Parece-me que o fascínio tem sempre a ver com o desconhecido. Ou, por outras palavras, que deixa de o ser quando passa a ser uma realidade observada, sentida, vivida. Parece-me, não sei. Pode ser que haja fascínios que perdurem para além do conhecimento, mas estou a tentar recordar-me de algum que tenha sobrevivido à experiência real e não me lembro de nenhum. Das duas uma - ou tenho fraca memória, o que não anda longe da verdade, ou ele só existe enquanto consistir num desejo não consumado. A partir daí, do anseio tornado realidade, fica um gosto, uma paixão, um amor. Ou mesmo nada disso, claro. Depende do que acontece depois. Mas o fascínio tende a esvair-se. Porque ele alimenta-se da vontade de algo que não conhecemos, de uma aspiração que não desbravámos. O meu fascínio pelo extremo oriente, por exemplo. Resistiria provavelmente às boas experiências, sensoriais e outras, mas resistiria porventura, a havê-las, às más? E mesmo havendo só boas, não se transformaria, como digo antes, em preferência, entusiasmo, arrebatamento?
Há fascínios e fascínios, dir-se-á. Mas da forma como o entendo, eventualmente como sinónimo de admiração, passa muito pelo desconhecido. Ou então isto não é mais do que uma forma extremada de idealismo.
Quando o fascínio tem muito a ver com o desconhecido, o risco de queda é conhecido.
ResponderEliminarAbraço
O grande perigo do idealismo ? :)
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