janeiro 13, 2013

As insustentáveis injúrias dos seres

O fenómeno das redes sociais, das quais não sou detratora, pelas vantagens e comunicação que permitem, tem criado, no entanto, ondas de indignação consecutivas relativamente a coisas  que não compartilho. Ou porque são absurdas, ou porque é preciso serenar e refletir nas coisas mais a a frio, ou porque realmente não sou de reações em cadeia, ou ainda porque comportam tons e palavras insultuosas que são absolutamente inadmissíveis. 
Estes comportamentos online não são, de resto, exclusivos das ditas redes. Aparecem também em foruns e em caixas de comentários de notícias ou artigos publicados na internet. Jornais ou blogs ou outros, tudo é pretexto para as pessoas mostrarem picos de agressividade verbal intoleráveis de tão intoleráveis mentalmente que são. Ainda ontem lia o artigo do Daniel de Oliveira sobre o cão de Beja e foi aterrador ler os insultos, a falta de respeito, o teor dos comentários, o quase ódio declarado, apenas porque se tem uma posição política divergente ou uma opinião consubstancialmente discordante. Já escrevi sobre isto em posts anteriores, há bastante  tempo, aqui. Mas o que é certo é que não é assunto arrumado. A internet tornou-se terreno fácil para este descarregar de posturas agressivas, maledicência avulso, acusações irrefletidas, como se de hordas de linchamento se tratasse. Também me toca alguma irritação e discordo de muita coisa que se passa na sociedade atual, na política, nos media, na educação, em várias esferas da vida portuguesa. Mas se discordar e indignar-se é natural e preciso, muitas vezes, com ações concretas e que sejam construtivas, insultar e agredir já fazem parte de um modo de estar que não é compatível com a tolerância, com a ponderação, também necessárias, e como. E surgem essas injúrias abrigadas sob identidades anónimas ou nicknames, pois claro.
Tenho tido uma sorte desgraçada aqui com o meu modesto blogue, com comentaristas de uma educação extrema, talvez por serem poucos, ainda, mas bons, muito bons. No dia em que aparecerem insultos, afrontas ultrajantes ou formas agressivas de discordar, não poderei compactuar com eles. Chamar as coisas pelos nomes é positivo, tendo em conta o tom, o lugar, o timing e o alvo. Já chamar nomes de forma hostil nunca o será. 

10 comentários:

  1. Gosto muito de ler o seu blog.Escreve sobre assuntos concretos,problemas que nos aflige.É certo que a maioria das pessoas não querem pensar pela sua própria cabeça e vão em ondas de indignação com insultos gratuítos.Desejo que receba sempre comentários construtivos.

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    1. Obrigada, Aliete. :) O insulto gratuito é incomportável, é doentio ler o que alguns escrevem por este mundo virtual fora. Beijinho para si

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  2. Fátima, a internet em geral e as redes sociais em particular sempre foram depósitos privilegiados para destilar frustrações, recalcamentos e/ou outros problemas não resolvidos. O anonimato, ou seja, a desresponsabilização pelos insultos e pela violência é estratégia corriqueira, coisa de cobardes. Hoje em dia, em que nada está fácil, estes sentires exacerbam-se, atingem picos de alucinação colectiva difícil de rápida compreensão. os franco-atiradores estão em todo o sítio e atiram de forma descerebrada em tudo o que se mexe - És do benfica, és um nojo; és do PSD, um canalha e por aí em diante. Acções e reacções básicas e por reflexo. Já vi guerras começarem por bem menos...
    Beijinhos e parabéns pelo 510º Post :)) Leio-a sempre e comento quando posso!

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    1. Muito obrigada, Paulo, que bom saber de si:) Tem absoluta razão no que diz e que qualidade em como o diz. 510? Que bom é a matemática :) Obrigada, beijos e um ano bom, com tudo a que tem direito *

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  3. Estou nisto dos blogs há relativamente pouco tempo, e comecei por sugestão de um amigo, e porque ele achava piada por vezes ao mails que trocávamos. Sugerindo também que escrever ajudaria a "curar" a dor absurda de ter perdido a minha mãe. E tinha razão.

    Qual não é o meu espanto, que passados só 2 meses, começo a receber um anónimo com insultos daqueles que deixam qualquer um literalmente de rastos. Os nomes que me eram dirigidos eram inqualificáveis. Comecei a revoltar-me. Se não existiam praticamente comentários, apesar de existirem algumas visitas, porque é que era alvo de anónimos (continuo a acreditar que se tratava somente de um ou uma). Não queria fechar a caixa a anónimos, porque existe gente que não tem blog e por vezes gosta de comentar. Entretanto, aquilo rebentou e não foi bonito. Fiquei triste, pensei fechar o blog, e recebi um mail de alguém que não se identificou dizendo para não o fazer. E não o fiz. Afastei-me uns tempos.

    Dá-me prazer escrever, ainda que a maior parte das vezes sejam disparates. É um espaço em que posso opinar, porque são exactamente isso, as minhas opiniões (valem o que valem) e o meu espaço. Tem de ser respeitado. Quem gosta volta. Quem não gosta não é obrigado, segue em frente.

    Há mais ou menos um mês, apaguei todos os posts e comentários (porque para dizer algo construtivo dá trabalho, mas quando é para destruir a caixa inundava-se de comentários) que envenenavam de alguma forma um espaço que quero minimamente saudável. Sim, por vezes tenho mau feitio, mas nunca entrei como anónima em algum blog para insultar de forma gratuita. Não faz sentido. Não é a minha postura na vida. Quem me conhece sabe, que seria praticamente impossível não dar a cara sempre, ainda que seja para levar "pancada".

    Toda esta facilidade da Internet gera gente mesquinha, que sempre existiu, só que agora têm uma ferramenta que lhes permite com um simples clic, insultar de forma gratuita quem bem querem e entendem. Cabe-nos saber lidar com isto da melhor forma possível, sem nos deixarmos afectar.

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    1. É verdade, o que relata é inqualificável. E é isso, é doentio e quem escreve com prazer fá-lo, quase sempre, para se manter saudável, digo eu. E concordo - construir é difícil, para muitos.

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  4. Essa gente quer palco. O melhor é mesmo ignora-la.
    Sobre isto tenho um pequeno texto escrito (em banho Maria) vai para um ano. Se for o caso sou capaz de o publicar.

    Abraço

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    1. Vou ficar à espera, jrd, até porque acho importante refletir sobre isto. Publique, sim.

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  5. Agora tocaste numa questão preocupante e precisamente num momento em que vivenciei uma experiência aterradora. Como sabes, participei recentemente num fórum pela primeira vez. Ao ler uma notícia, decidi também ler os comentários e surpreendentemente li muitos disparates com insultos e ódio à mistura. Não consegui ficar indiferente e chamei a atenção para os insultos gratuitos, a má-educação e a atitude cobarde de 2 comentadores específicos. A resposta não tardou e deixou-me completamente estupefacta (partilhei contigo uma parte, a pior ocultei. Imagina como é possível haver pior ainda?!). Percebi que as pessoas se escondem atrás de um monitor com identidade oculta para insultar e ofender, descendo ao mais baixo nível, fruto, com certeza, de frustrações e até quadros clínicos graves. Julguei que a pessoa em questão devia padecer de um grave problema de alcoolismo, drogas ou distúrbios mentais. Aprendi a lição e acho melhor ignorar e desprezar fóruns e outros espaços pouco saudáveis. Marla

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    1. É terrível a constatação de quão desprezíveis podem ser alguns exemplos da espécie humana. É o que nos faz desacreditar nela. Felizmente, há outros que nos fazem continuar a acreditar. E é verdade - uma incursão pelos comentários online, esp jornais, faz-nos ficar mal dispostos, é bem melhor não o fazer. Bjs

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