outubro 26, 2012

Chamar, não, desligar a música



Já lá vão uns anos. Li algures que o teste da velhice surgiria quando deixasse de identificar as músicas e os artistas que passam na MTV. Já lá vão uns anos. Em que me tornei velha, portanto. Já lá vão uns anos em que deixei de ver canais de música, inclusivamente. E já lá vão também uns anos em que a música deixou de fazer parte das minhas áreas de cultivo, independentemente do tipo de música de que gosto e se é a certa, a culta, a moderna ou não.
Na verdade, apesar de adorar certas melodias, sons e músicas, estas sobretudo passadas, não sou nada musical atualmente. Era-o, fui-o, na adolescência e prolongou-se até alguns anos depois, uma cultura musical simpática (apesar de ser muito mais cinéfila, desde sempre). Tinha tempo, tinha boa memória, não havia internet, sobretudo em casa, nem facebook, nem um traquinas a espalhar-me brinquedos pela casa toda. Literalmente toda. Desta forma há um desconhecimento descomunal sobre tudo o que é música e artista novo nos panoramas nacional e internacional. Reconheço vozes e estilos apenas dos cantores e bandas que já conhecia antes. Nomes novos, nada. Em casa gosto do silêncio, da net e a televisão está ligada nos canais infantis. No carro, venero o silêncio e a comunhão com o espaço exterior, pelo menos no verde trajeto que faço para o trabalho. Por vezes lá escuto alguma rádio e aprecio uma canção ou outra, verdade seja dita, sem saber muitas vezes, a maior parte das vezes, quem canta. Tornei-me distraída para estas coisas, e proliferam nomes novos a mais para uma pessoa velha. Antes de ser mãe, espantava-me quando as minhas colegas, as que tinham filhos, não tinham visto nem ouvido nem sabido de uma data de coisas. Tornei-me igualzinha a elas. Ou pior, pois há mulheres super que tudo conseguem acompanhar, embora seja difícil com crianças a precisar de cuidados e atenção permanentes e um trabalho absorvente. Esta ignorância musical atual cava um abismo enorme entre mim e os meus alunos adolescentes. Não me venham com hip hop e trance, techno e house, alternativa e agora gangnam. Que falta de paciência e que falta de conhecimento e já agora falta de prazer para escutar estas coisas. O que me vale é que quando levo canções para a aula, velhas mas populares e eternas, eles conhecem-nas relativamente bem. O revivalismo dos anos 80 (que grande década musical) e a cultura musical de alguns ajuda. Mas ainda assim sou gozada por não conhecer muita coisa.
Ainda vai/s a tempo de se/te atualizar/es e de curtir/es os sons de agora, poderão dizer. Oh meus amigos, sei que estou velhíssima, não me deem música.

6 comentários:

  1. Há músicas em relação às quais já estou velho faz muito tempo. Diria mesmo que nunca fui "novo".;)

    E sim, já cá estou, mas com vontade de voltar de pronto.
    :)

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  2. :) Decididamente, digo o mesmo. Embora a minha cultura geral já tenha visto melhores dias, quando tinha mais tempo e melhor cabeça. :)Acontece:)

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  3. As pessoas mudam com a idade, é certo! Eu era uma grande fã de futebol na adolescência e na juventude e com o tempo (e falta dele) fui me desinteressando. Agora a música, não! Adoro as artes: música, cinema, pintura, artes plásticas...
    Não consigo viver sem a música;nem quero "ficar" velha. :) Acompanho um pouco a cena musical, pois sei que em todas as épocas há música boa e não quero ficar cristalizada.
    A música relaxa-me, transporta-me para outro mundo, atenua o stress e a ansiedade (de que padeço frequentemente)e contribui para o meu bem estar emocional. A presença da música quando conduzo, por exemplo, ajuda-me muito nesta atividade da qual não gosto muito... pois o carro não é o meu meio de transporte preferido... Marla

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  4. Amiga, quando/se tiveres um dia a casa cheia:) acredita que é mais difícil manteres-te atualizada:) Quanto a ficares velha, hehehe, será bom sinal, então! lol

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  5. Ahahahah Estamos minha querida, estamos;) Lília

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