Não sou grande apreciadora de filmes musicais, embora haja alguns que são eternos e outros que, mais recentes, me tenham cativado pelo refinado cruzamento que fizeram das várias artes. Mas já sou bastante apreciadora de musicais no palco. Hoje, não sei porquê, lembrei-me de Miss Saigon, o primeiro musical a que assisti, quando estive em Londres, há mais de uma década. Lembro-me de que foi no Theatre Royal Drury Lane, Covent Garden, e de estar esgotado por volta das 5 da tarde. Apanhamos o metro outra vez no dia seguinte para conseguirmos tirar os bilhetes de manhã. Era assim há anos, esgotado todas as noites.
Ficou-me na memória o helicóptero ruidoso a surgir em palco, fazendo-se um remoínho de vento à medida que descia. Ficou-me na memória o barato vestido preto que comprara em Oxford Street. Ficou-me na memória a fotografia que tirei antes com um dos atores da peça, um asiático sorridente que era filipino. Ficou-me na memória a presença na plateia do nosso ator António Montez e família e da pequena audácia em dirigir-me a ele e dizer que também era portuguesa. Ficou-me na memória a vida daquela cidade, o West End, fervilhante de cultura, de culturas. Ficou-me na memória a paixão por histórias abrigadas sob o mote vietnamita e as cores e traços condizentes.
Miss Saigon saiu de cena em 1999. Não voltei a Londres. Persiste o gosto pelo oriente.
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