Isto do pós party é um bocadinho difícil.
Já não sei quem disse, porque o li há muito, penso que terá sido Nietzsche, que as maiores obras são escritas no meio de grandes crises. Ou seja, por outras palavras, o sofrimento traz a genialidade. Quererá isto dizer que precisamos de estar mal para fazer e, neste caso, escrever bem? Não creio, no sentido em que se pode escrever bem, sem se ser genial, estando-se, também, bem. Mas realmente quando se está muito bem, a passar umas belas férias, no início de uma paixão nova, em espírito de festa porque se está verdadeiramentre alegre e a celebrar com verdadeira vontade, e noutras do género, torna-se mais difícil discorrer sobre qualquer ideia, ou pelo menos registá-la com um toque minimamente convincente. Porque se está meio tonto, não dizzy mas foolish, meio apalermado de contente e portanto não se diz grande coisa (sim, também é uma pretensão dizer que se diz algo importante quando se está sóbrio de ideias). Não há condições que favoreçam a reflexão e o pensamento.
Celebrar é o oposto de pensar, em última instância. E, desta forma, é o festejo inimigo da criação. E será isto necessariamente mau? Não, não, de todo. Porque se conforta e revigora o corpo , porque se renova a alma e porque se dá descanso ao cérebro. Tudo junto, trata-se, pois, de um espantoso yin yang, essencial para seguir em frente.
Nietzsche, e a ser ele, sabia o que dizia mas eu acho que também sei. Salvaguardando as devidas distâncias, claro, que não são poucas. Uma delas é não almejar, mesmo se fosse possível, a qualquer tipo de estatuto de genial infeliz.
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