fevereiro 09, 2012

À descoberta

        

Ler é das coisas mais enriquecedoras, porque nos permite aprender tanto e saber sempre mais. Há definições, certamente, sábias e maravilhosas sobre o que significa a leitura, os livros, as histórias, os ensaios, a prosa e a poesia. Não estarei, portanto, em condições de o fazer melhor, nem é o ponto onde quero chegar hoje.
Quando estudei os Descobrimentos, vistos da minha condição de aluna adolescente interessada pela história, e pelas viagens, interesse  que então se começava a desenhar, houve uma parte que me chamou particularmente à atenção. Era a que dizia que o conhecimento deixara de ser livresco para passar a ser experiencial. Ou que deixara de se centrar apenas nos livros para passar a centrar-se na experiência dos sentidos, da descoberta, da observação in loco. E lembro-me de ter gostado. De ter gostado muito do que isso significava e envolvia.

O saber, as referências, a fantasia, a cultura dos conhecimentos não chegam para tornar um indivíduo verdadeiramente sábio e até interessante (pronto, aqui poderá apenas expressar uma preferência, porque todos as temos). O indivíduo fechado em bibliotecas ao melhor estilo bookworm sem contato exterior com os exteriores vários que fazem parte disto tudo, sem capacidade de sociabilização e de abertura, sem conhecimentos sensoriais e de comunicação com o existente, e até com o diferente, sem laços afetivos e efetivos de uma mão cheia de matérias que vão para além das páginas ou de uma hermética erudição, não passa de uma enciclopédia ambulante. Adoro enciclopédias mas também adoro atlas, ou o que eles acarretam. Ou como cultura e vida, viagem, aos locais e às pessoas, não podem estar disassociadas. Sob pena de estarmos perante algo ou alguém meramente fantasioso que sabe muito e exibe muito mas que na prática nada conhece do ser humano, do mundo e das suas idiossincracias, tonalidades. Nada pior do que não reconhecer as nuances de mil e um lugares, de mil e uma coisas, de mil e uma realidades. Não viveu, não viu, não sentiu, não assimilou. Conhece, opina, enuncia factos e nomes, refere, discorre, mas terá realmente apre(e)ndido?

Da mesma forma, o saber experiencial obrigará também a uma organização de ideias, a um registo de ocorrências, a um contar para a posteridade. Eternizar o momento. Aí os livros, as leituras, melhor dizendo, são imprescindíveis para a interiorização, para a reflexão, para o sonho, para viajar no tempo e no espaço. Uma bela dança de emoções entre um e outro será algures e somehow o ponto de encontro. Encontro entre a cultura e o conhecimento e entre as vivências e as experiências. Só esta fusão nos poderá tornar mais completos. E, lá está, muito mais interessantes.

4 comentários:

  1. Ao ler-te ocorreu-me um pensamento de Lao Tzé, que cito de memória: "quem quer conhecimento acrescente uma coisa todos os dias; quem quer sabedoria retire uma coisa todos os dias.". É interessante refletir em tudo isto... bjoka Luísa

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  2. Muito:)
    Belo e sábio pensamento. Erudição e vida - the perfetc match:) Custa é lá chegar:) Bjinhos

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  3. Ser rato de biblioteca é muito importante, principalmente quando também se é rato da cidade e do campo.

    bfs

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  4. :) :) Tb pode vir o da carochinha? :)
    Obrigada, para si também, claro! **

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