Não vale a pena castigar sem explicar porquê. Sem fazer refletir, explorar ao máximo as razões, as consequências, ouvir as versões todas, tirar conclusões, levar à auto crítica, ao assumir que se falhou, mostrar caminhos novos, apostar numa segunda chance, basicamente refletir e esperar pela mudança de comportamento.
De que falo, concretamente?
Falo dos miúdos, não de crianças, mas dos miúdos que estão na minha, tua, sua, vossa escola sem o saberem estar. Má educação, atitudes inaceitáveis e impróprias na aula, desafio da autoridade do professor quando ela é de direito e justa, agressões verbais ou piores, dentro ou fora da sala, enfim, todas aquelas situações que alunos perturbadores e problemáticos tantas vezes causam.
As participações, instrumentos naturais e muitas vezes precisos, as punições de vários tipos, as suspensões de 5, 10 dias, ou menos, e as expulsões. De nada servem, sobretudo todas exceto a última, pela simples razão de que o aluno se vai para sempre, se não houver uma conversa, uma confrontação, um exorcizar do problema, uma construção de um esquema mental que permita a alteração, mas sentida, consciente, voluntária.
Punir sem nada disto acontecer previamente, todos os envolvidos reunidos, alunos, dts, diretores de curso e mesmo os outros, família se aparecer, numa sessão que se pretende catártica - sem nada disto, dizia, nada feito. Sim, é merecidamente punido mas voltará disposto a mudar, uma disposição vinda de dentro, que é a que interessa? Sobretudo se os miúdos têm vidas completamente desestruturadas, desamcompanhadas, chocantes até? Pode aqui alegar-se que a reflexão, o diálogo não é possível com todos, que há caraterísticas indomáveis de uns que não o facilitam, que não o permitem. Não acredito muito isso. É possível dialogar com todos, até com o inimigo. Se depois os caminhos não forem o que nós, positivamente, esperamos à partida, perdemos. Mas não terá sido por não termos tentado.
E se não conseguir ganhar todos, poderei ganhar alguns. Ganharei alguns - pois alguns não se perderão. E isso faz toda a diferença. Atuar é preciso, às vezes urgente, mas compreender também e formar ainda mais. Trabalhar a cabeça. Só assim, de forma absolutamente livre, é que os prevaricadores deixarão de o ser.
E se não conseguir ganhar todos, poderei ganhar alguns. Ganharei alguns - pois alguns não se perderão. E isso faz toda a diferença. Atuar é preciso, às vezes urgente, mas compreender também e formar ainda mais. Trabalhar a cabeça. Só assim, de forma absolutamente livre, é que os prevaricadores deixarão de o ser.
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