outubro 16, 2013

O que é preciso e o que não é


Não é novidade nenhuma mas o jornalismo televisivo, sobretudo os dos canais generalistas, é cada vez pior. Na sexta, dava uma aula sobre o poder dos media e, ao mostrar o trailer do filme "Mad City", acabei por fixar e registar esta pergunta paradigmática no quadro: is the news what we need to know or what we want to hear? Anda-se, há tempos demais, a dar aquilo que se pensa que se quer, ao invés daquilo que é preciso saber. Tudo pelo espetáculo, nada contra o espetáculo, tudo pela melhor história, nada pela verdade. Pessoalmente, não quero aquilo que nos dão. A mesma visão, o mesmo ângulo de sempre, as histórias vistas apenas parcelarmente, o desconhecimento daquilo que as faz surgir, as leituras erradas, imediatas, especulativas, sensacionalistas, mentirosas ou incompletas. Pessoalmente, cansa-me associar os comportamentos e os acontecimentos, sobretudo os nefastos, a estereótipos e a preconceitos repetidos, consciente ou até, se possível, inconscientemente. Bom, vou mais pela primeira hipótese. Pessoalmente, gostava que nos dessem a conhecer outras realidades no terreno, outros estares, outros sentires, para que a impressão fosse fidedigna, real e mais perto da totalidade. Bem sei que pode dizer-se que quem procura encontra, que quem quer saber mais, e melhor, consegue, que há alternativas ao mainstream, mas a maioria não sabe fazê-lo. Ou não pode, perdida em afazeres que deixam entrever apenas os jornais da noite para alguma informação ou renitente em ter mais do que os canais sem ser por cabo. Que pode passar pela incapacidade financeira em comportar mais essa despesa. E, nada de novo, mas velho demais. Ou seja, o assunto, aqui, é o mesmo de sempre. Para o pior. Mad media.

6 comentários:

  1. Olá Fátima Laouini,

    Vim segurando a ponta do seu comentário, procurando, até que a achei aqui. Gostei do que vi. Vou vir mais vezes. Isto é mesmo um mundo admirável, a quantidade de pessoas que vamos conhecendo através do rasto das palavras.

    Gostei de a conhecer.

    Boa noite!

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    1. Olá :) Bem-vinda e é isso, vai-se construindo uma rede (deveras) interessante, na blogosfera, impossível há décadas atrás. Obrigada. :)

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  2. A realidade é o que é, a TV acaba por ser uma janela que se abre para o ‘suicídio’ cultural dos entorpecidos pelo culto da futilidade e da ignorância.
    Abraço

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    1. Tão bem dito. Eu diria suicídio e homicídio, porque "matam" outros por razões que não existem ou que não se lhes aplicam totalmente...

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  3. Concordo. A televisão e os media. de forma geral, programam exatamente o que devemos ver e saber e isso é deveras assustador. O bom jornalismo vai escasseando e assistimos lentamente à hipnotização das massas. Marla

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    1. Lavagens ao cérebro, contínuas e subtis... Está tudo formatado e é sempre a mesma visão.

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