiva e honesta de algo. Mas não sou apologista do seu uso a todo o custo, em qualquer altura, em qualquer lugar, com qualquer pessoa.
Há verdades que são desnecessárias, há verdades que são cruéis, há verdades que  são impulsivas, há verdades que devem, simplesmente, ficar guardadas. E algumas até se desvanecerão...na memória de um tempo que foi.
Devemos ter contenção na nossa franqueza. Nem sempre o conseguimos, por fatores psicológicos e circunstanciais, mas não devemos fazer o culto da verdade a qualquer preço. Se apenas magoa e destrói, então há que pensar antes. Há que pensar no recetor e no momento, no lugar e na situação e tudo isto ao mesmo tempo. Tem que haver inteligência emocional. Esta sim, deve ser cultivada. E a partir dela a verdade será mais construtiva, mais oportuna ou mais apreciada. 
Há também o caso em que se apregoa verdades mas em que não se confronta a maior verdade de todas - aquela que está, bem profunda, dentro de nós. E não podemos ser verdadeiros perante os outros e a vida se não o formos para nós mesmos.
A verdade clarifica, enaltece, constrói. Mas a verdade também faz doer, separa e destrói. Está nas nossas mãos, na maior parte das vezes, escolher o lado que queremos fazer nascer. E, para isso, há que medir bem a dimensão da verdade e onde e quando a expressamos. Temos que ser inteligentes também na alma. Essa é que é a verdade.

novembro 05, 2011

Cansada de Guerra


Sempre gostei muito do título Tereza Batista Cansada de Guerra, de um dos meus preferidos de sempre, Jorge Amado. Vem-me inúmeras vezes à memória, em alturas em que sinto um maior desalento ou menos paciência.
Quando me preparava para escrever sobre algo relacionado, resolvi, como sempre, procurar uma foto adequada no google. Teclei a palavra cansada e eis que, automaticamente, surgiram infinitas fotos de infinitos textos de infinitos blogues de infinitas mulheres em infinitos desabafos.
Desisti de escrever. Não diria nada de novo.
De qualquer forma, senti-me compreendida, não estou sozinha.
Mas não senti nenhuma espécie de felicidade acrescida, pelo contrário. São, pois,  as mulheres quem mais sentem este estado indesejável, limitativo, dilacerante?
Pois, de facto, longos são os seus dias. E infinitas as tarefas e os papéis que as (e se) obrigam a desempenhar.
Ritmos que lhes  impõem, faturas que lhes cobram, reputações que lhes colam. E batalhas que, tolamente ou não, decidem elas próprias travar.
Cansadas, não conseguem por fim à guerra. Prisioneiras das exigências, campeãs da fadiga.


E, no meio disto, ainda se lhes diz para serem belas.
E algumas, espantosamente ou não, ainda o conseguem ser.

novembro 03, 2011

A friend to all is a friend to none


A M. é amiga de toda a gente.
Almoça com muitos colegas, com qualquer colega, convida novos e velhos colegas todos os dias.
Diz coisas sem parar, fala e fala, socializa muito.
É simpática, sorri e parece que está sempre de bem com tudo.
Não tem problemas, pergunta pelas novidades e sabe sempre as notícias.
É popular e controlada.
Gosta de todos.

A frase de Aristóteles aplica-se extraordinariamente bem a este caso, porventura não único. Certamente não único. Esta multiplicidade é irritantemente impossível e reflete uma total ausência de paixão. A M. não se dedica a uma pessoa ou outra um pouco mais, não conforta nem ouve, sobretudo não sente. É alguém que se carateriza por uma fina frieza, por uma estranha aparência de cumplicidade, por um laço afetivo que é um total logro.
Porque os afetos significam também exclusividade, e significam sentir e sofrer com os outros,  partilhar.
A amizade é essa partilha, agora estou bem agora estou mal, e tu também. Não deve ser obsessiva - daí a sua grande diferença em relação ao amor - , não deve cobrar, não deve limitar, deve ser livre, espontânea, honesta. Deve ser baseada na verdade. Todos os sentimentos, alegrias e dores são entendidos na verdadeira amizade. E essa base de que falava não se alicerça no número e na quantidade e numa esquisita e desapaixonada forma de gostar igual para todos.

A M. é amiga de todos e não é amiga de ninguém.

Poderá haver um lado M, em todos nós, quando falamos da maior parte das relações de trabalho, essencialmente. Mas haverá certamente o outro, o mais exclusivo, o mais seletivo, o mais verdadeiro, o que funciona movido a paixão. E, desta forma, identificaremo-nos apenas com alguns colegas - ao almoço ou para além dele. Seremos, então, amigos apenas de alguns.  E já estamos cheios de sorte.





novembro 01, 2011

O discurso do general



What we do in life ... echoes in eternity.

My name is Maximus Decimus Meridius commander of the Armies of the North, General of the Felix Legions, loyal servant to the true emperor: Marcus Aurelius.

Father to a murdered son, husband to a murdered wife. And I will have my vengeance, in this life or the next.

Strength and honor.

Are you in danger of becoming a good man?

I think you have a talent for survival.

At my signal, unleash hell.

Whatever comes out of these gates, we've got a better chance of survival if we work together.

I knew a man once who said, "Death smiles at us all. All a man can do is smile back."


Violentas, másculas, não suaves, não doces. E, no entanto, são palavras que não se esquecem, em diálogos de exceção, que se sabem de cor.

Não é uma história para mulheres e, no entanto, há as que a apreciaram, que a viram mais do que uma vez e que não deixam de relembrar.
Não é uma personagem de família vulgar e, no entanto, está carregada de sensibilidade e ternura. 

Filme dominado por homens e dirigido potencial e primeiramente aos homens e, no entanto, sempre lhe encontrei muita beleza. Que passa, realmente, pelas palavras. A voz de Russel Crowe, sem dúvida, ajudou a perpétuá-las no tempo, numa espécie de culto filosófico do seu discurso.

Mundo masculino, duro e até bruto, e, no entanto, estou entre os muitos fãs. Porque brutalmente inspirador. Quem, afinal, não admira a força e a honra?