agosto 21, 2013

Livros caros e caros livros


Este ano estreio-me na compra dos livros escolares com o pequeno. Como ainda se trata de um nível elementar - iniciante, na verdade - são apenas 3 os manuais a adquirir. Estão encomendados e vai ser uma alegria quando chegarem. Porque era sempre uma alegria para mim a chegada dos manuais escolares, tanto que os guardo praticamente todos, sobretudo os da escola primária. E pretendo transmitir essa alegria quando o pequeno os vir e folhear. Vem isto a propósito da aquisição dos manuais escolares no início de cada ano letivo. Entre eles e outro material necessário, as somas costumam ser um forte encargo para as famílias, sobretudo para quem tem mais de um filho. O negócio das editoras é uma realidade, são muitos os manuais que são caros, sobretudo nos anos em que são precisos vários, e a crise que afeta o seio de muitas famílias vem complicar a aquisição dos mesmos. Há neste momento escolas que recorrem ao sistema de empréstimo e sempre se podem emprestar/passar entre familiares e amigos. Contudo, há duas questões que me parecem pertinentes de abordar.  A primeira é a de que a crise não pode justificar todo o desinvestimento que se faz em relação à escola e à aprendizagem. Ou seja, não me convencem os argumentos de que os livros são caros e portanto não se compram, quando em casa ou na família existem vários televisores, computadores, telemóveis topo de gama, playstations e os outros gadgets todos de última geração. E tantas outras coisas a que os miúdos têm acesso e que são supérfluas. Continuo a insistir na questão das prioridades. Não me esqueço de um aluno, por exemplo, que não tinha manual mas que apareceu com um tablet na aula - coisa que não possuo nem sinto falta. Ou de outros, maiores de idade, que não tinham nem têm manual mas vinham e vêm de carro próprio para a escola. Muitas vezes usa-se a crise para descartar as responsabilidades escolares e com isso não posso compactuar. Por outro lado, havendo dificuldades ou não, não se deve passar aos miúdos um certo  desagrado com a compra dos manuais, como se de um fardo se tratasse, retirando o prazer que deve constituir a chegada ou compra dos livros escolares. Deve-se incutir o gosto pelos manuais - e pela escola - desde cedo, pelos livros, pela aprendizagem e descoberta que podem representar e representam. Desconheço se os meus pais tiveram dificuldades para me comprar os manuais, não me lembro, mas imagino que sim. Nunca senti isso, porém, o que fez com que apreciasse sobremaneira e guardasse na memória o início do ano letivo, o folhear dos mesmos, o antecipar das matérias, até o encapar, antigamente muito comum. Está a chegar-se a um ponto em que se desprezam os livros, em que se dá valor e adquire-se um rol de coisas não essenciais em detrimento do saber que eles nos proporcionam, que é sempre, sempre mais perene do que aquilo que se apreende online. Se há dinheiro, e falo dos filhos, para férias no estrangeiro, concertos, roupa de marca, novas tecnologias, tardadas no café, e tantas coisas mais, tem de haver dinheiro para os livros escolares. Uma vez que não são grátis e não invalidando que sejam caros e que custe a muitos (não falo aqui das famílias realmente necessitadas). Há que estabelecer prioridades. E há que fomentar o gosto de ir para a escola. Os livros são caros mas têm de nos ser caros, da outra forma. Compreende-se, claro, o resto mas o prazer tem de passar para os miúdos. Pois se de pequenino se torce o pepino...

6 comentários:

  1. Ainda hoje, para mim, Setembro é a "rentrée", o cheiro dos livros novos e o gozo de estrear cadernos e canetas... :)

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    1. :) Essencial, esse cheirinho :)

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    2. Margariida Gomesagosto 23, 2013

      Sem dúvida Faty. Para mim setembro também está sensorialmente ligado aos livros . Gostei do que li Beijos.

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    3. Obrigada, gostei que tivesses passado por aqui. :)

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  2. Não podia concordar mais! A busca do conhecimento deveria estar bem acima da aquisição de bens materiais, muitas vezes, desnecessários. E depois não acho que os livros devam ser caros ou até mesmo comprados. Bem sei que em Portugal apreciamos muito o livro novo, o vestido novo, a bicicleta nova,... mas na Alemanha e noutros países há uma mentalidade diferente e uma capacidade incrível de reaproveitamento, que eu acho fundamental. Os livros escolares são, por vezes, emprestados pela escola, uma medida que considero fantástica para ajudar alunos de famílias carenciadas. Marla

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    1. É verdade, o que dizes. Por ex, a primeira vez que comprei uma blusa usada - e única - foi em Londres. Achei o máximo na altura :)

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