outubro 06, 2013

O mundo de Orwell


Não é só porque o espírito Big Brother reside num programa de televisão que, a partir daí, viu outros semelhantes lhe seguirem. Não é só  porque esse espírito se alimenta e alimenta o voyeurismo das massas e a máquina do poder, se pensarmos em todos os sistemas de escuta, de observação via câmaras, de controlo do quotidiano. É fundamental e perigosamente porque se vive em tempos em que a esfera do privado é controlada de forma totalitária, sem margem para a escolha e para o livre arbítrio naquilo que é e devia ser íntimo e pessoal. Na China, uma mulher é levada durante a noite para um hospital onde é obrigada a abortar. Está - estava - grávida de 6 meses. O marido só a verá depois, já de manhã, após a perda do filho. Em reportagem para a televisão, estão ambos lavados em lágrimas. O seu crime? Desafio à política de um só filho - que apenas permite o segundo nascimento quando o primogénito é uma menina. Política que tem causado desastres a nível social, com milhões de homens (privilegiando-se o filho varão, e imaginando-se o que é feito para assegurar essa preferência) sem namoradas nem esposas. A intimidade desventrada por agentes governamentais. A liberdade de escolha - escolha em prosseguir com uma gravidez - assassinada por poderes políticos. Um exemplo chocante de totalitarismo cruel, inibidor da vida. E, o problema reside aqui, não se trata de ficção. O futuro, aquele que não queríamos imaginar para lá das páginas de um romance, o futuro, impessoal e desumano, está aqui.

8 comentários:

  1. Olá Faty, é verdade ficamos sem palavras e com os olhos bem abertos em frente à televisão. Como pode acontecer uma coisa destas em pleno século XXI , que politicas são estas ? Na China já prevalece há muitos anos a politica do filho único por isso muitos pais abandonam filhas recém nascidas nas ruas, outras são mortas há nascença. Uma coisa horrível. Boa semana e beijinhos.

    ResponderEliminar
  2. Não acabei o meu comentário, dizia eu que muitos pais abandonam as filhas à nascença, mas esta noticia de arrancar do ventre de uma mãe o seu filho é uma coisa chocante, nem tenho palavras.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Fiquei chocada, Aliete. Obrigada pela visita, beijinhos e uma excelente semana aí para o sul, também :)

      Eliminar
  3. Chocante!
    Não havendo mulheres disponíveis, já sabemos qual poderá ser a opção desses homens...
    Marla

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Oh Marlita, vou pensar que queres dizer que podem procurar noivas "abroad" :) Acharia muito bem :) Ok? :)

      Eliminar
  4. Aí está uma política de terrível castração feminina. Mas isso não interessa nada: a China não pode ser oficialmente criticada, porque vai tendo "cobre" para (a)pagar os silêncios.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Pois, estes dois pesos e duas medidas é que não se entendem. Se nos interessa, apoiamos ou calamos, se não, atuamos.

      Eliminar
  5. Amiga, essa seria uma opção. Mas é claro que há outra, cada vez mais em crescimento... Marla

    ResponderEliminar