julho 25, 2012

Brave inner world


Há ainda muitos que revelam um completo desinteresse pelo auto-conhecimento. Há inclusive um certo desprezo pelos livros de auto-ajuda, como se fossem menos merecedores e menos cultos aqueles que procuram algum conforto emocional e alguma reflexão que se centre neles mesmos. Não faço ideia se há livros de autoajuda idiotas que reduzem tudo a fórmulas básicas que não são, naturalmente, aplicáveis, não se decoram regras para ser feliz sem mais nem menos. Mas a interiorização de ideias que vão ao encontro do que somos parece-me, à partida, algo positivo. Assim como o conhecimento que temos de nós próprios.
Ele é, de facto, fundamental para nos posicionarmos de forma correta e justa no equilíbrio das nossas relações, sejam elas de que tipo forem. Acontece constatarmos que muitos falam e apregoam sentenças aos outros sem demonstrarem o mínimo conhecimento do que são, como reagem e como surgem aos olhos dos outros. Desta forma, há um denominador quase sempre comum nestes comportamentos – os indivíduos acham que têm sempre razão, que as suas opiniões são a verdade e que as suas ações carecem de reflexão. Como atingir equilíbrios exteriores se o conhecimento interior simplesmente não é cultivado?
O facto de se achar que se está sempre certo já é por si só indicador da ausência de introspeção. Não se podem esperar relações e comportamentos sólidos e maduros se partimos desta premissa. As pessoas que falam muito e também aquelas que agem muito e que pouco ou nada refletem sobre as suas atitudes são fáceis de identificar. Há sempre uma arrogância que ressalta destas certezas, nunca revelando fragilidades ou incertezas que seriam naturais porque parte da condição humana.
Porque razão as pessoas temem o confronto com a verdade do seu caráter? Porque lhes é mais fácil abrigarem-se no imediatismo dos atos e das palavras precipitadas e nunca optarem pelo silêncio reflexivo? Ou por momentos que lhes permitam conhecer-se? Porque é tão difícil irem ao âmago de si mesmas? Ou porque descartam leituras que o tentam viabilizar e estigmatizam quem o faz?
A psicologia, a psico-sociologia, a astrologia, a análise e outras são áreas que podem permitir o desbravar do nosso território interior. Só com esse conhecimento poderemos ser mais superiores e construiremos momentos melhores ao longo dos nossos dias. Desprezá-las, curiosamente, é um erro e revela grande presunção por parte de quem, afinal, teme a verdade sobre si mesmo e não é capaz de se conhecer. Ou sequer de dar mostras desse conhecimento. As minhas pessoas preferidas foram sempre essas, as que falam igualmente das suas potencialidades e das suas limitações, de forma natural, assumida.
Ao contrário do que se possa pensar, os indivíduos que se mostram com todo o seu potencial mas também com todas as suas incapacidades são os mais seguros pois nada se lhes abala só porque revelam uma inaptidão. Ao invés, quem muito esconde é porque sente pouca segurança para o admitir. Também haveria mais honestidade se as pessoas conhecessem o seu eu. Talvez não aceitassem posições para as quais são completamente desperfiladas, por exemplo. E não embarcariam em aventuras, sejam elas quais forem, para as quais não têm estofo.
Por outro lado, cultivar o otimismo e as atitudes positivas é bom. Repito que não se trata de fórmulas nem decorar aquilo que não se entende mas interiorizar boas vibrações e comportamentos sadios só pode ser benéfico. Felizes dos que estão mais além na escala do auto-conhecimento. Com livros ou sem livros que os ajudem, mas abertos à sabedoria e aos ensinamentos que há a colher desta nossa atuação por aqui.
                                                                                            

5 comentários:

  1. Nada como termos o Ego bem colocado e conhecermos perfeitamente o princípio de Peter.
    :)

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  2. Absolutamente:) Dessa honestidade só pode beneficiar o nosso mundo - interior e exterior.:)

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  3. Concordo absolutamente, como não podia deixar de ser. Aliás, só conhecendo as nossas fragilidades podemos congregar força interior em vez de uma carapaça que mais que protecção é uma muralha para para si próprio e para os outros.
    Ao ler o texto pareceu-me que devias escrever um livro desses de abrir caminhos à honestidade sensível, tantas vezes tão diferente da honestidade social.
    Sagi

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  4. O auto-conhecimento, o ir aos meandros da própria personalidade pode por vezes revelar-se tão doloroso que muita gente prefere não ir ao âmago do seu ser. Essas pessoas têm certezas de tudo, o certo e o errado, dão conselhos e mandam "bitaites"!Gostei da sugestão da Sara! :)

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  5. :) Quem sabe, um dia? :) Estou a brincar, mas gosto destes temas, sim, deste tipo de leituras, reflexivas. Acho que nos fazem crescer... Obrigada às duas

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