outubro 29, 2013

Ter e haver




A propósito dos maus - péssimos - profissionais em todos os setores e áreas, dou aqui conta de um pequeno episódio que me aconteceu para aí há duas semanas. Entrei numa pequena loja de decoração onde não entrava há bastante tempo. Desloquei-me lá, ao centro da cidade, porque nas outras lojas do género onde vou mais vezes, mais na periferia, não encontrara o que procurava. A loja estava vazia. A empregada de balcão estava sentada numa poltrona da loja e falava ao telemóvel. Devia, pelo teor da conversa que pude perceber, estar a falar com uma amiga, para passar o tempo. Entrei, disse boa tarde, como sempre, e ela, passado alguns instantes, levantou-se da poltrona. Continuou a falar ao telemóvel, embora já na parte de dentro do pequeno balcão onde está a máquina registadora. Entretanto, aproximo-me porque pretendo sair, uma vez que não encontrei o que procurava. Ao passar pelo balcão, a minha parva mania de dar explicações enquanto agradeço leva-me a dizer: obrigada, já vi, mas não encontro o que quero. A mulher pergunta o que procurava eu. E eu, parva a dobrar, respondo. E ela diz, com um ar muitíssimo snob e enfadado (enfadonho, também): ah, mas esse não é o nosso conceito. Conceito? Não percebi bem o que queria dizer com isto. A que diabo de conceito se referia ela? Porque tem de ter um conceito um simples desejo de uma coisa que tem - tinha - tudo a ver com a loja? Surpreendida, ou talvez não, mas já algo irritada, riposto: não? mas era, ou já foi, realmente não venho aqui há anos. Já nem sei o que ela disse, do alto do seu conceito e decerto a pensar que eu, no seu conceito, não valia grande coisa. Os jeans são grandes inimigos da credibilidade social a partir de certa altura, sobretudo se não tiverem uma marca italiana à vista. Ou pode ter sido dos cabelos não lisos, selvagens. Ou até de tudo, daquele meu ar. Ou foi mesmo dela, a exibir uma superioridade qualquer que não existe nem faz sentido, sobretudo para quem está a atender clientes, o público. Na verdade, este tipo de gente, antipática e sobranceira, que nos mira de alto a baixo e nos julga por um sem número de coisas que efetivamente nada revelam também não faz parte do meu conceito. Do meu conceito de profissional competente e que quer e tem de agradar ao público e aos clientes. Porque faz parte do meu conceito reforçar os meus teres e haveres sob um conceito de atendimento completamente diferente.

4 comentários:

  1. Eu simplesmente acho que quem lida com público tem de ter simpatia, diplomacia e ser agradável. Infelizmente, isso não abunda... Marla

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