Estou a ver histórias de perto, histórias de que não gosto, muitas histórias. Em demasia, até. São demasiadas as histórias de mães que são roubadas e agredidas pelos filhos, são demasiadas as histórias de mulheres que são maltratadas pelos maridos, são demasiadas as histórias de consanguinidade sexual forçada nas famílias, são demasiadas as histórias em que os jovens companheiros das mães exercem violências várias, são demasiadas as prisões e dores a que as mulheres se submetem neste país, em pleno século XXI, pós-libertação feminina, pós-direitos das mulheres, pós-lutas pela igualdade. São demasiados os casos em que as mulheres são agentes e vítimas de tragédias suas e de quem é delas. Se, por esse mundo fora, há leis que ainda legitimam certos comportamentos e práticas, aqui já não. O que torna, então, possível estes grilhões em que ainda vivem? Amor, medo, vergonha social, dependência emocional e financeira, medo da solidão, pavor da perda. Onde fica, por causa disto, a dignidade de cada uma, o amor a si mesmas e também, em certos casos, aos seus? Nas escolas sabemos o que se passa em muitas famílias, com muitas mulheres, com muitos filhos e filhas. E saber, já sabemos, é sofrer. Sobretudo quando, ao ajudarmos, ao tentarmos compreender e ajudar, falhamos redondamente. Para o diabo com as leis do coração que só trazem sofrimento. E igualmente para o inferno com as leis da estrutura familiar que se alicerçam no terror e na violência. O medo destas mulheres fá-las sofrer e fazer sofrer outros. Não há lei que o legitime e, no entanto, não tem conseguido a lei erradicá-lo. Não pode libertar-se quem não afronta o medo que aprisiona. A emancipação é uma fraude, a liberdade é uma máscara. Para muitas, porque o sabemos. Ou para demasiadas.
A dependência será eventualmente a causadora disto tudo. Real, ou construída, mas em ambos os casos, forte o suficiente para fazer das suas. Um problema social gravíssimo, que está longe de ter um fim...
ResponderEliminar( Beijinhos Fátima. Gostei muito deste post...)
Obrigada, Carla :) Isso, é um problema social, sem fronteiras, ao contrário do que diz e pensa.
EliminarBeijocas e bom fim de semana (o que resta). *
A Cartilha do Marialva continua a ser a "Bíblia" dos machos analfabetos...
ResponderEliminarE fazem tudo "by the book", não é? :(
EliminarBRILHANTE!!! Lília
ResponderEliminarExagerada e otimista, tu :)
EliminarMt bom amiga!! Andreia Silva
ResponderEliminarMerci :)
EliminarGostei! Bjs
ResponderEliminarObrigada :)
EliminarTriste! A mulher, que muitas vezes é o pilar da família (peço desculpa pela franqueza), continua a sentir-se, a ser vista e tratada como o "sexo fraco", apesar do seu valor desmesurável... Ainda há tanto para fazer / mudar! Marla
ResponderEliminarE, infelizmente, muitas vezes a compactuar com isso. As leis do coração, então, podem ser tão traiçoeiras...
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