maio 14, 2013

Uma abelha no prato


Bem, vi há pouco um apontamento sobre o consumo de insetos pelo mundo, que atinge praticamente dois milhões de pessoas. Entomofagia, nome científico. Não posso dizer que me tenha deixado seduzida. Horroriza-me, é verdade, não consigo evitar a náusea só de pensar em levá-los à boca. Porém, admito que é profundamente cultural e que, portanto, se tivesse nascido na China ou na África do Sul ou ainda noutros pontos do hemisfério sul, decerto que os consumiria como petisco gastronómico.  Afinal, eu sou daquelas que come caracóis e se delicia sempre que vou para sul no verão, aqui no norte não é tão habitual. Mas aquilo que mais me despertou a atenção não foi a existência de insetos na confeção de iguarias orientais, mas a recomendação da FAO como forma de evitar a fome. E, sim, foram mostradas realidades, sobretudo em África, que exigem uma solução nutritiva à falta de alimentos que conhecemos. Uma imensa dor percorre-me ao ver rostos de sofrimento físico primário, fruto de privações básicas que para nós ainda estão, apesar de tudo, garantidas. Se o consumo de insetos não for prejudicial, pelo contrário, então há que compreender quem o faça. Preferia que assim não fosse mas sou eu, do alto dos meus hábitos europeus de fartura, que falo. Não tenho de me chocar, chocante é a fome, e a miséria.  Necessidade ou cultura, há quem goste ou precise de os consumir. Tudo se resume a uma questão de hábito. Quero crer. Como o meu em sentar-me numa esplanada alentejana e pedir um belo pires de caracóis. 

8 comentários:

  1. Se eu conseguia? Acho que não. Perdi a fome quando vi a notícia, mas é como dizes: no meio da fartura é fácil ficar enjoado...O melhor mesmo é não dizer "nunca". Nunca se sabe... Fernanda Pires

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  2. Tenho a mesma opinião como diz a sabedoria popular "burro com fome cardos come"

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    1. Não conhecia esse provérbio/ditado :) Obrigada pela visita, anónimo. Já aprendi alguma coisa hoje :)

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  3. Cara amiga,
    Essa dos hábitos europeus de fartura, deixou-me a pensar no jantar que se aproxima. Sinceramente, acredito que cada vez são menos o que podem pensar assim.

    Quanto aos insectos: Viu o filme de Schaffner, "Papillon", protagonizado por Steve McQueen?
    Nunca me esqueci daquela sequência terrível da centopeia à refeição.
    Bj

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    1. "Papillon" é um dos meus filmes de eleição, vi várias vezes :) A Ilha do Diabo... e o acreditar até ao fim. Cenas inesquecíveis, como essa, sim.
      É verdade, também aqui na Europa a fartura vai diminuindo...infelizmente. Mas falava de mim, não posso, seria ofensivo, comparar-me aos horrores dos famintos africanos, jrd.

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  4. Os insetos também não me tentam, mas havendo outros povos que os consomem, faz sentido explorar a ideia de usar esta "bichadada", sendo ela nutritiva e saudável, para alimentar as populações famintas em África e não só. Cá nós, enquanto podermos manter a nossa dieta europeia não entraremos nesses mundos, por vezes, demasiado exóticos para o nosso paladar. Marla

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    1. Era bom que fosse só exótico, Marlinha, porque no caso da fome... não sei se o será.

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