fevereiro 10, 2012

Sensibilidade e bom senso

Associar Portugal ao declínio ou mesmo vaticiná-lo a curto prazo não terá caido no goto dos portugueses, isto porque quem o disse é alemão. Lá teve o presidente do parlamento europeu  que se justificar, twitando, de forma a que não recaia sobre ele uma espécie de fatwa ao melhor estilo de indignação radical.
De que nos queixamos, afinal? É que vozes a preverem um futuro negro para o país não têm faltado também por cá, não interessando para o caso se são justificadas e sensatas ou não. Analistas, economistas, políticos, teóricos, peritos e leigos, quantos não ditam o fim da nação, em campos variados que vão desde a língua portuguesa até à finança? Porque nos espantamos, e mais, repudiamos tal expressão?
Bem, a verdade é que nós podemos dizer mal da nossa família (e já vamos com sorte, há quem seja absolutamente familiodependente) mas não nos podem dizer mal dela. Assim tipo irmandade siciliana e até islâmica, unimo-nos logo para o contra ataque. Ah, pois. Ninguém brinca com o nosso nome e muito menos com a nossa raça. Podemos dizer mal da Grécia, satirizar o seu presente, agoirar o seu futuro, mas se fizerem o mesmo connosco é que não. Por outro lado, os gregos também não iriam achar piada às nossas graçolas ou tiradas de relativo gosto político. E sobretudo se for alguém importante a fazê-lo, alguém com responsabilidades, alguém cujo cargo o impede de falar verdade ainda que seja a mentir.
Não me ponho de fora, de todo. Não gosto nada que me digam mal de Portugal, eu que adoro este clima, vá mais lá para o verão é verdade, esta geografia, ai o sul, a costa, a serra, estes brandos costumes, esta vida, ainda assim, tranquila, tudo. Não fiquem dúvidas de que gosto de Portugal e mais que muito. Portanto reagirei mal, sobretudo se estiver no estrangeiro. Falarem mal de Portugal lá fora é muito pior do que cá dentro. Ângulos, espantoso como podem ser sensíveis.
Em jeito de conclusão, e serve para todos nós, mandaria o bom senso que se visse uma crítica exterior da mesma forma que se encara uma interior. Mas não é o que na maior parte das vezes realmente acontece. Piegas ou não, são as tais sensibilidades.

5 comentários:

  1. Nem mais!
    Aplaudo o texto com ambas a mãos.
    :)

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  2. É uma coisa, não é? :) Geocentrismos!:)

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  3. Tal como tu, adoro Portugal e reajo muito mal às críticas do estrangeiro...é mesmo estranho isto! Não é dificuldade em ver e reconhecer muitas das coisas que sei que estão mal, mas quando vem de fora, dói! :))) Está muito certeiro o teu texto!
    Gi

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  4. Acutilante, como sempre! Parabéns! Dulce Novo

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  5. :) Gosto de facto deste país desiquilibrado:) mas, na verdade, esta e outras críticas passaram-me ao lado. Eu estava a ser um bocadinho irónica...:) Doí sim se for ofensivo e falso, ou dito num tom jocoso, de resto não.** Bom senso ou insensibilidade? :)

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