janeiro 04, 2012

Drama

Sempre gostei de linguagem cinematográfica. Por isso, talvez, aprecie tanto um género provavelmente pouco apreciado como leitura- o texto dramático.

Como não sou dada a poesia nem sou fã de longas descrições, este tipo de texto dá-me aquilo de que gosto - a intriga, a ausência de interpretação das personagens, o ritmo direto dos diálogos, o cenário suficiente fornecido pelas didascálias, uma certa intensidade em crescendo. Gosto das tragédias, sim, não tanto ou nada as comédias, para mim tem que haver alguma espécie de drama na arte, passando obviamente pelo cinema, a primeira forma para mim, a sétima está muito longe da minha aficcion.

Por altura da universidade, devorei as obras de Tennessee Williams e as de Bernardo Santareno, entre outras. Achei sempre que partilhavam traços em comum - a tal intensidade dramática, o brotar de paixões primárias, uma certa tensão sexual, personagens que simbolizavam tipos psicológicos, finais abruptos e com forte impacto, muitas vezes carregados de perda, de dor, de alienação. Belas e intensas histórias, muitas histórias.
Pude ver algumas destas obras adaptadas ao cinema, concretamente as do dramaturgo americano. O fulgor manteve-se, muitas vezes reforçado pelo carisma dos atores envolvidos, e pelas técnicas sedutoras que o cinema pode exibir. Quanto a Bernardo Santareno, marcou-me sobretudo a leitura de A Promessa enquanto ainda era miúda, já que esse livro estava na estante lá em casa, e foi dos primeiros que li, fora dos livros para crianças e meninas.  Não vi nunca a sua adaptação cinematográfica.

Quando fiz o meu estágio, escolhi lecionar o texto dramático nas aulas assistidas que faria a Português. Lembro-me de me deslocar ao teatro local, em Espinho, e recolher material, gentilmente cedido, que pudesse mostrar aos alunos e que aproximasse as leituras deste tipo à encenação e ao envolvimento da plateia que o teatro pede. Também recordo ter elaborado uma espécie de guião que os alunos seguiram e reponderam à medida que visionavam um vídeo sobre a representação teatral. E a paixão que foi encenar tudo, também eu, afinal, prestava provas frente a um público muito específico.

Gosto de teatro, pois. As idas ao teatro não são, lamentavelmente, muitas - viver longe da capital, em que uma peça pode estar meses em cartaz, com todas as vantagens que isso significa, equivale a uma oferta teatral muito limitada, sobretudo no tempo. Vem aquela peça naquela noite, esgota e depois vai-se. Pena a calendarização não permitir muitas mais hipóteses, porque o teatro eleva(-me) a alma, potencia leituras da vida em direto e reduz tudo naquele momento de catarse. Ir ao teatro é crescer intelectualmente. Ele combina, de forma brilhante e imediata, cultura e entretenimento. Dos melhores lugares onde se pode estar.

Dramático é sinónimo de teatral, e uma peça é muitas vezes adaptada com grande mestria ao cinema. Por isso tudo, gosto, francamente, de (um bom) drama.

2 comentários:

  1. :) Adoro teatro e se pudesse voltar atrás teria sido uma área a explorar desde miúda - porque adoro as artes da representação:)

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