outubro 09, 2012

A idade da inocência



Há sempre uma altura em que perdemos a inocência. Geralmente isso acontece com uma desilusão, e pior, avanço eu, se for amorosa. Porque a deceção com uma amizade magoa mas com um amor que vislumbrámos como exclusivo fere ainda mais. Há quem não tenha desilusões durante grande parte da sua vida ou mesmo até nunca. Outros têm-nas cedo ou na idade madura. O discurso, após uma grande deceção pessoal, é diferente. Há um certo travo de amargura, resultado do contacto com um tipo de sofrimento emocional que não foi pedido nem previsto. Nada já surge de forma tão inocente, ingénua, crédula. Quem se dececionou será sempre mais desconfiado e menos maravilhado perante o mundo e as pessoas.   Mesmo se continuarem, como devem, a espantar-se e a deleitar-se com um número infindável de coisas boas, a perceção dos outros terá mudado alguma coisa. Desiludiram-se com a condição humana. E vai demorar o seu tempo até se reconciliarem, até se encantarem de novo. Que é a cura ideal para a deceção com alguém. Talvez menos inocentes, talvez nada inocentes, agora. Trará esse facto a certeza de evitar mais um baque de alma? Talvez não. Mas poderá torná-lo bem menos surpreendente ou mesmo menos doloroso. Embora o ideal fosse, neste caso, conservar sempre a inocência. Bom sinal seria.

7 comentários:

  1. De uma lucidez assustadora!!!
    É verdade... mas realmente o que mais assusta, é que a perceção de tudo que nos rodeia tornou-se bem menos inocente!

    Ana

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  2. Em certos casos, a inocência vai se perdendo aos poucos. Não se perde completamente! E as desilusões aumentam a desconfiança, claro. O ideal seria conservar a inocência, mas não a ingenuidade, outro conceito diferente. :) Marla

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  3. Andreia Silvaoutubro 10, 2012

    Que pena esta perda. A perda da fé e
    da entrega ao outro, o desacreditar nos homens e no humano... Que pena tamanha perda. Mas provavelmente inevitável à medida que crescemos! E arrisco contrapôr ao comentário anterior: será que é possível mantermo-nos verdadeiramente inocentes fora de pelo menos alguma ingenuidade?

    Andreia

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  4. A inocência é um estado feliz. Isso não poderemos negar. Por isso é uma perda, em absoluto.

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  5. Não sei o que é que fiz que alterei isto para a conta Google - desculpem!!! Mas sou a mesma ::))

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  6. Verdade!
    Felizmente, continuamos a guardar essa capacidade de nos maravilharmos outra vez!
    Bjs

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  7. Também é verdade - felizmente:) Retribuo, Teresa**

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