Ainda assim lembrei-me agora de que antes de ontem, enquanto inesperada mas tranquilamente almoçava sozinha no restaurante habitual, escutei a seguinte frase dita por um de dois homens que se levantavam já da mesa: "O Hitler é que tinha razão." Não sei classificar muito bem os indivíduos: não eram engravatados mas também não eram barrigudos, eram magricelas e não me pareciam endinheirados - o restaurante é de pelintras, acrescente-se, servem lá diárias muito económicas - mas também não tinham um ar assim muito muito tuga, se me faço entender. Não interessa - interessa é que não disseram o Sócrates ou o Soares ou o Cunhal ou o Salazar ou até o Estaline, salvaguardando as distâncias entre eles, não, o que interessa é que disseram "o Hitler". Posto isto, nem me atrevi a pensar a que se referiam. Pior do que isto é difícil. Pior do que isto não há. Vão querer o quê? Exterminar o mundo inteiro? Acho que os preferia mais tugas, ventre proeminente e garrafão na mão a ouvir música pimba. De longe. A razão das conversas seria, certamente, outra e mais saudável.
junho 14, 2012
Razões
Ainda assim lembrei-me agora de que antes de ontem, enquanto inesperada mas tranquilamente almoçava sozinha no restaurante habitual, escutei a seguinte frase dita por um de dois homens que se levantavam já da mesa: "O Hitler é que tinha razão." Não sei classificar muito bem os indivíduos: não eram engravatados mas também não eram barrigudos, eram magricelas e não me pareciam endinheirados - o restaurante é de pelintras, acrescente-se, servem lá diárias muito económicas - mas também não tinham um ar assim muito muito tuga, se me faço entender. Não interessa - interessa é que não disseram o Sócrates ou o Soares ou o Cunhal ou o Salazar ou até o Estaline, salvaguardando as distâncias entre eles, não, o que interessa é que disseram "o Hitler". Posto isto, nem me atrevi a pensar a que se referiam. Pior do que isto é difícil. Pior do que isto não há. Vão querer o quê? Exterminar o mundo inteiro? Acho que os preferia mais tugas, ventre proeminente e garrafão na mão a ouvir música pimba. De longe. A razão das conversas seria, certamente, outra e mais saudável.
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Pois é! O "lumpen" pode ser muito perigoso.
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Mas que bem dito, jrd! Sempre me assustou a cultura do proletariado sem alma e sem ética! E pensando bem, olhe que eles pareciam figuras literárias, quase dickensianas...por alturas da revolução industrial. Tudo dito.
ResponderEliminarPois, eles andam aí à solta e não tenho dúvidas que muitos deles gostariam de ser exterminadores implacáveis. Não é só na Noruega que existem Brejviks...
ResponderEliminarBeijinho e as melhoras do LCD!
É mesmo, infelizmente estas cabecinhas proliferam e não têm denominador comum a não ser a falta de ética e de noção do bem... Fiquei impressionada por terem estado sentados ao meu lado, praticamente, numa mera rotina diária.
ResponderEliminarObrigada, Carlos, penso que na segunda poderei ter o problema resolvido, com a troca de peça. Até lá isto vai ser duro... teclo apenas com uma mão... :) Beijinhos e bom fim de semana
Há gente q devia esta c a boca cheia de formigas...de fogo de preferencia Sagi
ResponderEliminar:) Estive ao lado do perigo, amiga. E eu que até não me importo nada de almoçar sozinha :)
ResponderEliminarConcordo que a refeição é um momento de serenidade onde não desejamos, de modo algum, ouvir atrocidades. Hitler é a palavra/pessoa que nos causa mais horror, julgo. Porém, depois do que já li, Estaline, Mao e Pol Pot estão ao mesmo nível, só que cometeram atrocidades noutro continente, são realidades mais distantes de nós... daí, estes nomes não serem tão chocantes. Marla
ResponderEliminarSim, estão todos muito bem catalogados como praticantes do mal, então o último... Continuo a achar o austríaco o expoente máximo, contudo, o regime e o Zyklon B.
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