novembro 11, 2011

Mãe ( e pai) coragem

Recentemente li uma crónica da Margarida Rebelo Pinto no Sol. Foi a melhor que li dela até hoje, por claramente ir para algum lado. Escreveu sobre o filho e sobre o que significa ser mãe. Revi-me, de muitas formas, no tom terno em que, de certa forma, faz o elogio da maternidade.
Trata-se de, basicamente, ver o mundo pela segunda vez. E tal facto não pode deixar senão de trazer uma grande alegria - pois não é maravilhoso descobrir a vida uma outra vez? As cores e os animais, as histórias e as emoções, as gargalhadas e as travessuras. A desconcertante inocência de um primeiro vislumbre das coisas. É-se feliz por redescobrirmos pequenos prazeres, por realizarmos pequenas tarefas, por darmos pequenos passeios. Tudo volta a ganhar sentido, mais sentido, visto através de uns olhos que, não sendo os nossos, precisam do nosso olhar para entenderem a sua pequena existência.
Conduzir um filho pelas ruas do crescimento é desafiante, frequentemente exigente, mesmo extenuante. Mas não há certamente maior compensação do que ver uma criança feliz com as pequenas descobertas que faz ao ritmo do seu pequeno tempo. Não há satisfação maior e maior benção do que vê-la crescer. E ver que, de facto, é um prolongamento de nós mesmos, apesar de possuir, natural e obrigatoriamente, uma identidade própria. Prolonga-se o nosso sucesso, prolonga-se as nossas expetativas, prolonga-se o nosso orgulho. E não é mau, é bom, se sentido e gerido de forma equilibrada e saudável. Não há nada de errado no orgulho que se tem de um filho. Pois o certo é que assim seja.
Ter um filho é não ter mais uma casa quieta. É a deliciosa confusão, os brinquedos espalhados pelo chão, as reprimendas por vezes em tons mais elevados, as traquinices que sujam os tapetes, o está quieto insistente, o não ver outro canal que não o jim jam, a loucura das pequenas desobediências, os risos sinceros e contagiantes, as palavrinhas que inventam, a casa cheia. Sem eles, a casa está, simplesmente, vazia. E, sem eles, nós nunca mais estamos completos.
Vê-los, depois de algum tempo no local de trabalho, ou sem contar, é reforçar os valores da serotonina, é encher o coração, é o brotar de uma emoção talhada a sorrisos e bem estar, de uma força interior mesclada de ternura e plenitude. Outras coisas parecem insignificantes ou, pelo menos, secundárias. Eles são a nossa grande obra, como dizia uma amiga, a nossa tese de um curso intensivo de incondicional amor. São eles que nos injetam de doce coragem. Quem não tem, não sente a falta, dizia outra amiga. Mas quem tem, sabe o que eles nos fazem falta.
Porque, com eles, nunca mais estamos sozinhos.

7 comentários:

  1. Vou ter mesmo de partilhar; é mesmo sentido: aprecio mesmo mto a forma como escreves, fica tudo tão claro no meu pensamento. Dina

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  2. Tão lindo, Fatinha! Concordo com a Dina, quando escreves fica mais claro. Luísa

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  3. Que grande declaração de amor! Sortudas das mulheres que conseguem concretizar os seus sonhos! Marla

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  4. É. A Faty é que sabe, como ninguém, "explicar os pássaros"... é a clarividência suprema das coisas que nunca entendi...
    joao e miranda m.

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  5. Hahaha João "olhe que não olhe que não" lol.
    A sério, vocês é que são muito generosos:) Acreditem que nem td é assim claro:) continuo a não perceber patavina de muitas coisas. Permanecem no escuro...deverei deixá-las lá? ::)) Bjs

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  6. <3 amar um filho é...um grande Amor! A tua escrita é tão límpida para mim! Adoro estes pequenos grandes momentos! Gi

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  7. Obrigada, gosto muito de gostares. ::)) Mas é isso - é o grande amor. Não tolerariamos as loucuras deles de mais ninguém! :::)) Porque iluminam a nossa passagem por aqui. Bisou

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