janeiro 31, 2013

O cozinheiro, o fogão, a sua mulher e o romance

                       
                               

Parece então que saiu um estudo (mais um, e há para todos os gostos) que revela que os homens que executam tarefas domésticas têm menos apetência para os momentos sensuais. Ora bem, ainda não li nada sobre o assunto, mas vou escrever antes de ir espreitar outros blogues e outras leituras, para não me influenciar nem um pouquinho. Bom, mas qual é a novidade? Que as tarefas domésticas retiram energia e magia? Mas eu penso assim há séculos, caros leitores (bom, séculos não, melhor pensando). Já o disse aqui, por outras palavras, que as donices de casa (fazendo uso de uma engraçada expressão usada por uma amiga) nos deixam estafadas e mal humoradas, a muitas de nós. Já o disse, repito. Que romance pode haver na rotina trabalhosa e cansativa do lar? Eu a dar-lhe, eu sei. Mas só se o espanto for, neste caso, por apontarem apenas os homens como vítimas da ditadura doméstica. Aí é que realmente o estudo peca por machismo. Ou pensa-se que as mulheres estão ou têm de estar frescas e maravilhosas depois de uma jornada de limpezas? De uma volta contrariada pelas rouparias? Não falo tanto da cozinha, porque a muitas, a muitos dá prazer, mas depois do prazer da mesa, também é verdade que vem a tarefa de tudo voltar a brilhar. Ora, ora, não vejo onde é que estejam as diferenças. Aliás bom seria que muitos homens, todos os homens partilhassem as ditas cujas (ajudar não chega, sabiam?), para verem como se sentem depois de uma semana a trabalhar no emprego e um fim de semana a trabalhar em casa. Não se zanguem comigo, eu até estou do vosso lado. De ambos os lados, melhor dizendo. Porque não estamos fabulosos nem "sexys" e não estamos vigorosos nem sedutores por causa do raio do aspirador, do diabo do lava louças, do maldito do tanque, e do insuportável resto que é necessário fazer. Ora pois, aqui põe-se um problema: It´s a dirty job but somebody has got to do it. Não dá para passar o cálice. Há que o fazer, pois. Preferencialmente ambos. Para aliviar um e outro e não desaparecer por completo o romance. A intimidade. Ou o humor ou a cumplicidade ou o que quer que seja que nos faz estar juntos.

                                                                                                              **

Feito. Já posso ir ler sobre isto. Sempre é bom poder conhecer e refletir sobre outros pontos de vista. 
E lembrei-me de outra coisa - sempre vai haver mulherio que exulta com a domestiquice. E delas que até ficam bonitas depois de tanta esfrega. Mas há as que não (que não exultam, não querendo dizer que fiquem feias). E, pasme-se, não são tão poucas como isso. 

4 comentários:

  1. O trabalho (doméstico) do homem nunca está feito porque não existe...
    :)

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. :) Adorei! Sinceridade, acima de tudo, jrd ;) Hehehe

      Eliminar
  2. A expressão em inglês diz tudo! Eu também não gosto de limpezas; é, com certeza, uma tarefa cansativa, mas não há escape possível. Acho inclusive que as tarefas domésticas ainda recaem muito sobre a mulher (perdoem-me os homens), que tem de conjugar profissão,tarefas domésticas (limpar, cozinhar - às vezes,...), educação dos filhos, aparência perfeita e apetência para o romance... Não é fácil! Marla

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Concordo em absoluto:) O estudo peca por centrar-se no género masculino, aí, sim, é realmente machista.

      Eliminar