julho 31, 2013

O cansaço de (uma) pessoa


O post anterior é um bocadinho enganador. Gostaria que este início de férias de verão fosse apenas isso - verão, tonteria e o resto, mas por vezes nem tontos podemos ser, não nos deixam. Tenho na ideia bastantes temas sobre os quais escrever mas vou fazer uma pausa de alguns dias no blogue, quando voltar ao teclado espero estar mais descansada e organizada mentalmente.  O que há em mim é sobretudo cansaço. Cansaço pessoal e pessoano, íssimo. Até lá vou procurar alguns pontos da lista anterior para ver se se refresca o interior. Obrigada a todos os leitores, amigos, reais ou virtuais, seguidores, poucos mas bons, curiosos, simpatizantes, navegantes que aqui aportam acidentalmente, visitantes em geral, tenho tido sorte, a maior, com toda a gente que por aqui passa. Vou e volto.

julho 30, 2013

All that summer allows

Here´s a list of nice things about summer. This is obsviously a post about nothing relevant. In fact this is totally irrelevant. Silly days ask for silly things. If you can follow this till the end I congratulate you because you´re in a total silly mood yourself. The two of us could be on the way to happiness. That´s something. That´s summer. 


1. Crystal-clear waters, smooth beaches that look like paradise on earth

    

2. Relaxing hammocks... they don´t have the same effect in winter, do they?


3. Seashells and little buckets that take me to childhood memories of beach time mornings


4. Flip flops...  total freedom at your feet:)


5. Picnics in the fields... romantic ideas on the countryside


6. Pools... relaxation of mind and body


7. The road... and going south. On the search for the sun and warmth


8. I want to ride my bicycle... I want to ride my bicycle

julho 29, 2013

Pessoal e transmissível

Marilyn Monroe por Lawrence Schiller

A linha entre o privado e o público é ténue e muitas vezes somos nós que a tornamos assim.  O Facebook, por exemplo, é um local de partilhas. Um pequeno grande mundo, até. Cada um usa-o à sua maneira. Posso estranhar que postem algumas coisas, desde fotos a pensamentos ou ambos, sobretudo quando significam uma grande trabalheira, ousam em aspetos mais intimos, naquilo que intimo significa para mim, ou manifestamente não me interessam para nada. Mas os outros também podem estranhar aquilo que eu publico também, considerando que também estou a expor algo que não devia, que não lhes interessa ou que condenam por alguma razão. Posto isto, tudo é criticável, de acordo com a nossa lente, relativamente àquilo que é interessante, relevante ou até próprio para publicação pública...ou parcialmente pública. Disto dependerá quem temos na nossa rede de amigos, se apenas estes ou conhecidos, ou até um mural aberto a todos.
Mas vejamos exemplos mais em concreto. Um casamento, e da mesma forma, um divórcio, um nascimento de um filho, uma festa numa discoteca, um aniversário festejado à grande, um reconhecimento profissional, e tantas outras coisas não são propriamente assuntos privados. Quer dizer, são pessoais, da esfera individual de cada um, mas não são segredos e mais tarde ou mais cedo, e quantas vezes na hora, são do conhecimento público, ainda que apenas local, dependendo do alcance da nossa própria reputação, familiar ou profissional, popularidade ou até fama. Se são do conhecimento público não estão fora da esfera pública. É natural que as pessoas partilhem essas informações, se bem que há tendência para focarmos os acontecimentos positivos, queremos aparecer na mó de cima, e já não o contrário, o que é normal, absolutamente normal. Queremos as nossas melhores fotos, parecer bem, enfim, a feirinha de vaidades que não devemos ver como anormal.  
Pessoalmente, há coisas que gosto de saber e só as sei pelo FB, são coisas boas ou naturais nos outros e como muitos, inclusivamente familiares, estão longe fisicamente, sempre acompanhamos as pequenas ou grandes felicidades de quem gostamos. Ou pelo menos de quem não desgostamos. Já me causa maior impressão, admito, quem critica mas não se expõe, ou melhor, quem tem perfil e está registado, nunca publica nada e anda por lá a ver os outros. Certo, se não queremos ser vistos, não nos mostremos. Está bem dito. Mas, aos outros, pergunto, se criticam porque lá andam? Uma boa pergunta para os voyeurs ou mirones, é só escolher o vocábulo, deste virtual mundo que também não deixa de ser real. 
Para concluir, tal como tudo, o Facebook é o que se faz dele. E a questão do público e do privado continuará a alimentar discussões. Há quem não se proteja minimamente, há quem critique sempre, há as duas coisas juntas, há vida para além do FB, há vida no FB. Faça como quiser, se possível, sendo feliz com isso. E se possível, é, não chateando os outros. Por causa disso ou de outras coisas mais. 

julho 28, 2013

Boa viagem



Ontem passava na televisão por cabo, a hora já tardia, o filme "Sete Anos no Tibete". Não estive a ver, mas vi-o há anos no cinema, há mais de 10, para aí, que não sou muito dada a linhas do tempo físico. Do grupo com quem fui ver, fui talvez a única que o apreciou verdadeiramente. Eu  gosto muito de cinema que me tranquiliza e faz viajar simultaneamente. Esta viagem ao Tibete é física e é também espiritual, psicológica, e eu gosto da geografia dos afetos e dos afetos na geografia. Acredito que muitos não consigam ver este tipo de filmes, que o considerem aborrecido, sem interesse, a raiar o tédio. Afinal não tem grande ação, violência, sexo, demência, suspense, a adrenalina não corre. Eu gosto muito e cada vez mais, sobretudo desde que soube o que era a maternidade, gosto muito, queria dizer, quando não há adrenalina no cinema. O que não quer dizer que não haja emoção, lembre-se. Há filmes realmente entediantes, mas para mim são-no porque são demasiado conceptuais, frios, sem alma. Um filme tranquilo mas com emoção, que nos transmite calma mas nos faz pensar, filosófico mas simples, tem geralmente o  meu aval. Há muito que me deixei de violências no cinema. Há realizadores de culto que geralmente fazem uso dela - da violência - ou a ironizam até, mas que constroem filmes que perturbam, incomodam, aprisionam, durante o seu visionamento. Não me apetece ver esses filmes, por muito cotados que sejam ou estejam. O que não quer dizer que não consiga ver um filme perturbante. Mas um filme perturbante pode não passar pela violência física e geralmente urbana gratuitas, na verdade, considero essencial ver filmes que relatam realidades duras, por exemplo, como "Diamante de Sangue" ou "Hotel Rwanda", ou outros. Ok, de novo a geografia... Talvez seja isso mesmo. Cansei-me dos filmes urbanos. A metrópole, e a sua panóplia de paranóias e caraterísticas diárias e previsíveis, não me interessa no grande écrã. Não me faz viajar e não me tranquiliza nem preenche. Não me emociona. De uma forma geral, obviamente, há exceções. Mas atualmente prefiro cinema que não me ponha mal-disposta. Por caráter e por escolha, prefiro cada vez mais as boas viagens. 

julho 26, 2013

Escolhas

O casamento é mais ou menos como a democracia. Ambos não são perfeitos, longe disso, mas até agora o resto, contrário e diferente, não provou ser melhor.

A quem interessar


Não me interessa o que se disse e bem, ainda que de várias maneiras, do desfecho da salvação nacional encetada pelo PR. Não me interessa se o que digo aqui está mal. Na verdade, a minha opinião nada interessa no meio das de quem se interessa verdadeiramente por política e pela atualidade nacional e que temos todo o interesse em ouvir ou seguir. Vamos ao que interessa, podendo ser interessante ou não. Para mim, quem venceu esta maratona de desencontros foi o PM, Passos. Quem perdeu em toda a linha foi Seguro. Quem também perdeu redondamente, porque uma péssima ideia não podia vencer, foi o PR. Quem se conseguiu safar e esteve quase a perder foi Portas. Em que ficamos, após estas derrotas e vitórias? Passos não sucumbiu, é firme e teve sorte porque o PS não foi na conversa. Ou o governo não foi na conversa de Seguro. Este estava preso por ter cão e por não ter. Se se juntava ao governo para salvar Portugal enterrava-se a ele dentro do PS, de alguns setores, e da esquerda toda, que não lhe perdoaria nunca. Não quer dizer que o tenham, ainda assim, perdoado. Afinal ponderou mais juntar-se à direita do que à esquerda. Seguro volta para a sua posição de oposição insegura, que só colhe algumas vantagens porque a desgovernação, under pressure porque under troika, nos vai asfixiando, demérito do adversário, pois. Portas canta vitória, certamente, depois de ter estado mal e muito mal. Mal quando choveram críticas pela saída impulsiva e calculada, onde estará a verdade, e pior quando Cavaco quase o chutou. Chega a vice, tal como era a ideia no princípio. Cavaco, então, mostrou-se um perdedor em todas as frentes, sem qualquer visão do que poderia acontecer, somando ingenuidades pacóvias que a nada conduzem. Um comentador político do PSD dizia que a não haver acordo os partidos sairiam fragilizados e não inspirariam mais confiança. Achava ele que o PR estava a fazer bem. Na verdade, os partidos neste momento inspiram pouca confiança mas ela, a ausência, já vem de trás, e de que maneira. Chegar a acordo assentes numa ideia algo ridícula, que apenas fez perder tempo o país, é que não os favoreceria, ainda que o interesse nacional devesse estar acima dos interesses partidários. Mas há mais partidos e não se interessaram por eles. Posto isto, o PR não esteve bem. A ideia poderia até ter alguma lógica bem intencionada, a estar-se no céu, mas é ingenuamente inconcebível na realidade infernal do burgo. E até discriminatória. Em que ficamos? Bom, na mesma, se pensarmos no arco governativo e, temo, na (des)ordem das nossas coisas. Mudam-se as caras, algumas, é certo, mudar-se-ão as vontades? Revelar-se-ão, os novos e de pasta nova, interessantes ou interesseiros? Isto é o que interessa saber. Sairá este país do atrofio? E quando? As reviravoltas, qual o efeito para a nossa vida de todos os dias? Ainda que isto, a política, esta política, seja do mais desinteressante que há, não podemos dizer que não interessa nada. Na verdade, estamos interessados, em ver, em saber. Porque é do nosso maior interesse que isto tudo se componha, que não se afunde de vez. Por isso mesmo, interessemo-nos. 

julho 25, 2013

Agora e sempre

                

Tenho o LP ainda, no velhinho vinil. Enquanto publico a canção aqui, o pequeno diz-me "que linda, mãe, deixa-me ouvir". Tão bonita, a melodia, tão bonito, o poema. Tão poética e melodiosa, a voz. Tão grande, este artista que é nosso. E tão bom ouvir esta música de novo, agora e antes e depois, certamente, também. 

Quando chegar significa perder


Neste momento, a palavra que mais detesto é metas. Como cidadã, funcionária pública e professora, assim mesmo por esta ordem crescente, já nem a posso ouvir. Não que não haja metas boas, há uma, por exemplo, uma metinha, que fica na Bairrada e que é o nome de um belíssimo local para comer leitão. Também há a meta do Tour de France e as outras voltas todas e em todos os desportos. Essas até são inspiradoras. O pior são as outras, as que atrofiam, asfixiam, ao ponto de não se poder respirar. De ser livre, idóneo e coerente, quer dizer. Estas são as metas para as quais, pelo viciar dos resultados e pela injustiça que alimentam, me fazem pura e simplesmente desejar nem sequer entrar na corrida.  Metas para que vos não quero.

julho 24, 2013

Os 10 mandamentos


Em tempos de troika, de aperto ministerial ou de fundos europeus, de chantagem profissional, de inversão de valores, de mediocridade geral, aqui está o que tu, professor, não deves fazer, para manter o emprego, fornecer excelentes estatísticas e sobreviver, de forma estranha, ao descalabro institucional, não sabendo, contudo, se manterás a sanidade mental:

1. não marcarás faltas
2. não chumbarás qualquer aluno
3. não trabalharás sem ser para os números
4. não porás em causa nenhuma ordem superior ou ministerial
5. não exigirás nada dos alunos
6. não rejeitarás nenhuma solicitação seja de que ordem for e quando for
7. não reivindicarás nenhum direito 
8. não progredirás na carreira
9. não terás subsídios de férias 
10. não terás vida pessoal e/ou familiar

Podia explicá-los, traduzi-los, para quem está fora melhor pudesse entender. Mas não me apetece. São muitos. Não necessariamente por esta ordem. E, por outro lado, dez é pouco. Pois é muito o que nos mandam. Não que seja mau quando nos mandam ser honestos, firmes, profissionais, dedicados, rigorosos. Mas mau quando nos mandam ficcionar, mentir, ignorar, inventar, comer e calar, esquecendo-se, eles, os que mandam, que são precisos dois para dançar o tango. Não se fazem omeletes sem ovos. E porque mantenho a minha: não se deve dar dar o peixe, todos os dias, mas sim uma cana e ensinar a pescar. Vem da China este provérbio, não é? Eu bem que sou fã do oriente. 
Não sei que tipo de sociedade esperam eles, os que mandam, vir a ter. Da maneira que estão as escolas, onde não há verdade e se forjam resultados para inglês, perdão alemão, ver, não antevejo propriamente uma geração futura responsável e capaz. Mandam todos os dias e mandam mal. Fazem as coisas mal  e fazem-nos  mal - aos alunos, acreditem, é verdade, a nós, à sociedade, a todos. Diria mais: fazem mal e fazem-nos mal. Tristes tempos, estes presentes, e, infelizmente, não o serão menos os futuros. 

julho 22, 2013

Pobre, pobre





"Tribal elaborate poor."

Pobre do inglês.
Pobre desgraçado que não se emenda.
Pobre vai o ensino porque pobre vai o conhecimento.
Pobre do país.
Pobre sistema tão pobre.
E, sobretudo, pobre da professora.


Nota: má, claro. Não, não é isso. Nota, repita-se: aceitam-se tentativas de tradução, ainda assim. Ou melhor, aceitam-se inscrições de alunos no mínimo mais atentos ao fazerem tarefas em casa para recuperação de módulos em atraso em inglês nível 8 (com auxílio de dicionário, familiares e amigos, e ainda dessa pouco sábia ferramenta chamada tradutor google). Aceita-se, em última análise, um mundo melhor. Obrigada.  



julho 20, 2013

Vida boa, muito boa e não boa ou o casamento tipo 1, 2 e 3


Apetece-me aventurar-me por aqui: descrever o tipo de mulheres no casamento. Segundo o que dizem e o que vemos, segundo o que acho e o que vou vendo.
1. As primeiras são aquelas de quem dizem "Lá em casa é ela que veste as calças". Confesso que esta expressão é engraçada, do ponto de vista de todos exceto seguramente do elemento masculino que ficou sem elas. Bom, na verdade elas é que mandam. São mais afirmativas, mais dinâmicas, mais dominadoras, mais duras de roer e, portanto, comandam o leme. Ora isto é bom. Deve ser, quer dizer. Imagino eu. Quem não gosta, afinal, de ter as rédeas e de fazer bom uso delas? Decidem, controlam, organizam, lideram, do outro lado obtêm maravilhosas cumplicidades traduzidas em silêncios e obediências. Ui, que vida boa.
2. As segundas são as dóceis, de bom feitio, geralmente, que aceitam que o seu homem dite as leis, imponha as regras, desde por a música de que gostam aos berros no carro ou em casa, levar a malta toda para ver as jogatinas de futebol lá em casa e pedir tremoços e cervejas em cima da coffee table, dizer o que devem vestir, seja para tapar seja para destapar, até dar às filhas o nome da mãe, da avó ou da tia favorita, enfim, uma panóplia de decisões mais ou menos unilaterais sempre recebidas com sorrisos e benevolências. Ora, isto é muito bom. Para os maridos e companheiros, claro. Eu se fosse homem era isto que queria. Vida muito boa.
3. As terceiras são aquelas que possuem um caráter indomável, que, obviamente, só traz complicações. Independentes, opinativas, não quer dizer que mandem mas também não gostam de ser mandadas. Se estas encontram o tipo de maridos em 1. a coisa até pode ir indo de forma razoável. Não dará para mais porque elas são tão complicadas que também só admiram quem não é seu súbdito. Se encontram o marido em 2, está tudo perdido e rapidamente. E se encontram um tipo 3? Ou seja, como elas e igualmente indomáveis? Que admirem mas que as exasperem por não fazerem as suas vontades? Pelo menos quanto desejariam? Difícil, difícil, os egos a colidirem e a testarem forças. Uma vida, está visto, não boa. 
Qual o par que resistirá mais tempo? Todos e nenhum, já que, ao que parece, qualquer deles pode naufragar (fica bem aqui esta palavra, a condizer com a conjuntura lusa). Em todo o caso, parece que há um quarto tipo de mulheres que pode sobreviver mais tempo a este tipo de intempérie. São as solteiras, que podem vestir as calças a tempo inteiro, por a música de que gostam onde querem e no volume que desejam, ser selvagens e ir até às ilhas todas (falando nisso e para condizer com a conjuntura lusa) enfim, ganham, nitidamente. Não quer dizer que as número 1 estejam mal mas têm de levar o marido com elas frequentemente - a não ser que eles fiquem em casa enquanto elas viajam e passeiam sozinhas, é possível - e portanto é uma liderança que comporta um certo fardo. 
Tem o casamento alguma vantagem? Assim, de repente, não, mas olha, não é que toda a moça quer casar? Enfim, a galinha da vizinha é maior do que a minha. Nada como experimentar. Pode ser que haja acordo (para condizer com a conjuntura lusa) e sejam felizes para sempre. Há quem diga que sim. Resta saber se em 1, 2 ou 3. Ou nem interessa saber de todo.


julho 18, 2013

As pontas do iceberg


Não faço ideia de como estão as coisas neste momento na salvação nacional. Não sei se há fumo branco, preto ou de outra cor qualquer, já que de cores também se trata. Não tenho tecido comentários acerca destas últimas três semanas, por opção e por há quem o tenha feito e faça melhor do que eu, insisto. Mas posso dizer que tem sido confuso, por vezes hilariante, nada que não se possa passar lá fora e, desse ponto de vista, até normal, se olharmos para o estado do país e tudo o que isso permite.
Sem ter visto ou ouvido hoje as notícias, aqui fica um resumo do que penso sobre as figuras em questão, num registo meio sério, meio humorístico, porque não estou com capacidade - nem vontade - para muito mais.

Paulo Portas - toda a gente tem o direito de sair por consciência, até o de voltar atrás, ainda que voltar com mais poderes signifique ambição, pessoal ou não só, e não propriamente consciência. Que foi o que, na verdade, pareceu. En tout cas, a esta hora deve estar francamente arrependido. Não só foi criticado pelas trocas e baldrocas, como depois levou com um veto (e um vexame) tão inesperado e tão grande que acabará por perder tudo. Ou deitar tudo a perder, que será o mesmo. A ver vamos. Em baixo, nas sondagens de popularidade, e decerto pessoalmente, com a derrota, porque não deixa de o ser. 

Pedro Passos Coelho - embora esteja farta desta governação, que tira tudo a quase todos, ainda não consigo odiar o estilo do PM. Dificilmente resisto a um Leão, são coisas minhas, ainda por cima com tendência para o exótico. Quanto ao resto... Decidiu ficar, o que pode ser visto como responsabilidade ou cegueira, é só escolher, haverá uma verdade para todos. Mas penso que será difícil isto aguentar-se. Eu se fosse mulher dele, agradecia que viesse embora. Mais ou menos como o pai disse, ainda por cima a perder beleza a cada dia que passa. Como cidadã e professora, também pode ir indo. Não deixará saudades, na verdade. Piorar ou melhorar, só vendo depois.

António José Seguro - de inseguro a desejado, já que tanto à direita como à esquerda o querem para reforçar a maioria ou para a liderar. Agora é que são elas, governar não é o mesmo que dizer que se quer ou sabe como governar. Sempre estou curiosa para ver o que aí vem. Mais do mesmo, já que não saímos dos mesmos de sempre, ou soluções que realmente nos permitam não naufragar? A ser assim, até me rendia, mas até lá, e porque já lá estiveram há tão pouco tempo, também não lhe compro o discurso. Mas posso enganar-me e ele vir a ser um grande líder. Credo, não, isto soa tão mal. Um bom PM, era isso. Se isso existe, claro. Em Portugal, claro, também.

Cavaco Silva - a coisa mais fantástica que li acerca dele, porque gostei de tantas que li, foi a satisfação pelo cheiro a napalm quando largou a bomba (in "Delito de Opinião"). Na verdade, partiu tudo e baralhou mais ainda. Para quem vivia e vive em silêncios e recolhia críticas por tanta passividade, mostrou-se surpreendente. E, pior, contraditório, porque aceitava que se fizesse trinta por uma linha aos portugueses mas não aceita a remodelação, da sua área política, que nasceu de um capricho, pensará ele. A aparência cinzenta e rígida revela mesmo um caráter pouco dado a flexibilidades, boas ou más. Eleições presidenciais, quando são?

julho 16, 2013

Globalização

Prefiro saber as novidades do casamento Brangelina, a havê-las, do que qualquer novidade do mesmo tipo acerca de qualquer vizinho. A vida pessoal, afetiva, amorosa, familiar de gente como os de cima, aqui em baixo, interessa-me sempre mais do que a cusquice local sobre quem mora na casa ao virar da esquina.

julho 15, 2013

Só e bem acompanhada


Pode ser que não seja a primeira vez que aflore aqui isto. Mas, por causa da conversa de hoje ao almoço, mais uma, e mais uma que me faz escrever uma coisita ou outra, cá fica.
Há gente que não consegue estar sozinha, precisa de companhia permanentemente, seja para estar em casa, para praticar desporto, para ir às compras, para ir ao restaurante ou ao cinema, para tudo. Independentemente do facto de viverem com alguém ou não, não é esse o cerne da questão. É mesmo uma grande necessidade de terem outros ao pé para conversar a tempo inteiro, para as ouvirem, para sei lá o que for mais. Eu cá, e pelos vistos mais duas colegas, pelo menos, gosto muito da minha companhia. Gosto, pronto. Renova-me as energias ao mais alto grau passar bocados de tempo só comigo mesma. Cinema, compras, restaurante, café, caminhada, e mais. Aprecio o meu silêncio e a minha independência, a ausência de compromissos e de horas marcadas, a não existência de conversas sobre tudo e sobre nada, a paz que é fazer as coisas simples de que gosto, que podem até não ser coisíssima nenhuma, a liberdade de ir e vir, ou apenas de estar e ser. Sou sociável e comunicativa mas preciso destes espaços para me equilibrar. E cultivo-os.
Há, está visto, indivíduos que são autênticos animais sociais, quer dizer, não vivem sem companhia, festas, saídas, divertimento, tudo deste género. Mesmo que depois não façam a menor diferença quando saem, que não acrescentem nada, que não sejam necessariamente mais felizes por causa disso, se formos à essência da coisa. Sou sociável, repito, mas não sou um animal social. Gosto de sair e de estar em casa, gosto de algum divertimento e companhia, boa, mas também do recolhimento, do riso mas da reflexão, e gosto principalmente de, quando saio, fazer a diferença, acrescentar alguma coisa. Estar para ali a fingir que gosto e que me divirto é que não. Passei a idade dos fretes. Para sair e ser feliz na diversão é preciso uma boa dose de energia e quando a não tenho gosto de ficar sozinha e ir buscá-la de novo. Não sou fã das donices de casa (grande amiga Adília, a expressão é tua), a tempo inteiro e por obrigação. Mas gosto de casa para recarregar as baterias, e gosto de estar sozinha em casa para isso mesmo. E sozinha, muitas vezes fora, por isso também. Ou algo mais, é possível.
Não preciso de estar sempre acompanhada, é um facto. Gosto da minha companhia, mais uma vez. E quem fala a verdade não merece castigo.

julho 14, 2013

Beijar Damasco



Nunca estive na Síria, embora tenha mantido desde sempre um fascínio considerável por este mosaico de culturas variado e relativamente bem sucedido - diga-se assim en passant - desde há bastante tempo. Não sendo uma conhecedora do país, só o nome da capital, alimentado por séries e filmes de inspiração bíblica, me fazia logo pensar em história e histórias marcadas no tempo, de tal forma que cheguei a batizar o meu primeiro carro, um clio verde, de "damasco". Explicando. Com a grande mania da geografia, quando olho para uma matrícula associo automaticamente um lugar, uma cidade, um país. O meu carrinho tinha DS e eu só me lembrava do nome da capital síria, ainda por cima em inglês, Damascus, indiscutivelmente para mim mais sonante ainda, pois que cinematográfico. Muitos filmes, sei, muita sede de viagens e outras paragens, mas na verdade esta cidade, sem nunca a ter conhecido, fez uma certa parte de mim durante uns tempos. Daí que ver hoje em dia a destruição de Damasco - e não só - por guerras fraticidas que não mais revelam do que a sede de poder e de manutenção dos privilégios e do status quo, mal ou bem, positiva ou negativamente, não me deixa nada indiferente, de longe. Ainda que de longe fisicamente. Custa-me ver uma cidade e um país que sempre desejei visitar - porque só conhecer permite aprender - em escombros. Esta foto circulava hoje na página da Obvious. É a projeção virtual, por parte de um artista sírio, do quadro de Klimt que todos conhecemos, no que resta da fachada de prédios bombardeados. É, numa palavra, brutal. E altamente significativa, pelas razões que não deviam ser. Eu sempre quis beijar Damasco, quer dizer, dizer olá, cumprimentar, apreciar e despedir-me ao vir embora. Não sei quando será possível fazê-lo, porque a tragédia sobrepõe-se à razoabilidade, a destruição à sensatez, a morte à vida. Até quando fica adiado o meu beijo? E, pior, até quando ficam adiados o amor e a paz de quem lá vive e por isso morre? Para quando, e até quando serão impedidos, os beijos naturais e desejáveis em Damasco?

O que dizem os teus óculos?


Há mulheres assim muito fúteis, muito, vazias, daquele género que não percebo como é que os homens têm paciência para aturar aquilo, o fashionismo e a ausência de cérebro. E depois há homens muito seca, sim, assim mesmo, desinteressantíssimos, tanto psicológica como até fisicamente, frequentemente acompanhados de belas vistosas. Mas depois do espanto vem a revelação. Enquanto as primeiras têm quase sempre um palminho de cara, os segundos apresentam quase sempre a carteira recheada. E mais. Muitas vezes, cruzam-se estes dois grupos, não repararam? As primeiras apreciam e necessitam da carteira, os segundos não teriam arcabouço para ter um cérebro em casa. No fundo, tudo se resume a uma questão de óculos -  para alimentar a feira das vaidades de uns e outros, lá em cima. Ou, até, o facto de eu precisar de óculos, caso não esteja a ver bem as coisas. 

julho 13, 2013

Um pequeno discurso para o mundo, um grande salto para a educação

                         

"Um aluno, um professor, uma caneta e um livro podem mudar o mundo."
Malala Yousafzai

Esta frase está a correr mundo. Não é todos os dias que uma miúda de 16 anos, ainda por cima oriunda de um país que ninguém quer, discursa na ONU, diz uma frase tão simples e tão total, e mostra uma capacidade de resistência verdadeiramente tocante. Os meus olhos não ficaram iguais enquanto a via e ouvia. Por ser mulher, por ser mãe e por ser professora, as palavras tiveram um triplo efeito. Porque representam o direito à igualdade dos géneros, porque representam o direito das crianças e jovens à educação e porque é raro ver, nestas bandas onde vivemos, dar-se valor a uma coisa tão elementar e ao mesmo tempo tão vilipendiada, como se nada fosse quando pode significar tanto ou tudo.
A educação pode mudar o mundo, à semelhança do que diziam e dizem Luther King, Mandela e outros que, saídos de circunstâncias e meios desfavoráveis, sabem o que pode trazer o conhecimento que a escola, ainda e sempre, traz e promove. Ontem e hoje, proliferam na internet e nas redes sociais as palavras de Malala, na sua maior parte por professores, daí que não escapando à regra, aqui faço o mesmo. Mas o mais importante não será que os professores as leiam ou ouçam, o mais importante é que os alunos nas nossas sociedades que tudo oferecem delas tomem conhecimento. Os alunos e os outros, aqueles que não gostam da escola nem dos educadores/professores, que sabem ao menos ler e escrever para mexer num computador e navegar na internet, e continuam a destilar ódio e ingratidão aos docentes que os levaram indiscutivelmente ao uso dessas competências.
Aqui, onde todos têm tudo garantido e fraca memória exibem, aqui também importa que as palavras de Malala ecoem na visão da escola. Se no Paquistão, a misoginia castradora e o medievalismo ignorante são inqualificáveis,  aqui são-no a mediocridade de tantos, a deturpação e o esquecimento, a falta de vergonha e a falácia, o facilitismo e o ressabiamento. Alunos, leiam ou escutem a frase acima. Vejam como têm sorte em poder frequentar a escola, vejam como o mundo pode mudar - e o vosso mundo em particular, também - ao fazerem uso de uma caneta e folhearem um livro. Vejam o privilégio que é poder ter acesso à educação, em contraste com outras partes do globo em que se pode morrer por querer aprender. Vejam que estás nas vossas mãos - e não na de outros - construir o vosso futuro pela aprendizagem e pelo brio e gosto em fazê-lo, em poder fazê-lo.
Finalmente, aos alunos medíocres, ou, melhor, com percursos escolares medíocres e desafiadores - que se tornaram quase sempre depois em adultos ressabiados e odientos em  relação à escola, a esses adultos, não esqueçam que alguém vos ensinou a usar uma caneta, que alguém vos ensinou a pegar num livro, que alguém vos deu a possibilidade de mudar o mundo. Parece-vos lírico? Olhem que não, dos fracos em qualquer matéria não reza a história. A matéria que faz isto tudo andar, leia-se. Inspirem-se, alunos, bons e, especialmente, maus, e pessoas adultas, simultaneamente esquecidas e maledicentes. Inspiremo-nos, todos. Não há mudanças no mundo sem educação. E não há educação sem alunos. E,  lá terão de admitir, sem professores. E sem a consciência de todos, mas de todos, de como isto é uma absoluta verdade.

julho 11, 2013

A condição feminina



Não escapo. Não são sapatos, não são diamantes, nem sequer são caros, mas enfeitam. E brilham. 

julho 10, 2013

Ficar, ir e ... voltar


Não vou, porque não quero, não me apetece, não sei - quantas opiniões muito mais sábias li, contraditórias e lógicas, sobre o assunto, que mostraram ângulos interessantes, divergentes, mas passíveis de terem todas ou quase todas um fundinho de verdade - não vou nem quero, dizia, debruçar-me sobre os acontecimentos da semana passada no seio da coligação que está no governo. 
Mas a saída de Portas - fugaz - e a permanência de Passos servem um outro propósito que me interessa mais. O seguinte: sair ou permanecer. De um governo, de uma chefia, de um projeto, de uma parceria, de um compromisso, de uma situação qualquer, quotidiana, familiar, profissional, de qualquer coisa que implique ficar ou abandonar.
Na verdade, isto pode ser visto de duas maneiras. Ficar significará quase sempre responsabilidade e abandonar o contrário. Conhecemos os epítetos que se atribuem a quem sai borda fora de forma voluntária. No entanto, e de um outro ponto de vista, ficar poderá significar sofrer e abandonar poderá ser sinónimo de sobrevivência. Esqueçamos a política e os nomes de sempre. Este post não servirá para desculpabilizar ninguém nem o seu contrário. Entremos numa outra esfera. Não a da opinião, mas a outra, a mais reflexiva, a que dói sempre um pouquinho mais. Pensemos em nós, em todos, numa situação em que já não queremos estar.  É legítimo que possamos deixá-la para trás, cortar com o que era ou foi, e encetar uma nova via, seja a que nível for. Não é condenável que o façamos, sobretudo se nos faz mal. Sobreviver ainda é uma razão pela qual se vive, afinal. Penso em mim. Se não estou bem, se algo ou alguém me faz mal, se me afunda de alguma forma, há que ir. Serei acusada de irresponsável, em alguma circunstância ou outra, mas é-me crucial que o faça. Tenho o direito - e este eu é nós e vós - de querer algo novo e diferente para mim. 
De forma oposta, permanecer traduz frequentemente coragem, resistência, responsabilidade. Sobretudo quando a questão do compromisso é imperativa. Ficar pode significar mais sofrimento, dizia acima. Os fortes enfrentam, os fracos fogem, costuma pensar-se. Mas curiosamente ficar também pode trazer sinais de cegueira - perante constatações óbvias -,  de obstinação - não me parece que esticar para além do desejável seja desejável -, de incapacidade em deixar fluir o natural que há nas coisas e nos acontecimentos, de controlo de algo que ainda se quer controlar a todo o custo. É legítimo, claro, que quem permanece queira ainda resolver. Que acredite, a ser genuíno, que ainda é possível resolver.
Baralhados? Talvez, mas sempre se pode escolher um caminho. Quando ele não escolhe por nós. Talvez se possa dar uma ajudinha final. Aqui vai. O ideal é ficar até cumprir, até resolver, até ser possível algum tipo de entendimento, que satisfaça toda a a gente e favoreça as condições presentes - e as futuras-, sejam elas de qualquer tipo. O ideal é fazer o possível. O mais que possível. Se já se tornar impossível, parta-se. O tempo tudo sanará, em princípio. E voltar atrás? Bem, esta é outra questão. Fica para um próximo post. Neste momento, não me é possível ficar. Tenho de ir.

julho 09, 2013

De presidente para filho


Acabadinho de sair do FB. Posto isto, temos de começar a olhar para as nossas relações de outro modo... não dar as coisas como certas. Está visto - escutado, ouvido - que nunca se sabe. 

julho 08, 2013

A quente e, espera-se, a frio

Demasiado calor para pensar e sobretudo para pensar bem, ou menos mal. Mas ainda assim, e a frio tanto quanto (me) é possível, cá ficam as impressões que iam faltando.


1. Há tempos, a notícia de que poderá, a ser feita a vontade de alguns, proibir-se o biberão na Venezuela deixou-me perplexa. Espero não ser queimada na fogueira por causa disso, afinal o medievalismo já passou e parece existir apenas nos países muçulmanos, de acordo com muitos. Toda a favor do bem estar das crianças e bebés, toda a favor do amor incondicional por um filho, toda a favor das melhores condições de saúde, higiene e segurança - assim como as afetivas - que lhes devemos e queremos assegurar. Da mesma forma, nada contra a vontade e opção da mãe em optar pelo biberão, nada contra a não adaptação do bebé ao peito da mãe - há deles voluntariosos desde a nascença, hey?- nada contra a impossibilidade de conciliar certa medicação contra o ato de amamentar e outras razões pelas quais existem muitos por aí que não foram amamentados e, incrível, são saudáveis, felizes, de bem com a vida, etc e tal. As multinacionais lucram com este negócio. Sim, é verdade. Estas e outras. Proíbam-se então as sapatilhas nikes e outras, os cigarros, as novas tecnologias, e mais uma lista considerável de coisas que significam lucro para as grandes corporações. Por outro lado, estará em causa o bem estar e a saúde do recém-nascido. Certo mas nada me garante que uma criança sem biberão vai ser melhor criada e melhor amada do que uma com leite em pó. Que os maus tratos acabam, que o abandono termina, que os abusos e violências várias cessem. É cultural, já dizia um médico uma vez. Mas dessa forma, também são outras coisas que criticamos e que significa a perda de liberdade da mulher, seja pelo voto, pela carta de conduzir, pela mini-saia, pela presença num bar que são proibidas em partes do globo. Ou somos só medievais - desculpem - liberais para o que gostamos ou achamos importante do nosso ponto de vista? Pronto, agradecia que não me crucificassem. Século XXI e feminina q.b., é o que está e há. É que ainda por cima soou-me a totalitarismo. 

2. A situação no Egito deixa-me triste, pelo número de vítimas, pela atmosfera perigosa que se vive, pelo presente e pelo futuro. Neste, tenho tendência a acreditar. A evolução, em qualquer região do globo, muitas vezes não se faz sem ruturas extremamente dolorosas. Não fomos todos sempre evoluídos nem dignos, nem sabedores nem democratas. A história comprova isso, em cada nação, em cada região, em cada continente. Há gente hoje em dia que parece que não tem memória - ou conhecimento - das lutas e das convulsões que vivemos a ocidente para chegarmos onde chegamos. E que mesmo assim não atingimos a perfeição em variadíssimos domínios. Não é coisa que se atinja facilmente, cheira-me. Mas em tudo, entenda-se. Pessoalmente saturam-me as visões de superioridade cultural que vejo por aí. Dá-me a ideia que as pessoas pouco sabem mas tudo julgam saber. Mas sigamos. As mudanças causam frequentemente dor, e há ali um período em que se anda perdido. Individual e coletivamente. E há retrocessos, algumas vezes, mas também avanços. No Egito parece-me sinceramente que houve um golpe de estado. Um presidente eleito foi deposto por via militar ou sob ameaça militar. Ou coação, embora dê no mesmo. Agora acontece que uma democracia não se esgota nas eleições, penso. Seria fácil se assim fosse. Um presidente eleito só porque foi eleito com uma maioria - ainda por cima tangencial - não pode por-se a decretar leis que choquem violentamente com uma grande parte da população, sobretudo se isso colidir com as suas liberdades individuais. Que foi o que Morsi parece ter feito, ou ter iniciado. Daí que estamos praticamente numa situação de fifty/fifty. Isto complica os acontecimentos e não sei o que o futuro, a curto prazo trará. Não vejo as notícias desde há 2 dias. Esperemos. Não adianta é estar a olhar para o passado que foi. Interessa sim resolver o presente para construir o futuro.

julho 05, 2013

Certos e errados


Há muita gente nos lugares errados. Ou, por outras palavras, há uma grande quantidade de maus nos lugares que poderiam ser certos. Porque os bons, na maior parte das vezes, não querem o que os lugares certos - como poderiam ser - significam ou trazem. Por outro lado, isto de raramente vermos os bons nos lugares certos, só nos deixa ver tudo errado. Duvidamos que haja bons porque vemos somente os maus. Era interessante ver os bons nos lugares certos, para ver se algo sairia errado. Poucos são aqueles, ao que parece, que não se deixam deslumbrar pelo poder, pela fama, pelo dinheiro, pelo reconhecimento, pelo estatuto. Será que os bons continuariam a sê-lo? Era interessante, e penso que a resposta é sim. Os bons, a sê-lo verdadeiramente, não fariam errado. Mas o preço provavelmente seria alto, a variadíssimos níveis. E assim continuam os bons nos lugares errados e os maus nos certos. Enfim, um desacerto.

julho 04, 2013

O bocejo e o sorriso


"Inúmeros são os poemas que me reconduzem ao tédio e devolvem ao bocejo."
in Divina Comédia

Confesso que gostei de ler isto porque a partir daí sinto que não estou sozinha. Já aqui falei que não sou apreciadora de arte chata e o mesmo vai para as palavras. Entediantes, obscuras, herméticas, há delas que não me interessam, por muito cotadas que até possam ser - e são-no, muitas vezes. Confesso também que não procuro a poesia, ou melhor, que não consigo ler poesia de enfiada, mas que gosto muito que a poesia venha até mim. Coisas. Se a ler de cabo a rabo, não vou recordá-la. Se ela vier a propósito de alguma coisa, e sobretudo se ela me diz alguma coisa, não mais a esquecerei. Quanto a estudei, ficaram poemas e outros foram-se. Era a maturidade - ou ausência dela, era o tempo, era qualquer coisa que a fez ficar ou ir. No entanto, há poemas belíssimos. Dizem tudo, às vezes de forma tão simples, e tudo eternizam. De uma maneira geral, não vou muito por metáforas. Até a poesia, para mim, deve ser clara, límpida, até crua, sem grandes filtros. Pode haver exceções e haverá mas há muita que resulta apenas de um aglomerado de vocábulos nos quais não me revejo, belos jogos de palavras que não  me dizem muito. Ou nada me dizem, na verdade. Na arte e na poesia, os gostos não se discutem - ou discutem-se, se para ai estivermos virados. O bocejo impede-me de apreciar qualquer das duas. Confesso, pois, que não sou poética, embora uma vez me tenham dito que sim. Refutei, porque sei como não sou dada a grandes devaneios fantasiosos nem a lirismos profundos. Gosto de atlas, isto diz tudo. Ou muito. No entanto, é possível que a poesia não esteja somente nas palavras. Não estará, porque há beleza fora do pensamento.  Há beleza na vida, na natureza, nas coisas sem explicação. E isso talvez explique o que a minha colega quereria dizer. Em vez do bocejo, coloque-se um sorriso. Sim, pode ser por aí. E com sorrisos leio também os tais poemas que, felizmente, tropeçam em mim.

julho 03, 2013

Tempo a(o) tempo


Há pessoas que se detestam ao princípio e que depois, mais tarde, vêm a ser mais cúmplices e até grandes amigas. O mesmo no amor. E há pessoas que se enamoram rapidamente, amizade ou romance, e que depois virão a desentender-se, a seguir caminhos diferentes, até a detestar-se. É preciso tempo. É preciso tempo para conhecer as pessoas, é preciso tempo para encontrar afinidades, é preciso tempo para o entendimento. Ou, pelo contrário, o tempo traz divisões, causa desencantamentos, dita afastamentos. O que isto diz de nós? Muito ou pouco, segundo o tempo que demos e não devíamos ter dado, ou o tempo que não demos e devíamos ter dado. Em todo o caso, o tempo é-nos superior. Pode fomentar vontades mas também pode vir a destrui-las. E pode despertar paixões e depois apagá-las. Ou é lesto a fazer julgamentos negativos e depois é suave a surpreender-nos pela positiva. O tempo vive para além de nós, sobrevive-nos. Não o dominamos e ele pode trazer-nos a mais imprevisível das circunstâncias, a melhor ou pior das surpresas, tudo ou nada. Nem só de livre arbítrio se faz a passagem por aqui. Nem só de certezas se constrói o nosso caminho. É possível que o que foi ontem não o seja hoje e muito menos amanhã. O tempo é inevitável. Danado mas também um amigo. Corrói e cura. Junta e separa. É dar tempo ao tempo e logo se verá. 

julho 02, 2013

Terrível e possivel



Há conversas ao almoço que levantam questões pertinentes ou sobre as quais importará discorrer.  A propósito de algumas histórias com um fim imprevisível e cruel, contadas acerca de conhecidos, regista-se aqui uma conclusão.
Ainda que possamos pensar que não, qualquer um de nós pode cometer um ato tresloucado. Terrível, condenável, totalmente contrário ao bem. Se é um facto que as personalidades passionais podem mais frequentemente dar indícios disso e podem cair em atitudes irrefletidas e perigosas com maior facilidade, a verdade é que os espíritos mais racionais também podem sucumbir ao desnorte do momento, ao descontrolo do razoável, ao elogio da loucura, ao acometer do mal. E como? Ou as emoções ensombram completamente qualquer laivo de racionalidade latente ou pressão. Como pode alguém, sobretudo racional, fazer algo completamente errado, diabólico? Pressão, dizia. Qualquer pessoa sob forte pressão, continuada, insustentável, pode chegar ao pior dos atos. Não há desculpa, não é aceitável e, no entanto, pode acontecer. Os meandros da mente humana são complexos, e se há maldade que faz parte duma natureza em particular, porque não se controla nem deseja controlar, a verdade é que há irracionalidade e desvario que podem surgir de um momento, de uma fase, de um vertiginoso abismo em que se mergulhou.
Lúcidos e saudáveis, somos incapazes de incorrer num ato demente e criticamos - ou condenamos - quem o faça. E é normal que o façamos, porque indignados pela injustiça, muitas vezes, que ele acarreta. Quando doentes ou fora dos parâmetros da normalidade habitual e desejada, panelas de pressão prestes a rebentar, com mais ou menos causas para tal estado, a história pode ser outra. Terrível, inaceitável e, pior, possível. E não parece que ninguém esteja a salvo.

Metáfora

Quando se tiram os saltos é que se vê quem está à altura. Ou o que está dentro, e se é, é sempre, sempre mais relevante e verdadeiro do que qualquer acessório.