dezembro 27, 2011

Vecchio cinema paradiso


Não é novo, pois não, e, no entanto, preserva o mesmo encanto de sempre. E também uma emoção para lá do habitual.
A projeção agora quase amadora, o público ávido e ingénuo, o louco zelo do padre censor, o desfile das estrelas, os decotes pernas e beijos que alimentavam os devaneios da plateia, a inocência marota de gerações que se foram.
O velho cinema em ruínas e a inevitável demolição, sem lugar para os sonhos na cidade que cresce a ritmo veloz, impiedosa e sem margem para a fantasia, as ilusões e a vida em comunidade.
A ternura da história de Tóto - com tantas inesquecíveis cenas em pequeno -, a sua relação de carinho profundo com o velho projecionista, o idílico romance de juventude, a dolorosa ida para Roma, a distância da sua terra natal, a impessoalidade das suas relações, o regresso que tudo faz recordar.
 E sempre o amor pelo cinema a criar ângulos para a posteridade.
Este é o filme que faz um nostálgico close-up de uma vida que vai para lá da dimensão pessoal de um garoto que cresceu a ver fitas - é a toda a história do cinema que é revisitada, de forma inequivocamente bela, tocante, trágico-cómica, numa Itália de que, obrigatoriamente, se gosta e espanta, enternece e permanece na memória.
Um dos filmes de sempre, que deixa os cinéfilos de todo o mundo em lágrimas por altura da genial cena final.

2 comentários:

  1. Que belíssimo texto! Este filme mostra um cinema de outrora pleno de magia, fantasia, doçura... É sobre o amor (como quase sempre) e o amor pelo cinema. O que seria da nossa vida sem as "fitas"? Marla

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  2. Belíssimo comentário, Marla:) Beijinhos cinéfilos

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