maio 25, 2012

À conversa



Há as pessoas que gostam de falar e há as pessoas que gostam de refletir. Penso que me insiro francamente nas segundas. Até porque estas, como eu, apreciam o silêncio, necessário à reflexão, o que não me parece que aconteça com as primeiras. Com isto não se pense que não sou comunicativa, sou muito, e conversadeira, mas conversar não é o mesmo do que falar. Conversar pressupõe interagir com o outro, ouvir. As pessoas meramente faladoras não sabem frequentemente ouvir, ou quase nunca. Ouvem-se a si mesmas, o que já é uma grande trabalheira. Já aqui falei desta incapacidade de parar para absorver o que o outro tem para dizer, da necessidade de se cultivar a inteligência emocional a par da intelectual. Só através da primeira se poderão construir relações verdadeiras, construtivas, sólidas, edificantes, enriquecedoras, tanto do ponto de vista pessoal, como educacional, como profissional. Por outro lado, as pessoas reflexivas costumam gostar e necessitar de algum tipo de comunhão espiritual com a natureza, quer seja através do silêncio puro quer através do contacto com os seus elementos naturais, como renovadores de energias que lhe agucem o espírito e a criação. Gostar de estar perto do mar pode não ter a conotação de superficialidade e de culto do corpo que uma ida à praia normalmente acarreta. Há reflexões que não são possíveis em ambientes urbanos, com estímulos visuais e sonoros que muito perturbam a interiorização das coisas, por exemplo. Pessoalmente, cada vez mais a serenidade dos espaços físicos me traz bem estar interior que me faz produzir e criar mais e mais.
Mas comecei por abordar o falar e o refletir. Termino dizendo como gosto de pessoas que combinam conversa e reflexão. E talvez acrescentando que uma não é indissociável da outra, sendo que conversar já é refletir a dois. E que boa foi esta conversa.

5 comentários:

  1. Mais uma vez estou de acordo consigo, Fatima. Há pessoas que, pura e simplesmente, não conseguem ouvir. Eu reconheço que, numa discussão acesa, por vezes também perco essa capacidade porque, erradamente, penso que poderei fazer vencer os meus argumentos através das palavras. Quando me comporto assim, acabo por ficar com um sentimento de culpa...
    Na generalidade, porém, gosto mais de reflectir. O que não suporto mesmo é conversa de chacha.
    Um bom fds
    Quando passa lá pela filial do CR? Gostava de saber a sua opinião sobre o conto que escrevi durante a semana.

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  2. :) Já somos dois, meu caro amigo.
    Carlos, não tenho ido ao ROCKS:) por falta de tempo, as narrativas exigem-me mais tempo e atenção, de que agora não disponho. Mas assim que estiver mais aliviada do intenso trabalho de final de ano, prometo que lhe darei toda a atenção que merece. Obrigada por me julgar merecedora de uma "opinião". :) Bom fds para si também

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  3. Conversa muito boa mesmo! Lília

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  4. É isso tudo! Sagi

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