outubro 19, 2013

O hilariante

                              

Este é o primeiro de dois posts seguidos. O objetivo? Bom, dividir os pais que se deslocam à escola em duas categorias: a hilariante e a tocante. Começo pela primeira. Porque de tão mauzinhos nos fazem rir. Temos de converter as pequenas desgraças em gargalhadas, é um bom princípio para se manter a sanidade mental, especialmente para quem é diretor de turma, como eu este ano, de um CEF. Na verdade são dois em um, que fica muito mais barato ao governo; desta forma temos 29 alunos juntos nas disciplinas teóricas (aquelas de que eles mais gostam, estão a ver) e desdobrados nas técnico-práticas. Continue-se.
Ontem, apareceu-me uma mãe (não há preocupação nenhuma, desconhecem por completo este blogue e assim continuarão) a culpar os professores pelas desgraças do filho desde os 12 anos. Ele atingiu a maioridade e vem - vinha - com um historial complicado de falhanços escolares por ter fundamentalmente revelado interesses divergentes dos escolares. Mesmo muito divergentes. A senhora, sobre quem eu já tinha sido avisada, falou do alto das suas arrogantes certezas, malhou em professores anteriores (não teve tempo para o fazer em relação aos atuais, nem eu a deixaria), disse nomes e perguntou se eu os conhecia, apontou o dedo a tudo e a todos - menos a ela mesma. Estava nesta atacante toada até que tive de me impor, repare-se que ela não me deixou alternativa. Começou a baixar a crista, gradualmente, e saiu de lá lavada em lágrimas, a pedir desculpa e a dizer obrigada. Não usei métodos anti-amnistia internacional, apenas fui levando a conversa para onde deveria ir - e como deveria ser de acordo com as circunstâncias. O garoto, acrescento, meteu-se em trabalhos mas gostava dele, tinha um potencial enorme em muitos aspetos. Mas percebeu-se claramente que em casa não o educam, apenas o protegem de forma errada. Educar é muito difícil e ser mãe também. Mas sobre isso falarei no post dois sobre esta matéria. Esta história, entre muitas, só nos diz que, realmente, muitos são muito bons para os pais que têm. 
Para terminar a rir à valente, o relato, ouvido também ontem, sobre outra mãe que se deslocou à escola para falar com um colega. Estava a falar a senhora com o diretor de turma e chamam o garoto em questão. Este começa a falar alto, a desafiar a mãe e mesmo a dizer palavrões. Diz-lhe a mãe: "cala-te já, olha que não estás a falar com os teus professores". É isto.

4 comentários:

  1. Era o que faltava! Alguns alunos falarem com os pais da maneira como falam com os professores. Nem o Crato apreciaria a atitude...

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    1. O seu comentário, jrd, também é hilariante. :)

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  2. Os professores continuam a ser o bode expiatório para os pais e para o país inteiro, diga-se, tidos como responsáveis por criancinhas sem educação e mal formadas (cujos pais "se recusam" a educar ou não fazem a mínima ideia de como fazê-lo) e até por outros males que grassam em Portugal ... Marla

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    1. Completamente :) E mais: por vezes negam/recusam completamente aquilo que sabemos e lhes estamos a transmitir, do género, como ouvi há uma semana, "o meu X não fez nada disso". Teatro, puro.

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