Para além de falar dos dias da rádio à la Woody Allen, de contar invariavelmente o episódio de Orson Welles na sua guerra dos mundos, e mesmo de passar o velho clássico dos Queen, à falta de melhor música, lembro-me sempre deste conto como referência para um certo estilo de vida, simples e mais comunitário, em tempo de ditadura e longe do teor consumista da sociedade portuguesa de hoje. Não o exploro em aula, a literatura portuguesa não combina com o ensino do inglês, mas a verdade é que nos ajuda a ter um pequeno vislumbre de como era viver a informação (e algum entretenimento) antes do advento da televisão. E de como a solidão, pessoal ou de uma comunidade, podia ser de certo modo confortada por um simples aparelho.
Já nasci com a televisão e os alunos já nasceram com os computadores e mesmo com a internet. Não sabemos o que é termos de nos deslocar ao café central da aldeia para ouvir as últimas notícias do país e do mundo. Mas quando era pequena lembro-me de ouvir os "Parodiantes de Lisboa" ao almoço, gargalhadas e piadas que nos faziam sorrir, num ritual de alegria marcado para o meio dia. E foram anos a ouvir os discos pedidos, a vibrar com as escolhas, e outras vezes não, num altura ainda parca em quantidade de aparelhos de som a preços de hipermercado. Na adolescência sonhava acordada aos sons românticos do legendário e resistente "Oceano Pacífico", as ondas do mar a levarem-me para longe e a fazerem-me imaginar histórias e finais felizes. Foi uma grande amiga.
Atualmente, a rádio não será sempre a companhia que se procura. É difícil competir com a imagem, com a cor, com a voracidade visual de outros meios de maior impacto. Mas pode sempre ser ainda uma ótima companhia para muitos, em viagem ou no trabalho, na solidão da noite ou ainda da vida, no sentir de um romance ou de uma desilusão, quer se procure estar atualizado ou quer se vivam momentos mais intimistas ao som de música que toque também na alma. Intimistas, porque escutar a rádio é uma espécie de peculiar relação a dois.
Atualmente, a rádio não será sempre a companhia que se procura. É difícil competir com a imagem, com a cor, com a voracidade visual de outros meios de maior impacto. Mas pode sempre ser ainda uma ótima companhia para muitos, em viagem ou no trabalho, na solidão da noite ou ainda da vida, no sentir de um romance ou de uma desilusão, quer se procure estar atualizado ou quer se vivam momentos mais intimistas ao som de música que toque também na alma. Intimistas, porque escutar a rádio é uma espécie de peculiar relação a dois.
É caso para reiterar, como na canção - rádio, alguém ainda gosta de ti.
Obrigado por teres trazido aqui um tempo que passou. Antes dos parodiantes, os companheiros da alegria, a voz dos ridículos, 25ª hora, dois pontos e, mais tarde, o pão com manteiga, a grafonola ideal, a minha amiga radio, e ainda mais tarde, a "flor do éter", etc, etc., programas de autor que quase desapareceram, em detrimento das ridiculas playlists.
ResponderEliminarMas ainda há (na Antena 1) grandes programas de autor como a vida dos sons, em nome do ouvinte, o amor é, a ilha dos tesouros, portugalex, cinco minutos de jazz, etc.
Grande abraço.
Olá, João. Já sabes que o AE (como alguém me chamou):) não se debruça sobre a atualidade - porque aí perdia sempre, é que há 68798787896798 blogues que o fazem, diariamente. E melhor do que eu, claro. Gosto de impressões, sejam elas mais marcadas pelo passado ou não. Esta é. Não sou muito saudosista, quero crer, mas recordo com carinho e nostalgia muita coisa boa que ficou noutro ponto da timeline... Há tanta coisa fabulosa no baú das memórias, não é? Bjinho grande
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