janeiro 22, 2014

Ascensão e queda


Hoje ao almoço falávamos da reportagem ontem exibida acerca do ex-futebolista Jorge Cadete. Pessoalmente, e apesar de saber que vários jogadores de futebol aclamados nos relvados mais tarde passam dificuldades, à semelhança de muitos artistas de teatro e televisão, por exemplo, pessoalmente, digo, chocou-me sabê-lo assim.
Aceitemos que "estoirou tudo", porque é possível. Mas ainda assim isso não me deixa propriamente contente. Sabemos que grandes fortunas, conseguidas em várias esferas, muitas vezes são perdidas por más gestões, apostas erradas e uma tremenda falta de sorte. Ou tudo em simultâneo. Acontece que ver alguém que já foi aplaudido por multidões em evidente sofrimento, tal como ver alguém em idêntico sofrimento que já pisou os palcos com êxito, não é algo que me seja agradável. Mesmo se a pessoa em causa cometeu erros. Tantos outros cometem tantos outros e vão-se safando, protegidos por alguma sorte ou por bons amigos, ou ambos.
Mas aquilo que mais me impressionou foi ver que a par da desgraça financeira se juntou o infortúnio familiar e afetivo. Ou seja, o ex-jogador não tem neste momento um pilar de apoio que poderia ser uma companheira e/ou possivelmente filhos (tem uma filha adulta, com a qual não tem relação). Sintomático é os amores correrem bem quando se está na mó de cima e o dinheiro rola e correrem mal quando se está quase literalmente na fossa. Estranhos são os desígnios de certos amores. Ou estranhos são os caminhos da sorte que foge a uns enquanto ampara outros. Estranhos são ainda os fenómenos de ascensão e queda, independentemente das razões, a que também ninguém estará completamente imune. 

10 comentários:

  1. Nao sei se é o caso, mas quando se tem um mundo a seus pés, é importante saber em que outro mundo está a cabeça.
    abraço

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    1. Concordo, embora também não saiba se é o caso. Em todo o caso, há casos em que o acaso é mesmo mauzinho. Investimentos que correm mal...

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  2. Embora pouco se fale disso e se prefira apontar o foco noutras direcções, os divórcios são a causa de muitos, mas mesmo muitos, casos de insolvência pessoal. No caso do ex-futebolista, para ajudar à festa, foram logo dois...Não há conta bancária ou património que resista. A isso e a mais uns quantos "azares"...

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    1. Sim, também me pareceu que os (dois) divórcios foram mais uma das frentes do desastre. Strange love. :)

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  3. Vi e também fiquei chocado. Não exactamente pelo volte-face da sua vida, infelizmente há tantos casos idênticos, mas pelo facto de dar a cara em horário nobre. Não sei se ele ganhou algo com isso, mas sei, ou calculo, quanto o canal que fez a reportagem ganhou: audiências. :(

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    1. Isso também, Paulo. É preciso estar-se muito desesperado para aparecer assim, quando se apareceu antes em grande. Espero que ele ganhe algo com isto, quanto mais não seja uma oportunidade de voltar a ser mais feliz.

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  4. Não vi a reportagem. A mim, e vale o que vale, pois não é mais do que a minha opinião, chocam-me todos os sofrimentos e todas as carências, independentemente do que já se foi. É claro que o facto das pessoas terem algum sucesso televisivo, deixa-nos sempre com a crença de que certamente terão uma vida de glória. Nem sempre assim é. A vida é muito mais do que a esfera financeira, e do que um reconhecimento público na flor da idade. Está mais do que visto...

    Um beijinho Fátima.

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    1. Penso exatamente como tu, Carla. Não sinto nenhuma alegria ou sentimento de justiça ( do género é bem feita ou outros) perante sofrimentos destes ou outros. Bom fim de semana e beijinho retribuído.

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  5. Como se costuma dizer, quanto mais se sobe maior poderá ser a queda. É complicado planear uma nova carreira ou uma fonte de sustento, quando se tem uma carreira tão curta. O facto de os jogadores de futebol investirem pouco nos estudos, também não ajuda. Só posso lamentar que estas antigas glórias do futebol estejam a viver dias difíceis, mas antigamente os salários não eram assim tão bons e depois não há lugar para todos no mundo do futebol, como treinador, etc. Alguns têm feito maus investimentos por desconhecimento nesta área e por influência de pessoas de má índole. E como dizes, alguns têm muito azar e não merecem nada disto e outros até têm muita sorte, pois são amparados clubes, como foi o caso do Eusébio ou até do João Pinto, que apesar de um mau negócio onde perdeu imenso dinheiro e um divórcio de custos bem elevados, tem conhecimentos para se manter no mundo do futebol e não ter problemas financeiros. Marla

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    1. Resumindo o post, não desejo a miséria para ninguém, mesmo para quem já teve muito ou demais. Era bom era que todos dela saíssem.

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