maio 20, 2012

"Retidão e moralismo"


"(...) O estudante defende que os professores são injustos mas ele copia o trabalho de um colega. O comerciante lamenta-se pelo facto de as pessoas não pagarem os impostos mas ele foge ao IVA. (...) O moralista toma a atitude de moralizador muito íntegro mas depois faz o que lhe apetece. Tem sempre na boca expressões morais como direito, dever, bem, mal, justo, injusto. Porém, como na parábola do evangelho, vê o argueiro no olho do outro mas não a trave no seu. 
Os sentimentos específicos da moralidade são o sentimento do dever, o sentimento de culpa, a arrependimento e o remorso. Pelo contrário, o moralista condena, indigna-se, protesta, estigmatiza, pede justiça, castigos exemplares. Olha sempre para os outros, nunca para si mesmo." (Francesco Alberoni, O Otimismo)
Aos de cima, poderíamos acrescentar muitos mais exemplos de moralistas e hipócritas que proliferam à nossa volta. Que infelizmente proliferam à nossa volta. Não é preciso centrarmo-nos apenas nos políticos, como deve ter percebido, eles atravessam transversalmente todas as profissões, géneros, religiões, idades e áreas geográficas. Esse é que é o grande problema. Pois se nem a evolução dos tempos o tem conseguido, difícil é  conseguir de alguma maneira uma ordem que possa mudar as cabeças desonestas disfarçadas de morais. Desta forma, até quando e porque temos nós que levar com a falsa moralidade que habita longe da verdadeira retidão?

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