Há esta fantástica teoria sociológica que diz que a primeira impressão diz tudo sobre a natureza do indivíduo. A primeira e não a segunda. Explique-se. Na segunda impressão que obtemos de uma pessoa ela já se terá comportado de acordo com as nossas expectativas, de acordo com uma espécie de regras sociais ou outras que estiverem a contextualizar o encontro connosco. Já houve uma certa preparação, consciente ou até inconsciente. É, pois, enganadora e inverdadeira. Na primeira impressão, ou se preferir no primeiro encontro de todos, trata-se de conhecer-se desconhecidos. E, desta forma, os indivíduos são naturalmente eles, "sem ensaio", não há ainda nenhuma espécie de jogo nem de tentativa de agradar ou de desagradar, de estar de acordo ou não, de encaixar ou não por esta ou outra razão.
Então, e ainda segundo esta teoria, a qual li há vários anos e acabei por corroborar, mais tarde o comportamento desse indivíduo, e o desenvolvimento da nossa relação com ele, irá bater certo com a imagem que dele retivemos na primeira impressão, mesmo na primeiríssima. É verdade que não nos lembramos da impressão primeira que construímos em/de toda a gente, mas se nos concentrarmos podemos porventura recordar algumas. E aí vão caber as boas e as más impressões. E se fizermos um esforço ainda maior vamos provavelmente acabar por concluir que sim, que a boa veio mais tarde a confirmar-se, pela atitude e importância que a pessoa terá tido na nossa vida, ou que a má, e infelizmente, também se veio a confirmar.
Quantas pessoas deixam de fazer parte do nosso percurso por incompatibilidades de carácter, de postura e de acções? Tentemos pensar em algumas delas. Não será que o primeiríssimo encontro nos revelou uma natureza que não nos agradou? Qualquer coisa que observámos e de que não gostámos? Uma leve, ligeira falha de personalidade? Dir-se-ia que sim. Não, não é uma teoria sem sentido. É, pelo contrário, extraordinária e ajuda a entender porque muitos relacionamentos ou relações funcionam e outras não. Agora para entendê-la e quiçá corroborá-la é preciso estar aberto a caminhos que nos levam ao conhecimento da natureza humana.
Lembro-me de muitas primeiras impressões. Boas e más. E na maior parte dos casos que recordo, vieram de facto a confirmar-se os receios ou entusiamos iniciais. Não acredita? Experimente. E, claro está, desejo que o encontro número um, que não tem necessariamente que passar pela conversa, lhe tenha deixado marca positiva. Significará que encontrou mais uma pessoa que decididamente vale a pena.