outubro 22, 2012

Quando o rei faz anos?



Gosto do otimismo, do otimismo-esperança, do acreditar no futuro. Não gosto do otimismo-cegueira, do ignorar os obstáculos. Gosto de reflexões sobre o positivismo, se bem feitas, sólidas e convincentes. Não gosto de frases feitas, à pressão, que proliferam nas redes sociais e outros. Que procuram sempre dizer coisas otimistas, do género faz isto para seres feliz. Atentem nesta : "vive cada dia como se fosse o teu aniversário". Estava em inglês e pus-me a pensar. Credo. Imagine-se o que seria viver todos os dias como se do meu aniversário se tratasse. Não aguentaria de tanta emoção e mimo.
Se há festas de que goste realmente, são as de aniversário. São exclusivas e vejo sempre os dias de anos - o meu dia de anos - como um dia diferente. Já foi mais assim mas ainda o é. Adoro os telefonemas, os votos via FB, as sms, os beijinhos, os parabéns recebidos fisica ou virtualmente, as atenções sorridentes e afáveis de familiares, amigos, colegas, alunos (se por acaso souberem, o que é raro) e conhecidos. Mas é, assim sendo, uma tremenda canseira. Todas estas mostras de carinho e amizade deixam-me sem fôlego, adoro-as e quero-as mas não as sustentaria numa base diária. Não faria mais nada - seria uma mimada ociosa entre prendas e confortos e ao mesmo tempo chegaria esgotada ao fim do dia de tanta emoção.  Até porque há dias em que gosto de estar sozinha. Com tudo o que isso implica.
Por outro lado, há quem não ligue a mínima ao seu dia de anos. Um dia perfeitamente normal, que não lembrariam se não houvesse alguém a recordar-lhes e que não festejariam não houvesse alguém a surpreendê-los. Ora isto não seria, também, sustentável numa base diária. Não haver picos de entusiasmo nem uma emoção especial, passando pela existência e pelos acontecimentos sem margem para a alegria, a festa, a celebração da vida. Uma passagem monótona, modesta demais, pouco dada a momentos especiais. Provavelmente muita racionalidade e pouca sensação. Longe da matéria de que devem ser feitos muitos dias.
Por todas estas razões, que afinal são só duas, não podemos viver cada dia como se do nosso aniversário se tratasse. Porventura achará o leitor este texto completamente inútil, descabido, nonsense e sem interesse absolutamente nenhum. Tem toda a razão. É isso tudo. Exatamente como a frase, pois claro.

5 comentários:

  1. No dia em que o rei faz anos, a melhor prenda que lhe podemos dar é implantar uma república.
    :)

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  2. Vinha deixar um pequeno comentário, dizer que também sou adepta do otimismo-esperança, dizer que gosto do texto e concordar também no que diz respeito a frases feitas, tão cansativas...mas nem vou dizer nada, que tenho mais que fazer! Fazer o quê? Ora essa, festejar o meu aniversário pois então! :P beijinhos!

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  3. jrd - :) E festejar com uma fatia de bolo :)

    Regina - Fazes muito bem :) A rainha (regina) também faz anos :):)

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  4. O que não falta por aí é uma abundância de frases feitas. Algumas já não me dizem nada, passam-me completamente ao lado!
    A ideia de festejar o aniversário todos os dias fez-me de imediato recordar uma obra da literatura alemã que li nos tempos da faculdade onde uma senhora perde a sanidade mental e força a família a festejar o natal todos os dias. Que pesadelo !Acho que seria bem pior do que o aniversário! No meu caso, seria a mesma coisa. Marla

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  5. Ah, Marla, que engraçado!!! Que comentário mais interessante - e é mesmo, o menino Jesus roubou-te o protagonismo:) (Como tu dizes) Bjs e espero ver-te em breve *

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