Em conversa com colegas do sexo feminino ao almoço que são
autênticas terapias de grupo concluimos frequentemente que os estados de stress
prolongado alteram perigosamente o caráter das pessoas. Ou seja, pessoas
afáveis e simpáticas, com boa energia e de bem com a vida de uma forma geral,
podem também ser acometidas de ataques de impaciência, de irritabilidade, para
dizer o mínimo, e de reações intempestivas maiores que podem até descambar em
atos de violência verbal ou mesmo física. Se parece haver indivíduos mais imunes
ao stress do dia a dia, também é verdade que a carga psicológica e física e
vice versa de períodos intensos de trabalho e de exigências profissionais e
emocionais podem dar cabo da melhor das almas.
Como percecionar esses efeitos? Seguramente que a maior parte
de nós afirmará “descarregar” em cima de quem vive connosco, ou seja, das
pessoas de quem à partida gostamos mais. Espantosa incongruência para um estado
que de espantoso só tem o espanto que provoca em quem nos conhece risonhos,
bem-dispostos, positivos e que nos atura debaixo de condições que não são as
nossas intrinsecamente.
Alguns poderão alegar que a verdadeira natureza brotará de um
período debaixo de pressão mas parece-me que assim não é – a verdadeira
natureza não pode ser influenciada por nenhum fator anómalo continuado, de
duração para lá do aceitável ou do humanamente desejável. Até porque há pessoas
que estando sem traumas e sem pressão, não trabalhando e não tendo problemas
sérios de saúde, estando mesmo de férias, continuam mesquinhas, insuportáveis e
basicamente execráveis.
Mas o que gostaria de dizer hoje é que ao abrigo deste pano
de fundo em que nos descontrolamos facilmente em casa, fazemos, muitos de nós,
um grande esforço por nos controlarmos lá fora, socialmente e sobretudo no
mundo do trabalho. Não erradamente mas de forma algo calculista, ainda que
inconscientemente e sem malícia. Pois não é mais fácil, à partida, segurarmos
os afetos de quem nos ama desde sempre do que quem connosco mantém apenas
relações profissionais? Até porque outras coisas estão em jogo?
Mas este controlo assenta também sobre uma outra coisa. Já
reparou que dentro da nossa casa, família, se nos compreendem também nos cobram
mais? Também nos dizem mais vezes a verdade? Despoletando, com isso, reações
pouco calmas da nossa parte? Por outro lado, também há no emprego e no círculo social pessoas com uma atitude permanentemente impecável – e na família é desejável
que sim – que sabem calar e ver os sinais de stress, acalmando os ânimos quando
estão prestes a exaltar-se. Já reparou que há pessoas com as quais nunca se
enerva, por muito stressado que esteja? Que inteligentemente nunca inflamam?
Há, então, pontos de equilíbrio que vamos sugando para
sobrevivência pessoal no meio da pressão – a natureza, o desporto, o sono, o
conviver, os hobbies, as férias, seja lá o que for que nos faça aliviar. Certas
pessoas também. Elas são pilares de apoio, consciente, sábio e cúmplice. Fazem
bem e ainda bem que estão por perto. Este texto hoje vai direitinho para elas - representantes da serenidade amiga tão necessária em dias cada vez mais
corridos de cumplicidades.
também no bahiamulher
:):)E que bom que elas existem... ( Obrigado pela referência. Mesmo...)
ResponderEliminarNão são muitas as pessoas que se constituem pilares de apoio quando estão ao "pé de nós". A maioria usa o(s) pé(s) para bater em quem têeem mais à mão.
ResponderEliminar:)
CF - Ainda bem mesmo, são preciosas. Quanto ao resto, as minhas sugestões são gostos meus, não duvides. :)
ResponderEliminarjrd, vão sendo raras, sim, por isso há que enaltecê-las. Dos outros nem é bom falar - embora eu fale deles não raramente:)
Estava a entrar numa dessas fases quando hibernei para Monfortinho. O convívio com a Natureza também me devolve a tranquilidade.
ResponderEliminarFátima,
ResponderEliminarDesculpe o "têeem". Até parece que estava a escrever com os pés...
:)))
Carlos, a natureza é mesmo a maior regeneradora. Quando sob pressão procuro os espaços naturais, de preferência sem gente e ao ar livre. Só assim o alívio é eficaz:)
ResponderEliminarjrd, nem notei:) Um écrã doente faz maravilhas::))