Será possível alguém brincar e rir a tempo inteiro e esperar certo tipo de credibilidade?
Sim e...não.
Vamos por partes.
1.A tirada de sabedoria popular portuguesa "muito riso pouco siso" parece injustiçar pessoas bem dispostas, brincalhonas e risonhas que, não obstante, mostram competência naquilo que fazem e sobretudo maturidade naquilo que são.
Não tem que se ter semblante carregado nem ser altamente cirscunspeto e cismático para se ter valor, só faltava essa. Rir é bom e recomenda-se, alivia as tensões, alegra quem está à volta, espalha bom ambiente em redor. Não é por se ser engraçado e divertido que se deixa de assumir responsabilidades e que se é incapaz de aprofundar as coisas com mais intensidade. Especialmente quando o caso é sério e exige uma postura adequada. Não se pode ser leve e superficial perante um problema, uma angústia, um dilema, uma doença. Pode ser-se otimista, o que é uma coisa completamente diferente, mas não frívolo. Ainda mais se as inquietações forem de outros. Aí entrar-se-á no campo da não desejável insensibilidade, da falta de sentimento e ausência de compaixão.
Não tem que se ter semblante carregado nem ser altamente cirscunspeto e cismático para se ter valor, só faltava essa. Rir é bom e recomenda-se, alivia as tensões, alegra quem está à volta, espalha bom ambiente em redor. Não é por se ser engraçado e divertido que se deixa de assumir responsabilidades e que se é incapaz de aprofundar as coisas com mais intensidade. Especialmente quando o caso é sério e exige uma postura adequada. Não se pode ser leve e superficial perante um problema, uma angústia, um dilema, uma doença. Pode ser-se otimista, o que é uma coisa completamente diferente, mas não frívolo. Ainda mais se as inquietações forem de outros. Aí entrar-se-á no campo da não desejável insensibilidade, da falta de sentimento e ausência de compaixão.
Rir e brincar é potenciar o positivismo, o sentido de humor como algo fundamental para dar mais cor ao cinzento dos dias e luz às pequenas depressões do quotidiano. A leveza e a alegria são refrescantes, revigorantes, estimulantes. E poder trabalhar, por exemplo, desta forma é reforçar a motivação e a produtividade. Sem mais nem menos.
2.Mas temos que ter cuidado. Há quem ria e brinque o tempo todo por nítida (ou não) incapacidade de lidar com a parte séria e lunar da existência. Incapacidade de enfrentar as situações menos boas, os sentimentos menos luminosos, as fases menos positivas. Enfrentar e dissecar, analisar, conversar sobre, aprofundar, no fundo, sentir. Manter-se numa nuvem leve perto do sol parece ser a sua (procurada) arma, como se o coração não pudesse ser atingido pela chuva, pela tempestade que desabriga outros, pelo trovão que assusta e cujo relâmpago pode, inclusivamente, aniquilar. Trata-se de um refúgio, de uma capa, máscara ou então pode até ser tontamente natural. Podemos até todos ter um lado assim, que nos faz manter orgulhosamente dignos e/ou inverdadeiros no meio de um temporal de emoções ou dores.
Será porventura mais grave quando esta postura é permanente. Grave? Se calhar não. As pessoas assim sofrem menos porque sentem muito menos. Mas também não podem esperar que sejam confiáveis para a confissão de reais problemas. Não serão um porto de abrigo eficaz porque não saberão ter a profundidade necessária para um aconselhamento maduro, sentido, até experiente. São, na verdade, eternos miúdos. Quem não gosta das crianças? Da sua genuína alegria sem dramas? Mas quem lhes pode confiar uma dúvida, um segredo, uma perturbação? Pois levam a vida a brincar e só assim são vistas. Um adulto que não consiga refletir nem partilhar pesos não pode esperar que os outros que o fazem o façam consigo. Porque não é simplesmente credível. Não o levamos a sério. E porque, não tendo de se ser sério, há alturas em que a seriedade é pedida ou exigida. Sob pena de rótulos como tontice e frivolidade nos serem colados.
3.Parecerá, então, natural que o equilibrio entre a leveza e brincadeira e a profundidade e sentimento seja o que mais se aproxima do ideal. Poder rir e brincar e ainda assim conseguir descer até ao âmago da questão, consoante os momentos, as pessoas, as necessidades e a verdade, pois claro. O cerne reside todo, afinal, na capacidade de não iludir a verdade. E, assim, os outros. Ou, pior, a si mesmos.
A capacidade de nos rirmos é, muitas vezes, uma prova de inteligência.
ResponderEliminarFátima, lembre-se de O nome da rosa : o livro proibido era um volume dado como perdido da Poética da Aristóteles, o volume sobre a comédia. Por alguma razão Jorge de Burgos receava o riso:)
Ah Ivone é uma alegria recebe-la aqui, na humilde casinha, fico mesmo contente. Completamente - rir é essencial, eu voto a favor:). Mas espero que tenha compreendido o que eu quis dizer quando falo no excesso de tontice -como sabe, certamente melhor do que eu, há pessoas tão frívolas e tão superficiais, enfim...:) Bjinhos para si***
ResponderEliminarGostei muito! É como em tudo uma questão de equilíbrio. :)Gi
ResponderEliminar... no entanto, eu não consigo achar piada a quem se ri, quando conta uma. Prefiro os que contam piadas fantásticas e depois ficam sérios, como se as não tivessem percebido de todo... Quando conto uma boa piada, eu sempre rio, mas tenho consciência de que a estraguei... pelo menos em parte...
ResponderEliminarGi, acho que deve ser:)
ResponderEliminarJoão - há humor(es) e humor)es). Há piadas que são grotescas, horríveis e geralmente não sou fã do género - nem de anedotas, que abomino, na quase totalidade. Gosto do humor inteligente, e da boas disposição, quantidade q.b consoante o contexto. A idiotice e tontice fútil ou oca ou superficial não são amigas da sinceridade e da força.