maio 28, 2013

Os filhos do homem


Sem estar aqui propriamente a tomar uma posição muito definida, dizendo o que é ideal ou não, lá vou atrever-me a dizer algo sobre a matéria. Um dos argumentos que ouvi e li contra a coadoção (ou adoção plena, se vier a seguir ou não vier tão cedo) por casais homossexuais é a de que estes podem "seduzir" os seus filhos adotivos. Não sei se este medo por parte de considerável parte da população, mesmo a nível mundial, se refere a práticas de tipo pedófilo, inaceitáveis, criminosas e imorais, ou a paixões que um dia possam vir a ter pelas crianças já adultas por eles adotadas. Em todo o caso, faz este medo sentido? Sim e não. Vejamos. Pode essa sedução acontecer? Sim, claro. Mas pode tanto acontecer com "pais" homossexuais como hetero. A verdade é essa. No caso de taras inqualificáveis que signifiquem abuso sexual da criança ou adolescente, o fator é o caráter, ou a falta dele, e não a opção sexual. Aliás, a questão, infelizmente, passa bem além da adoção, passa por perturbadoras relações de sangue onde pais abusam dos filhos, tios e avôs abusam de sobrinhos e netos e por aí fora. Chocante ao mais alto grau, imoralidade completa, e, no entanto, é um facto. Portanto, qualquer opção sexual pode apresentar nas suas fileiras indivíduos com tais comportamentos. Os homossexuais não são, desta forma, piores nem estão, também, acima de qualquer suspeita. Por outro lado, lembro-me automaticamente da Mia Farrow e dos seus muitos filhos adotivos. É sabido que Woody Allen a trocou por uma das "crianças" entretanto já adulta, de origem asiática. Não penso que tenha sido fácil para a Mia enfrentar essa realidade. Mas é possível acontecer, embora não numa situação tão condenável quanto a prática de ofensas em idades que não sabem discernir e que sofrem de coação, na maior parte dos casos. E também não podemos esquecer que muitas crianças são também vítimas nas instituições que as deviam proteger. Porque o animalesco existe em todas as áreas, esferas e opções. Resumindo, e porque me pus a pensar quando li esse argumento, está aí o que penso. O que resta a estas crianças? A estas e a todas, mesmo com família? Sorte. Terem a maior sorte do mundo para que o mal nunca lhes venha roubar a inocência e a magia próprias das suas idades.

6 comentários:

  1. Fátima, é bom que tenhamos todos a consciência de que esse risco ( abuso, sedução) aumenta significativamente se a criança for institucionalizada. E penso que nem é preciso pensarmos muito no assunto para lá chegarmos...

    Beijinhos

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    1. Sem dúvida, amiga Carla. Esse risco é, infelizmente, tremendo... E tu sabes do que falas, certamente. Beijocas *

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  2. Bom dia Faty. Faço minhas as suas palavras, não preciso de acrescentar mais nada.Beijinhos

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    1. Boa tarde, querida Aliete:) Obrigada e retribuo :)

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  3. Muito bem dito! Eu também penso que as crianças precisam de sorte e de amor, venha ele donde vier! Marla

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    1. E de cuidados, sim. Agora o resto é uma incógnita...como sempre, em qualquer família. Embora pessoalmente considere que há situações mais ideais do que outras.

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