Ao ler este texto da Carla, também me assaltou a vontade de discorrer sobre o mesmo assunto. De como raciocínio e sensação devem co-habitar, criando-se equilíbrios que nos enriquecem e nos fazem mais completos.
Há indivíduos em que, claramente, prevalece a razão sobre a emoção. Têm, pois, uma grande necessidade de racionalizar as coisas, analisando-as, tentando encontrar explicações, levantando questões, dissecando-as, bem ou mal, não importa, e fazendo dessa prática a componente básica da sua existência. Neste sentido, não criam momentos de puro relaxamento, em que pensar e raciocinar tenham direito a uma pausa. Têm, pois, imensas dificuldades em descontrair-se, em deixar ir, em deixar fluir, exercendo uma espécie de controlo sobre tudo o que existe, sobretudo um controlo exagerado sobre eles mesmos. Conheci algumas pessoas assim, em que falar, discutir, bradar, indignar-se, concluir vinha sempre primeiro - ou substituía completamente - qualquer tipo de sensação mais livre. Há uns largos anos atrás, combinei andar de bicicleta com uma colega. Não voltei a repeti-lo. Apesar de ser uma pessoa com caraterísticas positivas, claro, a experiência sensorial que para mim deve ser o contacto com a natureza, o ar livre, o físico, saldou-se por um rotundo fracasso. Falou, intelectualizou e analisou o tempo todo, sentindo-me eu esgotada depois das pedaladas, não com estas, mas com tanta vertente cerebral quando o que queria era criar um momento de natural relaxamento. Trata-se de um pequeno exemplo, e vale o que vale. Mas, desta forma, concluo que não podia viver - sem a sensação, a emoção, as gargalhadas, o silêncio, a natureza, os prazeres, o que seja que me faz apenas sentir e usufruir.
Por outro lado, encontraremos indivíduos que são o oposto. Que apresentam grandes dificuldades em pensar, analisar, refletir sobre as coisas, deles e dos outros. Prevalece o sentimento, a emoção sobre qualquer tipo de razão. Reagem à base de sensações e pulsões primárias, com tudo o que a ausência de pensamento implica, na tomada de decisões, na análise de um problema, no diálogo que tantas vezes é preciso, nas atitudes que tomam e no curso de vida que acabam por trilhar. Extremamente emotivos, por vezes sentimentais demais, magoam-se e magoam, não pela frieza dos cerebrais, mas pela avalanche de emoções, frequentemente baralhadas, desarrumadas em que vivem. É-lhes difícil esfriar certos acontecimentos, palavras e gestos, numa espécie de turbilhão irracional que os arrasta e desgasta. Como viver a sentir o tempo todo? Como não teorizar e refletir? Como não aprender e reaprender?
Posto isto, a Carla tem razão. Somos feitos - será bom que sejamos feitos - destas duas complementares componentes. O equilíbrio, nosso e dos que nos rodeiam, será bem maior se conseguirmos estabelecer uma união entre as duas, que resulte, umas vezes cometendo erros, outras alcançando sucessos. Não nos dará a chave da felicidade total, nem esta existirá. Mas dará para nos aguentarmos, pensando quando há que pensar e sentindo o que há para sentir. Q.b. Ou não?
:):) O equilíbrio, sim, será a chave. Consegui-lo, o segredo, perdido onde nunca o encontraremos. Ou será que sim???
ResponderEliminarCarla, acredita que a maior parte de nós tem este equilíbrio como base de vida, embora desiquilibrando-nos por vezes - demasiado racionais quando a situação pedia mais emoção ou vice-versa. :) Somamos sucessos e fracassos por causa disso. Estas 2 descrições são casos extremados, em que há uma clara prevalência de um sobre o outro, com as implicâncias que observei e observo. Mas sou apenas uma curiosa pela natureza humana, não uma estudiosa nem expert. ::))
ResponderEliminarMuito interessante! Para mim, o equilíbrio em tudo é a chave para ser feliz, ter sucesso,... Mas equilibrar nem sempre é fácil! Porque somos humanos e, como dizes, por vezes, sobrepõe-se a razão e outras a emoção. Marla
ResponderEliminarSem dúvida, Marla - e não há mal nisso, é assim que vamos indo.:) O que descrevo aqui é um extremo, um excesso de:)
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