Sempre gostei demasiado sem nunca ser em demasia das pessoas que são, descrevendo-as em inglês, larger than life. Basicamente trata-se de pessoas excessivas, enormes em ego mas de grande coração, às vezes, ou muitas mesmo, impulsivas, que ousam muito, arriscam mais, deixam marca e assumem tudo o que fazem, num misto de louca auto-estima com humilde paixão, um nadinha egocêntricas mas também generosas, que se fazem ouvir, se fazem gostar, se fazem odiar, num género que não deixará ninguém indiferente.
Sempre mas sempre as preferi ao outro tipo, aquele que abriga os (falsos) contidos, os calculistas, os frios e cinzentos, os quadrados e apagados, os que não brilham e invejam quem consegue, aqueles que nunca são generosos em palavras, que dizem pouco de si mas querem saber muito do outro, que não sabem conquistar com um sorriso sincero, com uma observação amável, que guardam tudo para si e que não sabem partilhar nada que tenham dentro, desde entusiasmos a tristezas. Não arriscam, não se expõem, não dizem a verdade, não falham (porque, afinal, não vivem), os que tudo controlam, que tudo dizem controlar, que têm demasiadas certezas, que dissimulam as suas vulnerabilidades, que não aquecem (nem arrefecem. Bem, se calhar arrefecem, congela-se e de que maneira com os tipos sombrios).
As pessoas que não cabem na vida são inesquecíveis, embora muitas vezes paguem um alto preço por viverem numa espécie de limbo, e por não refrearem, quando às vezes seria necessário, as suas paixões e natureza ardente. De qualquer forma, elas existem para dar um toque mais humano à nossa passagem por aqui, ainda que os seus atos sejam muitas vezes quase heróicos e até profundamente tolos. Entre a famosa estrela de cinema, cintilante, extravagante e ousada, e o zeloso funcionário de uma repartição de finanças, controlador, rotineiro e mesquinho, numa imagem que, à falta de melhor, apenas reflete a diferença de caráteres, escolherei sempre a primeira. Lamento mesmo não haver na vida real, perto de nós, no local de trabalho, mais gente desta índole, porque fazem falta a alegria de viver e o fulgor de viver em pleno, fazem falta a audácia e a afirmação, fazem falta a excentricidade e a diferença.
Excedem a vida mas cabem, como não poderia deixar de ser, no meu pequeno mundo de afetos e escolhas.
P.S Lembrei-me da Liz Taylor, obviamente. Mas há muitas mais, felizmente.
P.S Lembrei-me da Liz Taylor, obviamente. Mas há muitas mais, felizmente.
Olha, Fatinha, uma palavra : adorei. Em que jardim colhes estas linda flores? Quem é o jardineiro? É que também gostaria de o contratar!!! :-) Luísa
ResponderEliminarAmiga, que texto mais lindo! Julgo que não é a primeira vez que escreves sobre personalidades fortes, marcantes e, muitas vezes, inesquecíveis. Também prefiro esse tipo de pessoas, sem dúvida. Por serem únicas e poucas são mais valorizadas, pelo menos por pessoas como nós, que não apreciamos monotonia e pobreza de espírito. Também concordo que devia haver no nosso local de trabalho ( noutros também) mais pessoas com uma alegria de viver contagiante, mais genuínas, generosas, divertidas. A excentricidade e a irreverência fazem muita falta (num mundo onde se nota, por vezes, mais frieza, distância, calculismo, falta de valores)! beijinhos grandes Marla
ResponderEliminarAdorei este texto ... conheço tb o outro tipo, aqueles que em nada assumem seja o que for.E que em nada são solidários mesmo com os amigos. Dina
ResponderEliminarEste texto Fatinha, és tu! Cheia de fulgor, de garra, alegria e vontade de viver fora da pequena caixa. Não, não és assim tão larga de envergadura, mas o teu coração real não te cabe no peito e a tua alma paira bem mais além do que é o horizonte da maior parte. Um beijo amigo e obrigada pelo grande texto.
ResponderEliminarObrigada queridas - Marla e Regina vocês são mt "large" em imaginação tb lol
ResponderEliminarEu não fui nem sou larger than life porque faltou-me viver mt coisa...ter experiências como por exemplo ter vivido no estrangeiro, era mt racional e pouco segura quando tinha 20 anos::)) Se fosse hoje... ui ui:::))) Agora a sério, não tenho nessa natureza ardente. Embora apaixonada pela vida, tenho um lado mt cooool:)
Palavras para quê? AMEI!!!! E tanta falta que fazem estas pessoas na nossa vida... E tão interessantes, entusiasmantes que são... Fora com os cinzentões, desinteressantes, amargos, infelizes... Lília
ResponderEliminarQue bom que é ter-te por perto! Adoro pessoas que vêem com o coração e ousam para além do seu quintal! Pessoas que pintam os muros com as 7 cores do arco-íris e com gargalhadas sonoras e gordas,por se cansarem do cinzento silencioso e sorrateiro dos que olham de soslaio... E tu,linda, vai apitando nas consciências com os teus textos! Aplaudo!!! beijinhos :) Néné
ResponderEliminarFico muito contente por gostarem. Falta gente grande neste mundo cada vez mais pequenino em emoção e em grandes gestos e ousadias. Bjs e viva a grandeza de alma!
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