Ontem na leitura de um post do PRD li que as pessoas porreiras também dizem coisas como "vai-te lixar" no meio de brigas conjugais e coisas parecidas que só parecem pertencer a quem não é porreiro e quem não controla bem e educadamente as emoções. Pois bem, manancial do melhor para uma reflexãozinha, portanto.
Oh pá, afinal os porreiros, os educados, os formados e os de bem com a vida no geral também vivem cenas destas. Também dizem palavras menos polidas, e aquela expressão é a mais delicada, quer-me parecer, também descambam em impulsos como bater com a porta, também gritam e se desiludem, até porque também se divorciam. Sim, os porreiros. E tornar-se-ão menos porreiros por causa disso? Obviamente que não. Esse era aliás o cerne do post, que aliás era uma transcrição de parte de uma entrevista lida no Público pelo jornalista. A questão que se levantava era que os indivíduos não são monstros por dizerem e fazerem coisas destas. E que a arte o(s) deveria mostrar, que um museu qualquer os deveria retratar nestas lutas conjugais do dia a dia, que os humanizasse aos olhos da sociedade, uma vez que são comuns e que fazem parte da condição humana com as suas limitações e fraquezas.
A arte não deve glorificar o que é mau mas deve aproximar o real das leituras possíveis. Assim como o afeto, o ciúme, a paixão, o sexo e o casamento, a desavença deve ser encarada como parte integrante da dimensão imensa do amor ou dos caminhos sinuosos do amor e da relação amorosa. Que não contem palavras doces é uma realidade, que é duro de ouvir e que explode num chorrilho de impulsividades escusadas muitas vezes também. Que faz estragos, idem aspas. Mas porque negá-la? Porque alimentar sentimentos de culpa e de vergonha quando é mais abrangente do que se pensa?
As brigas são do caraças. Não são nada porreiras. Mas porreiros ou não, todos as conheceremos. A menos que não vivamos intensamente a relação amorosa. Ou que sejamos estranhos mestres no controlo total das emoções. Portanto, encaremo-nos com mais naturalidade. Da próxima vez que visite um museu, olhe bem para a galeria de imagens. Pode ser que se reconheça lá. A dizer "vai-te lixar", claro. E sem deixar certamente de ser porreiro.
Subscrevo. As fraquezas são inerentes à condição humana. Excepto para aqueles que acreditem na existência de santos, mas não é esse o meu caso.
ResponderEliminarSão mesmo, Carlos. Só quem pouco ou nada sabe acerca dela poderá dizer o contrário. Obrigada.
ResponderEliminarAs pessoas porreiras também usam eufemismos...
ResponderEliminar:)
Se usam...:)E discutem e o resto. Bom domingo, jrd.
ResponderEliminarnão sou nada porreira, nem sequer gosto da palavra, pronto. e sim, posso dar-me ao luxo de bater c a porta se me apetecer e dizer palavrões de vez em quando. I'm entitled to, that's it. Sagi
ResponderEliminarPenso que aqui o "porreiro" se contrapõe ao desclassificado, ao traste, se assim se poderá dizer. Denota as pessoas comuns, até bem educadas, em vários sentidos. :)
ResponderEliminar