fevereiro 05, 2012

Olhos de África

Noite de cinema que não tinha há séculos.

Os olhos azuis de Yonta, que ainda não vira.
Pós independência. África já livre, pobre, pois não se trata de África?, resgatada do passado mas ainda sem o futuro que quereria.
Presente a desligar-se dos ideais, surgem os negócios e as negociatas.
Inocência de costumes, liberdades ainda muito coletivas.
A moça star de Bissau, vaidosa, a querer viver a moda e o romance.
E Amilcarzinho, maradona de bola na mão, que diz à irmã: sabes que tenho de treinar todos os dias. Quero ir para Portugal jogar.

Como renegar o sonho de uma criança? Como desejar que não venha?
Alguém de longe sonhar com o meu país alegra-me, enche-me de jubilante orgulho.
Como fechar as portas a quem vem? Como dizer vão embora, não pertencem cá?
Como desprezar quem sonha, terna e inocentemente, com o meu país?
Como, afinal, cortar as asas ao sonho?

Nem era a questão central do filme, mas tornou-se na deixa que não esquecerei.

2 comentários:

  1. ...é essa tua capacidade de descobrir novos leitmotifs, ou de tornar primordiais todos os sucedâneos...
    joao de miranda m.

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  2. :) Oh jmm, tranquiliza-me, por favor: isso será bom ou mau? :) :) Capacidade ou infelicidade? lol

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