janeiro 14, 2012

Crime, disse ele


Intriga Internacional

Aqui há dias, ao ler um excelente post num blogue de referência, recordei automaticamente este filme de Hitchcock.
Vi-o há bastantes anos e não mais esqueci a explicação do grande realizador sobre a cena fulcral em que Cary Grant corre aterrorizado e foge desalmadamente da morte, perseguido por uma avioneta que sobrevoa os campos de milho em pleno dia . Dizia Hitchcock que quando se pensa numa cena de crime, imagina-se normalmente um cenário de escuridão, de preferência à noite, um beco sem saída e consequente atrofio de espaço. Idealizou, portanto, exatamente o contrário - um vasto espaço aberto, a clara luz do dia, uma imagem inesperada que viria a tornar-se lendária. Quem pensa morrer no meio do deserto às mãos humanas? Quem espera um assassínio às claras numa paisagem sem fim? Quem se lembraria de apagar um alvo abrigado sob uma forte luminosidade? O mestre do suspense conseguiu, evidentemente, o objetivo - surpreender o espetador e perpetuar na memória uma morte no écrã que poderia ter sido.
Há quem goste de luz, dos campos amarelos, das telas de Van Gogh, do sol que aquece e ilumina, da paisagem seca alentejana, das dunas do deserto, dos grandes espaços. Esta é a única cena que retive do filme de 1959. Percebe-se, pois, porquê.

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