janeiro 25, 2012

Os tiros do presidente

 
O assunto Cavaco Silva tem dominado muitas conversas e troca de opiniões, em público, na televisão, na blogosfera, tem levantado questões, movimentado ações e originado muitas reflexões. Peritos na matéria política e jornalística e menos peritos, cada um, com todo o direito a que assiste a liberdade de expressão, tem comentado a infeliz deixa presidencial.
Não gostando de escrever sobre pessoas em particular, a não ser sobre ícones e referências que me marcam ou marcaram pela positiva, também eu, desta vez, penso poder avançar com a minha em nada perita mas convicta posição face ao homem de quem se fala. Nunca votei em Cavaco, portanto estou mais que à vontade para o poder criticar. Não fui adepta do cavaquismo, não fiz nunca parte do seu séquito de admiradores, e lembro-me de ter sido nessa altura que muitas más medidas foram adotadas no campo da educação nomeadamente, quando me encontrava no começo da carreira. E lembro-me de se estar perante uma governação ao estilo obras públicas de Fontes Pereira de Melo, com muito betão e pouca substância estrutural, cultural e de outros tipos.
Se no governo  foi sofrível, na presidência incomodou-me muito mais. Simplesmente porque não me revi nem revejo no estilo, na atitude, no substrato de que deveria ser feito um presidente. Respeito o cargo e quem lá está, neste caso, mas ele não me representa, e nem sequer passa isso por uma ideologia, mas sim por uma filosofia, uma visão, que não existe. Na verdade, falta a Cavaco tudo o que admiro e considero necessário para tão alto cargo, representativo de toda uma sociedade e uma nação - a envergadura moral e política, a dimensão humanista, o conhecimento universal, a sabedoria de vida, ou de uma vida plena de experiências, de lutas, de conquistas e de aprendizagens. Este é um presidente que possui uma mentalidade porque vivência de quintal.
Há dias li um comentário num blogue de referência que falava da lendária postura tabu do presidente - de como nunca sabe nada, ouviu nada, comenta nada. Estes silêncios cúmplices de tudo e muitas vezes de nada são o oposto da clareza e da transparência que sempre venerei, efeitos de uma ausência de abertura e força moral que depois descamba em momentos e enunciados ridículos, pequenos, inoportunos e, pior, inverdadeiros. As pessoas que querem ser relembradas por serem grandes precisam em absoluto de sair do seu quintal. Na geografia e, sobretudo,  na cabeça.
Não acho que deva sair por causa desta tirada desastrada, de todo. O que me custa foi, por tudo o que disse antes, ele ter sido eleito.

6 comentários:

  1. «As pessoas que querem ser relembradas por serem grandes precisam em absoluto de sair do seu quintal. Na geografia e na cabeça.»

    Exactamente.

    ResponderEliminar
  2. Obrigada, Carlos, por ter passado por cá mais uma vez. Registo com muito, muito agrado o seu primeiro comentário aqui:)
    E que bom estarmos de acordo:)

    ResponderEliminar
  3. Calma aí... não tem tudo mau, po... Já repararam nas gravatas e no rigoroso aprumo das bandas do seu blaser? Dão dez a zero às do Sócrates (que nem por isso eram despiciendas...)
    joao de miranda m.

    ResponderEliminar
  4. ::)) Nem assim João, nem assim::))

    ResponderEliminar
  5. Obrigado pela visita.

    Gostei do que li, vou continuar a a pass(e)ar por aqui.

    http://bonstemposhein-jrd.blogspot.com/2011/01/nanja-eu.html

    ResponderEliminar
  6. Obrigada eu, jrd:) Tb gosto do que vejo e leio no seu blogue, nem sempre tenho é tempo para deixar comentários. Visite-me quando quiser, eu farei o mesmo - bons tempos haveremos de passar::)) :)

    ResponderEliminar