dezembro 19, 2011

O pai tirano


Sem jeito nem conhecimento suficiente para falar de política. Mas de vez em quando lá me apetece abordar um outro assunto em destaque na agenda  mundial.
E vai mais um. Tem sido um ano simpático, a bem dizer, no que toca a queda de ditadores ou aterrorizadores. Que os há ainda e muitos, claro, mas não vai mal, não. Com a diferença que na Coreia já está assegurada a sucessão, ao estilo monárquico mas, imperdoável, sem a graça de podermos ver elegantes princesas dignas de revistas.
A irritação maior  foi assistir às lágrimas ensaiadas da pivot de informação local, que nos brindou com um previsível pranto à medida que avançava a notícia do desaparecimento do "grande líder". E não satisfeitos com esta demonstração de amor pátrio e servilismo anacrónico, eis que somos ofertados com várias choradeiras coletivas, ridiculamente usadas como propaganda ao estilo dos regimes que não servem.
Pessoalmente tenho dificuldades em engolir idolatrias fora do estádio da adolescência. Faz-me muita confusão admirar-se tanto alguém que se perca a noção do bom senso e da independência de espírito, quanto mais um "líder" de contornos opostos aos democráticos e, pior, aos humanistas.
Opressores, despóticos, obscurantistas, anacrónicos, estes são os grandes responsáveis pelas várias formas  de tirania humana. A tirania inimiga das liberdades individuais, da criação, do pensamento, da livre circulação, do humor, do amor, porque tantas vezes também dos afetos, da felicidade de poder escolher. Inimigos da vida.
Mais um. Que não deixa gente feliz, mesmo se, com lágrimas.

6 comentários:

  1. Sonoro e justo 'grito' de revolta contra a tirania.
    Um abraço amigo

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  2. Venha ela de onde vier...é, para mim, incolor.
    Bjinhos para si

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  3. chorar é mais fácil do que rir. Muito bom texto.
    joao de miranda m.

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  4. Sim, os atores sempre o disseram, ao longo dos tempos. Encenam-se mais facilmente umas lágrimas...:) Obgda, bjinhos, João.

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  5. Por instantes pensei tratar-se de um filme de "A Quinta Dimensão" ao ver o pranto dos norte-coreanos perante a morte de Kim Jong-il. As minha primeiras impressões, nauseadas, chegaram a uma conclusão - o medo, as décadas de isolamento, da ausência da realidade e a repressão provocavam aquele histerismo. Aquele a que estranhamente chamam de "Querido líder" foi responsável pela morte indirecta de milhares cidadãos através da fome, da tortura, da miséria, sacrificados pelo culto imbecil do narcisismo e do apetrecho nuclear que o legado soviético não foi capaz de satisfazer. Esta emulsão de comunismo com o socialismo tem muitos adeptos, por isso proponho que esses visionários passem uns dias nos calorosos campos de concentração norte-coreanos exercitando-se em trabalhos forçados, higienizados com lavagens cerebrais.

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  6. Absolutamente, Dylan. O seu comentário é excelente. Os adeptos de qualquer tipo de tirania anacrónica, left or right e inibidora da vida, talvez precisassem de a sentir um pouquinho mais na pele...

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