Quando li esta frase, cravou-se-me cá dentro. Andei vários dias a considerá-la, de tão verdadeira e espantosa que é (desculpe lá os elogios, Pedro). De facto, a barulheira é muita. Os palpites são demasiados, a justiça feita à pressa e sem conhecimento real e profundo, também. Opina-se acerca de tudo, por tudo e por nada, está na moda julgar, mesmo sem qualquer tipo de reflexão fundamental e que deverá preceder sempre qualquer sentença.
O texto do Pedro versava sobre uma vertente em particular, a literatura e os juízos de quem a torna boa ou má consoante critérios discutíveis e viciosos. Este pretende, a ser bem-sucedido, abordar coisas talvez mais simples como questões do dia a dia, passando pelas notícias e pela curiosidade alheia que não é saudável, para não ser, porque não quero, patológica nas palavras.
É que toda a gente é, frequentemente, demasiado opinativa. Se passa uma notícia na televisão saem logo milhares de textos sobre o assunto e de forma fraturante, drástica. Não que esteja errado tecer considerações. Mas que revelem sensatez e alguma racional maturidade e, sobretudo, que construam alguma coisa. Que abram novas perspetivas, que desbravem outras hipóteses. A maledicência pura e dura pode ter alguma graça, e terá se feita com real humor, mas que tal um bocadinho mais de silêncio? Não resignação, entenda-se. Pode a resistência ser feita através do bem, do equilíbrio? Pode. Ghandi e Luther King e Mandela fizeram-no. Venceram pela paz e não pela violência primária das palavras.
E no dia a dia, em nós e nas pessoas de quem gostamos? Porque havemos ou hão elas de sofrer com bitaites maliciosos, precipitados, ignorantes e que nunca deveriam ter visto a luz do dia? Há verdades que ficam bem acondicionadas no baú da elegância e mentiras que ficam só bem enterradas nas almas mórbidas de quem as inventa e se diverte a lançá-las. Porque não se silenciam coisas que não interessam? Que não revelam bondade nem verdade? Que nada sabem, nada acrescentam, nada constroem? Que tudo julgam, que tudo sentenciam?
Suponhamos, condenemos menos. Menos barulho, baixinho... Deixemos quem vive sossegar.
Um pouco de bálsamo e paz! :)
ResponderEliminar"Et pour cause" continuo a sublinhar a ideia de Sartre de que "L' enfer c'est les autres".
ResponderEliminar:)
Urgente, Regina:)
ResponderEliminarNem imagina como continuo a subscrever, jrd. :)
que nem uma luva em tanta coisa, momentos, pessoas... Andreia Silva
ResponderEliminarboa! e por falar nisso, a menina já ouviu aquela do... :))) Luísa Alc.
ResponderEliminarObrigada pela visita, Andreia.
ResponderEliminar:)Pois, Luísa, obrigada, mas não é bem esse tipo de curiosidade que fere, é aquela que é direta, mentirosa, os silêncios que devem ser e não são.
Andam os tempos perturbados, é natural que andemos todos excitados. Concordo consigo, mas é preferível estarmos vivos, do que amorfos.
ResponderEliminarTambém concordo, Carlos:) Mas não defendo a resignação, apenas sou contra a violência primária:) E depois há, no quotidiano, coisas que se dizem perfeitamente desnecessárias, destrutivas, que fazem as pessoas de quem gostamos sofrer e que são inverdades. Palpita-se demais:) Abraço
ResponderEliminarObrigado pela menção e pelo excelente e lúcido texto. Grato, Fátima. Pedro Guilherme-Moreira
ResponderEliminarMuito obrigada eu, Pedro. Pela visita, pela inspiração, pela sua escrita nada ignorante::))
ResponderEliminarOlá Faty, como te digo inúmeras vezes nem sempre leio o teu blog unicamente por falta de tempo, porque quando o leio delicio-me.
ResponderEliminarHoje ao ler este texto, senti que me leste a alma, e que este texto foi quase escrito para mim, porque tudo o que tenho sentido nas últimas duas semanas está aqui espelhado.
Um beijo do tamanho do mundo. Alexandra Pinto
Obrigada pelas palavras amigas, como sempre,Alexandra. Escrevi-o para ti, sim, e para muitas amigas, e para muitos de nós, nestes dias que têm sido, são ou até já foram. Um xi <3
ResponderEliminarConcordo tanto!!! "Acha-se" tanto neste país! Tanto "achismo" desnecessário... Quase sempre maledicente,quase sempre invejoso... Por que o dizer bem,por cá, só se torna justo quando as pessoas partem na longa viagem... Parabéns por mais um belíssimo texto,amiga. Repito o que já alguém disse antes:se não os vejo todos é por mera falta de tempo!
ResponderEliminarBeijo grande,querida! E bom feriado (enquanto existe!)...
Ooopss...esqueci de assinar! Nené,pois claro! ;)
ResponderEliminarObrigada, Néné:) Aproveita também este dia ...em total liberdade:)
ResponderEliminarO silêncio também é um sinal de inteligência! Por isso, o erro está em não saber utilizá-lo... Lília
ResponderEliminarDe muita inteligência... no local certo, na hora certa...
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