maio 24, 2012

Distância

                          
Hoje dei por mim a não gostar de aviões nem o que eles significam em distância nem o que países estrangeiros significam em distância e em dificuldades à partida maiores de rever pessoas com mais frequência por causa da distância física. O que nem sempre tem de ser verdade - posso viver perto geograficamente de uma pessoa e não estar com ela fisicamente durante largos meses e até anos - quantas vezes isso não acaba por acontecer, na prática, até com amigos ou familiares? Mas dizer adeus por causa de um voo e de um país que não se partilha às vezes incomoda-me, como foi hoje o caso. E é engraçado verificar que, às vezes também, pode trabalhar-se com indivíduos um ano ou mais e quando cada um segue o seu caminho não há grandes angústias ou tristezas e podemos, ao invés, estar com alguém umas meras seis semanas ou menos e sentir uma saudade que não esperaríamos logo na hora da despedida. Sou um bocado estranha nas despedidas que envolvem estas mudanças para outros países - seja eu a sair e a vir para cá ou os outros a partirem. Fico sempre emocionada, partindo-se do princípio que gosto das pessoas com quem convivi. Depois, passa-me rapidamente, a vida continua, mas naquela altura a emoção costuma assaltar-me. Hoje vi uma napolitana, que esteve a trabalhar connosco e que foi às minhas aulas e que eu entrevistei e com quem conversei e ri e partilhei muitas ideias e devaneios de ensino e outros, partir para Roma. Foi uma convivência de que gostei tanto, e que sei que foi recíproca, que senti o abraço e a amizade possível de semanas como verdadeiros e custou-me que houvesse distância e aviões marcados que significam muito tempo até a uma próxima visita. Em tempos de vacas gordas as pessoas poderiam viajar mais e pagar tarifas mais facilmente mas nem isso ajuda. Bolas para a geografia de que tanto gosto. Porque é que as pessoas têm que partir se estamos tão bem com elas? Porque é assim e assim vai continuar a ser e assim somos felizes, cada um no seu lugar, embora possamos sempre trocar de lugares. Mas pronto, hoje não gostei do que as viagens também podem significar - adeus. Espero voltar a ver-te, amica mia.

3 comentários:

  1. Durante muitos anos a minha vida foi passada em partidas e chegadas, despedidas e encontros, por vezes também alguns reencontros.
    Pensei que tinha ficado vacinado, mas quando no início do ano estive mais uma vez na Argentina em trabalho durante algumas , ao regressar senti que o mundo desabava. Talvez porque soubesse aquilo para que vinha...
    Beijinho

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  2. Felizmente que as viagens também podem significar - até já!
    E, para isso, nada melhor do que o aviao.
    :)

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  3. Carlos, imagino que sim, pelo seu percurso de vida. Pois realmente sou muito emotiva naquele momento da despedida - e recordo pessoas que nunca mais vi e que me emocionaram naquele momento preciso. Beijinho grande para si

    jrd, também, também, é o que nos vale. :) Mas nada impede o nó que às vezes se sente naquela altura em particular.

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