novembro 07, 2011

(N) A verdade

   

Haverá certamente em mim o gosto pela verdade, tantas vezes ela é mencionada aqui e tantas vezes tem feito parte das minhas obsessões. Porém, e dei comigo a pensar nisto mais do que uma vez, não sou nem de longe uma defensora da verdade em todas as circunstâncias.
Pois não, para dizer a verdade.
E continuando a detestar a mentira e a dissimulação.

Defendo-a como base para as relações autênticas, como uma ética de conduta, como essencial para a construção positiva e honesta de algo. Mas não sou apologista do seu uso a todo o custo, em qualquer altura, em qualquer lugar, com qualquer pessoa.
Há verdades que são desnecessárias, há verdades que são cruéis, há verdades que  são impulsivas, há verdades que devem, simplesmente, ficar guardadas. E algumas até se desvanecerão...na memória de um tempo que foi.
Devemos ter contenção na nossa franqueza. Nem sempre o conseguimos, por fatores psicológicos e circunstanciais, mas não devemos fazer o culto da verdade a qualquer preço. Se apenas magoa e destrói, então há que pensar antes. Há que pensar no recetor e no momento, no lugar e na situação e tudo isto ao mesmo tempo. Tem que haver inteligência emocional. Esta sim, deve ser cultivada. E a partir dela a verdade será mais construtiva, mais oportuna ou mais apreciada. 
Há também o caso em que se apregoa verdades mas em que não se confronta a maior verdade de todas - aquela que está, bem profunda, dentro de nós. E não podemos ser verdadeiros perante os outros e a vida se não o formos para nós mesmos.
A verdade clarifica, enaltece, constrói. Mas a verdade também faz doer, separa e destrói. Está nas nossas mãos, na maior parte das vezes, escolher o lado que queremos fazer nascer. E, para isso, há que medir bem a dimensão da verdade e onde e quando a expressamos. Temos que ser inteligentes também na alma. Essa é que é a verdade.

5 comentários:

  1. Concordo plenamente, sem tirar nem pôr uma vírgula...e tu dizes isso tão bem! Gi

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  2. A verdade é « pura e dura » como diz o ditado... D.

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  3. Temos que ser inteligentes também na alma" - excelente, Fatinha! Muito bem refletido e colocado. Obrigada! :)*** Luísa

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  4. Inteiramente de acordo!!!! Verdade e inteligência: simbiose perfeita! Lília

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  5. É, não é? :) Há verdades que não devem ser expressadas porque nada constróiem. E, se absolutamente certas e justas, devem ter em conta o local, o tempo, a circunstância. Cérebro mas também alma.*****

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