janeiro 08, 2013

Espíritos livres

Ainda com laivos do post anterior, tenho dias em que telejornais e politiquices me fazem ficar perto da náusea. São os dias de serenidade interior, de mergulho em algo mais profundo, em que não me apetece participar das coisas chatas ou tolas de todos os dias. Nesses dias, não tolero o snobismo, o elitismo e a insensibilidade da direita, de alguma direita, e não digiro a demagogia, o discurso cassete e as teorias do caos da esquerda, de alguma esquerda. Quer isto dizer, exatamente, o quê? Bom, que me identifico com o pensamento livre, com a independência de posições face a etiquetas político-partidárias e sobretudo com os discursos e convicções humanistas que atravessam fronteiras ideológicas e culturais.  Os intelectuais livres, os pensadores sem amarras e os espíritos sábios, éticos e bondosos serão sempre quem mais admiro e admirarei. Pelo realismo das análises, pela sensibilidade humanista, pela coragem de observar o mundo pelo seu próprio filtro e, essencialmente, pela reflexão. Quando venho à superfície, também eu me indigno, também eu brado, também eu falo, também eu marco posição. Mas fico por cá pouco tempo, maça-me porque proliferam as visões caóticas ou as leituras arrogantes. Do género opinar, sentenciar, sem uma reflexiva análise e sem visão. Assim vão os media e os opinion makers e a política e a sociedade em geral. E neste mundo feito de guerrinhas por tudo e por nada, a interpretação dos discursos, por exemplo, dos discursos que acontece serem públicos, engloba tudo menos ponderação. Tudo a quente, cada um pega numa parte do discurso e disseca-o de acordo com essa visão parcelar. Não se olha para  as coisas ditas como um todo, ao invés, os pormenores são retirados do contexto, cada um reforça, pela negativa, sempre pela negativa, aquilo que quer e esvazia-se o todo pelas partes. Ora isto é mau, francamente mauzinho. Nunca se constrói, nunca se dá o benefício da dúvida, nunca se acredita, nunca se confia, nunca se serena, nunca se edifica. Prevalece a confusão - cultiva-se a confusão - e todos pretendem ganhar através dela. Bem sei que muitos não conseguem entender nada disto, nem sequer ler este tipo de coisas. Estão sempre lá em cima, no terreno do fácil, do imediato, do reagir (que não quer dizer agir, já agora). Ocasionalmente tudo isto é compreensível e natural, todos o fazemos, mas em estilo non-stop é uma tremenda canseira que não cria nem traz qualquer espécie de evolução. À esquerda e à direita, prefiro sempre o humanismo. E, elementar, a liberdade. A liberdade consciente e construtora.


5 comentários:

  1. Ser um espírito livre é saber respeitar o "espírito" dos outros.

    Abraço

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    1. Sem dúvida, jrd, mas é sobretudo livrar-se da influência dos outros.:) Com todo o respeito, claro.:)

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  2. Concordo! O meio político e os media pecam muito pela imparcialidade, assim como o cidadão comum que opina na rede. Basta ler os artigos e comentários sobre os mais variados temas (exemplos: as recentes "novelas" do Zico e da Pepa, que tanta tinta fizeram correr, quase sempre com opiniões partidárias e raramente com comentários lúcidos). É essencial que as pessoas sejam mais coerentes e honestas (com os outros e consigo próprias), sem "puxar a brasa à sua sardinha". E haja, humanismo, sobretudo!! Marla

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    1. Não diria melhor. É atrofiante, para dizer o mínimo.

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  3. * correção: parcialidade

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