novembro 15, 2013

Contente descontentamento


Ontem, enquanto via o telejornal, animei-me momentaneamente quando me foi dito que agora vão começar a distribuir ouro pela população (não gosto de ouro, já agora, mas trocava-o logo logo, vendia-o logo logo, e fazia imensas coisas com ele). Esta resposta que me animou tinha a ver com a minha super sorridente e tonta pergunta: ai sim, saímos da recessão? e agora? o que é que isso significa para nós? vão melhorar as coisas? - enquanto via e ouvia (e lia em rodapé) a notícia da noite (terá sido a do dia, também?). Reparando que a ironia brincalhona era apenas isso mesmo, pergunto a outros, já hoje, na esperança de recuperar a alegria: saímos mesmo da recessão? e agora? já está a acontecer alguma coisa? em concreto? já posso fazer um sem número de coisas que os cortes no salário, congelamento desde 2004, iva, roubo dos subsídios, etc e tal, não me deixaram fazer? Sem falar em quem está pior, muito pior, já no limite da sobrevivência. Bom, digam-me, há alguma coisa que eu já deveria estar a sentir, efetivamente? Sintomas da saída da recessão já esta manhã? Coisas concretas? Hmmm, não? No meu caso, não? Hmm, bem me parecia. Era então um contentamento descontente, porque palerma e apressado, bem me parecia, outra vez. Foi apenas um contente momento porque o descontentamento, esse, parece que não me abandona. A recessão é uma coisa má e a saída é uma coisa boa, deve ser, mas só quando na prática começar a ver aparecerem coisas (na verdade ressurgirem, uma vez que foram tiradas, e sem permissão) que fui vendo desaparecerem. Entre elas o contentamento contente de ver quem trabalha, há anos e anos, compensado por isso. E o resto que daí advém. 

4 comentários:

  1. Por mais que o dourado que o "pintem", vamos continuar no Inverno do nosso descontentamento.

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  2. "Saímos da recessão"? À falta de acontecimentos, inventam-se notícias. A recessão diminuirá quando o Estado/ governo começar a respeitar a dignidade dos seus cidadãos: tirar os sem-abrigo das ruas, dar apoio necessário a idosos e famílias carenciadas/ crianças (que verdadeiramente precisam) e respeitar os seus trabalhadores e os direitos que lhes assistem lhes têm sido negados ano após ano... Marla

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    1. Se saímos, eu não senti nada. Aliás, sinto é cada vez mais desânimo e revolta. E olha que fui paciente e moderada até aqui...

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