Hoje de manhã, enquanto tomava um café, peguei num jornal nacional diário, o que não acontece com frequência, até porque a esta hora costumo estar nas aulas e não tenho acesso a jornais deste tipo. Isto leva-me a escrever sobre dois aspetos. O primeiro é que ler "no papel" é um prazer tão infinitamente maior do que ler online. Até porque a qualidade dos jornais escritos, físicos, é completamente outra. Pude ler, entre outros artigos e notícias, uma interessante crónica de Baptista Bastos, por exemplo. O autor falava do caráter dos homens, assente em qualquer coisa como o estado sólido, gasoso e líquido. A abordagem era essencialmente política e social, e não pretendia, à partida, distinguir os géneros. Mas fiquei eu depois a pensar se nas mulheres também é observável esta circunstância - a de que há cada vez menos mulheres sólidas e do que esse estado significa - e os outros - no sexo feminino. Mas adiante.
Nas escolas, quando comecei a dar aulas, havia nos intervalos oportunidades de termos excelentes conversas, havia um jornal sempre sobre a mesa central na sala de professores e havia também um televisor. Penso que os jornais ainda se manterão na maior parte das escolas mas a televisão desapareceu. Os intervalos são de 5 minutos e é o tempo que levamos a sair de uma sala e a entrar noutra. A tertúlia que encontrei e que me elevava nos princípios da profissão desapareceu completamente. As pessoas entram e saem apressadas da sala de professores, vão tirar fotocópias, imprimem documentos e tentam dar conta das imensas papeladas de que o ensino se reveste atualmente. Por outro lado fala-se muito e mais dos alunos e menos de outras coisas que ficam fora da esfera escolar. Deste modo, tornaram-se locais desinteressantes, sem espaço para falar e abordar outras temáticas que também nos enriqueceriam e que fazem parte do mundo que nos rodeia. As escolas são lugares pequeninos, com conversas pequeninas e visão pequenina. Nem interessa de quem é a culpa - poderia dar-se algumas explicações -, está-se assim e pronto. A ausência de televisão é uma coisa que não percebo. Deve ser porque não nos podemos distrair da missão nem um bocadinho. Nem que isso signifique estar alheado do mundo, claro. O mundo está cada vez mais pequeno dentro da sala de professores. Claro que ninguém tem tempo para estar sentado a ver televisão numa manhã ou tarde cheia de aulas e outros afazeres mas o que é um facto é que estava, dantes, lá e por causa das notícias ou o que fosse as pessoas conversavam e trocavam ideias sobre algo mais do que os problemas disciplinares, testes e outros parecidos. Os professores falam demasiado em talk shop. O assunto escola domina sempre os espaços, mesmo quando vamos almoçar. Satura e cansa-nos mais do que possamos imaginar.
E pronto, foi a reflexãozinha de hoje. O papel continua a ser precioso e a leitura dessa forma é inigualável. Não há modernidade virtual que o ultrapasse. E as escolas já não são o que eram - à força de concessões a não sei bem o quê. Ou sei. Uma excelente quarta-feira.
Se existissem muitos jornalistas como Baptista Bastos a escrever nos jornais(em papel)seria capaz de retomar o hábito.
ResponderEliminarMas como o que por aí se vê são escrevinhadores "simpatizantes" de jornalismo, não me sinto motivado.
Abraço
Também continuo a preferir o papel, é diferente. Assino a Visão (passe a publicidade) e não consigo ler um livro online!
ResponderEliminarE acho que continua a haver excelentes jornalistas, temos é de os saber distinguir.
Quanto às escolas, concordo plenamente com o que dizes. Dantes, havia mais escola, mais aprendizagem, mais disciplina. Era um espaço onde nos sentiamos bem e tinhamos tempo para fazer coisas giras com os alunos. Agora, nem há televisão, nem jornais, nem máquina de café, nem vontade!
(Credo, pareço uma velhota a falar!)
Acho triste que a escola não seja mais um lugar de encontro e troca de ideias, onde se possa discutir temas interessantes (extra-escolares) ou conversar descontraidamente com os colegas. Não há tempo! Andam todos a correr atrás dos objetivos, da missão a cumprir (imposta), da papelada que escraviza... Triste cenário!
ResponderEliminarNa semana passada, vi na CNN uma notícia sobre uma universidade nos Emirados Árabes Unidos (acho) muito à frente no seu tempo por ser "paperless". Não se usam livros, apenas ipads. Achei a universidade moderníssima, mas logo fiquei confusa. Sempre associei o conhecimento, o estudo e a leitura aos livros. O que seria de nós sem os livros, as revistas e os jornais? Marla
Marla - Gosto do conceito paperless mas não bookless:)
ResponderEliminarTeresa - livros online? No way! :)
jrd, prefiro o papel e há vários artigos que valem a pena, é preciso é encontrá-los::)) Nem sempre o faço, é verdade :(