maio 16, 2012

Olha, tu aí

                                          
Faz-me sempre muita impressão as pessoas que conversando connosco não dizem o nosso nome e não olham para nós. É o máximo da frieza, do disconnect automático on the spot, e espanta-me não se aperceberem de como o eye contact é fundamental para se criarem laços, sejam eles qual forem, momentâneos ou mais perenes, profissionais, sociais ou mesmo pessoais. E maior impressão me faz se isso vem de professores, classe que deveria ter aprendido essas teorias nas muitas formações que fizeram, já que para muitos, está visto, não lhes será inato.
Impressão, má impressão e a seguir repulsa, vontade de estar do outro lado do mundo. Não por carência, era o que faltava, a situação que despoletou este texto é meramente profissional e acabará brevemente, oh yes thank god,  mas por falta de pachorra para lidar com má educação e pessoas formatadas, heartless e com uma incomodativa mania que estão ali para liderar desde o início e que os outros são meramente secundários, assunções assim vindas não sei de onde .
E é por estas e por outras que as avaliações em trabalhos de grupo com pessoas que nunca vimos nem com as quais, pelos vistos, não temos qualquer tipo de empatia nem identificação nem no estilo nem nas ideias sempre me moeu a cabeça. Não há, a meu ver, porque forçar o trabalho em grupo não desejado. Os resultados podem ser catastróficos e as pessoas de fora podem não se aperceber das dores que infligem aos que estão dentro. Sabemos que há necessidades de trabalho de equipa mas há sempre uma escolha. Se não estamos bem e se anulamos o eu e sofremos há um escolha - sair. Sempre odiei o coletivismo forçado, e as imagens de uma união soviética feliz a trabalhar alegremente em prole do grupo saiu completamente gorada, certo? Claro, ninguém aguenta não poder realizar escolhas individuais quando o grupo não preenche as nossas ânsias.
Mas vem isto tudo a propósito de alguém que estando a trabalhar comigo desde há algumas semanas não olha para mim uma única vez. Até que ontem saiu: hey, não olhes só para a(s) tua(s) (outras duas) colega(s), assim penso que não gostas de mim, já estou a ficar carente (não estava, estava a ficar irritada, o que é, Monty Python dixit, uma coisa completamente diferente). Trabalhar em grupo significa pluralismo e sobretudo envolvimento. Se não o houver, não me apetece fazer a ponta de um chavo. E eu envolvo-me se disserem o meu nome e olharem para mim. Duas coisinhas tão simples, vão direitinhas ao coração. Não sei porquê e se lhe acontece o mesmo a si ou não. Mas o que importa é que sem envolvimento não há produção. Pois máquina não sou.

9 comentários:

  1. Touché, em matéria de nome. É que me acontece com frequência encontrar pessoas que já não vejo há muito tempo e cujo nome não me lembro.
    Quanto ao resto, totalmente de acordo.

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  2. O colectivismo forçado, mais não é do que uma soma errónea e errática de individualismos. Uma soma que é um embuste, por muitas 'provas' que lhe tirem...
    :)

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  3. Carlos, isso do nome nessas circunstâncias é normalíssimo - também me acontece:) Falava do nome travado quando se conhece a pessoa, por vezes mesmo há anos...

    jrd, que grande comentário no qual me revejo totalmente, desde sempre. Um embuste e que provoca infelicidade.

    Que grande prazer tê-los por cá, caros amigos, enorme mesmo. E estou a olhar para vocês, mesmo sem rosto::)))

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  4. É ótimo podermos trabalhar com quem queremos e ter a opção de escolha dos membros da equipa. Porém, muitas vezes não é assim! A vida é cheia de imposições e contrariedades!
    Olhar para as pessoas é, no mínimo, um gesto de educação, que poderá significar companheirismo, amizade, admiração, reconhecimento... Quando tal não acontece, pode revelar uma grande distância (ou desprezo); é como se a pessoa não existisse... É muito fragilizante! Marla

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  5. Disseste tudo, Marla - é também uma questão de (má) educação e aqui nos dois sentidos da palavra. Enfim, era tão bom poder escolher:)

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  6. uff, verdade total, o que me dá ainda mais vontade de ir hoje para uma acção de formação até às 10 da noite. Sagi

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  7. Trabalhos forçados, é o que se chama a isto, Sara::))

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  8. Yesterday an American teacher of English talked about that - the importance of calling people by their name and looking in the eyes. I'm not a groupy in any way but I enjoy team work...when I'm leading! ;)
    Sagi

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  9. É mais do que evidente que a boa comunicação tem de passar por aí. E o envolvimento também. Seja em que relação for. Que haja professores que disso não se tenham apercebido é que já me faz um bocado de espécie - e não apenas com alunos, com os colegas e com as pessoas em geral. Eu também gosto de team work - não preciso de liderar . Preciso é de pluralismo e de diálogo. Liderança a mais é ditadura.

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