Bem, essa inicial impressão também se alicerçava no tipo de alunos a quem lecionava por altura da criação do meu FB. Se eram mal-educados na aula, impensável aceitá-los no meu espaço fora dela. E não cedi a alguns pedidos, é verdade. Em todo o caso, passado um ano, a massa dos meus alunos mudou radicalmente. Mais maduros, muitos deles, e muito mais educados praticamente todos. Daí que seria porventura considerada altivez relacionar-me tão bem com eles em sala de aula e recusar-lhes um pedido de amizade não cem por cento virtual. Não tenho tido problemas, são todos muito respeitosos e interagem pouco comigo, por várias razões, lógicas e compreensíveis. Um ou outro acompanham-me muito e gosto.
Mas andei aqui às voltas para chegar ao objetivo final, que é o de abordar um certo tipo de linguagem usada por docentes no Facebook. Brincar é bom, ser engraçado também, simpático e acessível idem aspas, mas penso que há cuidados a ter no uso de certas palavras ou expressões num espaço que afinal não é nada privado, e onde de certa forma continuam a sentir-se as responsabilidades profissionais de cada um. Não por qualquer conservadorismo mas por perigo de descredibilização. É salutar que haja um bom senão excelente relacionamento entre alunos e professores e muitas vezes ou quase sempre ele consegue-se pelos afetos e não pela rigidez. Isso na aula colhe evidentes frutos e os tempos do estrado acabaram. Mas há linguagem que se deve evitar se se quer que os professores sejam olhados com respeito (o respeito que vai faltando em tantas áreas) e com dignidade. São palavras que nem são ofensivas, de todo, mas que podem ser interpretadas como imaturidade, falta de elegância ou algo mais por parte de quem vê, inclusivamente os pais. Os pais não terão acesso ao FB dos filhos tão facilmente, muitos deles são maiores até, mas a questão é que quem é professor tem, e isto é uma mera opinião, de manter um certo nível de linguagem, de acordo com o papel que desempenha na escola e com os seus intervenientes. Não sei se as coisas demasiado familiares dão um ar profissional, é isso. Os afetos e o bom humor são desejáveis e positivos, mas o profissionalismo também. Numa era em que a sociedade tanto exige dos docentes, usando tudo para os descredibilizar, muitas vezes, é altura destes pensarem que não podem contribuir para tal situação com posturas sociais que a podem agravar. O FB é uma casa com muitas frentes. Convém dar-lhes atenção, uma dessas frentes é a escola. Evitem-se erosões que podem estragar muito do que foi construído. A (boa) educação assim o exige.