Finalmente visto o filme "The End of the Affair", adaptado da obra de Graham Greene. Apenas 4 ou 5 personagens, 3 centrais, o par dos amantes e uma história densa, a aflorar os conceitos da culpa católica, geralmente cara ao escritor.
A dado momento, depois de uma promessa, Sarah decide deixar o amante. Despede-se com a frase love doesn´t end just because we dont´see each other. E compara isso ao amor por Deus, que as pessoas amam sem nunca o terem visto. A questão põe-se, pois, na possibilidade do amor se manter para lá da distância e da ausência física.
Há quem diga que sim, há quem diga que não. Pode amar-se alguém uma vida inteira, até à eternidade e estarmos a milhas fisicamente. Ou se não na geografia, a milhas da partilha de uma vida. É bem possível distrairmo-nos, iludirmo-nos, gostarmos de outrem e ainda assim manter o amor intocável, o verdadeiro, algures na memória de algo que desejámos e que não pôde ser. Mas também é possível porque bastante provável que a ausência física vá matando um sentimento que não se alimenta da espiritualidade e do platónico eterno alicerçado na distância. That´s not my kind of love, responde Maurice. Longe da vista, longe do coração, disse-se e diz-se ainda. Podemos então vir a distrair-nos, a iludir-nos e a gostar verdadeiramente de outro ou outra, em suma a amar alguém que não esteja longínquo. Ou então pura e simplesmente o amor desvanecer-se-á, sem influências alheias.
Pode ser possível que um amor tenha acabado porque deixámos de ver alguém. Ou pode ser que não vendo o mantenhamos, ao amor, puro, forte e inabalável. Quem ama fá-lo como sabe ou pode, na ausência do outro, longe. Saiba-se se se quer continuar a amar na distância ou se se quer amar na proximidade. Se o querer aqui interessa para alguma coisa. Amar não é fruto da escolha, frequentemente, mas sim do acaso. Que pode trazer para perto ou levar o(s) amor(es) para longe.